O maior algoz do Real Madrid tem um nome: Barcelona

A indiscutível hegemonia culé no El Clasico

O dia era 02 de maio de 2009. Real Madrid e Barcelona disputavam mais um título espanhol. À época, o time da capital castelhana tinha 31 títulos ligueiros, contra 18 de seu maior rival. O palco estava montado para mais um El Classico, a ser realizado no Santiago Bernabeu. Na tabela, os blaugranas lideravam o campeonato por dois pontos, 80 a 78, faltando cinco jogos para o fim. Minutos antes do início da partida, quem estava ali presente não fazia ideia do festival culé que estaria para acontecer, nem da representatividade que ele teria até hoje.

O que ocorreu depois, creio que todos sabemos. O estopim do Barcelona de Pep Guardiola, Messi, Xavi e Iniesta. Talvez a derrota mais dolorosa da história tão gloriosa de Los Blancos. O recital mais belo de uma história tão grande deste clássico. Um 6 a 2 barcelonista que ecoará pela eternidade, que sempre será lembrado por ambas as torcidas. Aquele dia não marcou simplesmente o término de um campeonato, nem mesmo foi um resultado isolado, marcou o início de uma hegemonia que os madridistas lutam para acabar.

puyol vs real madrid
Foto de Puyol beijando a braçadeira catalã no 2-6 foi uma das mais marcantes daquele dia. Foto: FCB Divulgação.

No ano seguinte, já com Mourinho como treinador, viu uma outra derrota acachapante, um 5 a 0, no Camp Nou, com direito a uma foto icônica de Pique, com a mão aberta apontando para a torcida, a famosa “la manita”. Em 2011, o Real viu os culés novamente passearem por eles, em pleno Bernabeu, ao chutá-los da Champions League. Jogo aquele em que Messi, pegando a bola no meio de campo, driblou “o time todo” e tocou na saída de Casillas. Em meio a uma maratona de clássicos, o Real ainda conseguiu uma vitória na final da Copa do Rei, impedindo um segundo triplete catalão em três anos. Na Era Guardiola, em 15 clássicos disputados, foram 9 vitórias culé, 4 empates e 2 vitórias Blancas.

Temporadas de sossego, em meio à hegemonia culé

Após a saída de Pep, ao fim da temporada 11/12, o Real conseguiu dar uma equilibrada e teve até uma leve superioridade nos confrontos até o fim da temporada 14/15. No período, o clube madrilenho conseguiu levantar uma supercopa e uma Copa em cima de seus rivais, além de terem vencido 5 dos 11 duelos, contra 4 vitórias catalãs e 2 empates. Apesar disso, teve o gosto amargo de ver Lionel Messi marcar um hat-trick em pleno Bernabeu, que na época já começava a “mudar de nome”, em um revés de 4 a 3.

Barcelona
Messi, recriando a comemoração de seu primeiro hat-trick no Real, ao beijar o escudo do clube. Foto: Getty

Mesmo brilhando na Europa, Real tinha seu calcário em casa

Então, a hegemonia foi tomando uma forma ainda maior e se concretizou. Apesar de emplacar uma Champions League atrás da outra, e tendo um sucesso europeu não visto em muito tempo, o Real Madrid ainda tinha uma pedra no calcanhar. Tinha se tornado freguês de seu maior rival. Além do mais, o Barcelona se apropriou do Bernabeu, onde ganha há 4 confrontos ligueiros consecutivos, algo inédito na história do clássico. Na temporada 15/16, enfiou uma nova goleada na casa madridista, com um acachapante 4 a 0, em uma das melhores atuações da carreira de Andrés Iniesta, que fora aplaudido em pé pelos 80 mil torcedores presentes.

Na partida do returno daquela temporada foi quando o Real conseguiu bater o Barça pela última vez na liga, quando derrotou os catalães por 2 a 1, no Camp Nou. Em 16/17, talvez tenha vindo a derrota mais dolorida deste período atual. Liderando a liga por três pontos, além de ter um jogo a menos, Madri viu Lionel Messi novamente derrubá-los em pleno “Bernaleo”, com um gol nos acréscimos, para decretar o 3 a 2, e seu 500º gol pelo Barça. Derrota tão dolorida essa, que mesmo tendo ganho a liga naquele ano, os torcedores madridistas possuem pesadelos daquele dia.

Barcelona
A imagem que correu o mundo no 500º gol de Messi pelo Barça. Foto: EPA

Talvez, o melhor momento Blanco deste período foi na Supercopa da temporada seguinte. Com duas vitórias indiscutíveis contra um Barcelona que via Valverde iniciar seu trabalho, o Real ganhou sem dificuldades o troféu. Entretanto, desde então, o clube da capital não sabe mais o que é vencer seu rival. Disputadas sete partidas, os catalães venceram quatro e tiveram outros três empates. Em meio a isso, veio outra goleada inesquecível contra o time comandado à época por Lopetegui. Um 5 a 1, no Camp Nou, com direito a um hat-trick de Luis Suárez, e sem Lionel Messi. Além da humilhação em campo, que resultaria na queda do treinador, os madrilenhos tiveram ainda que engolir a repetição do gesto de Piqué com “la manita”.

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Pique provocando o rival após o quinto gol marcado no duelo em 2018. Foto: Alex García.

Barcelona colhendo frutos desta hegemonia

Hoje, 11 anos após aquele inesquecível 02 de maio, nacionalmente, a diferença de títulos caiu em um ritmo jamais visto. O Real, que conquistou somente dois campeonatos espanhóis no período, viu sua vantagem que era de 13 cair para apenas 7, podendo cair mais uma esse ano. O clube catalão conquistou incríveis 8 ligas em 11 anos (a restante no período foi erguida pelo Atleti), e caminha para levantar a nona em 12 anos. Além disso, o Barcelona conquistou 6 copas, contra apenas 2 do Real.

O que pesa em favor dos madridistas, é a vantagem em Liga dos Campeões, tendo ganho 4, contra 3 títulos culé no período. Além disso, o clube da capital disparou como maior campeão europeu, chegando a 13, contra apenas 5 de seu rival, que amargurou duras eliminações nas últimas temporadas.

Equipes chegam para o Clássico em meio a incertezas

Para o confronto deste domingo, as equipes chegam em momento delicado. Nenhum dos dois estão em boa fase, por assim dizer, o Barcelona conta com inúmeras crises internas, que já é de conhecimento de todos, enquanto o Real demonstra uma queda de rendimento incrível. Com três jogos sem ganhar, sendo duas derrotas e um empate, incluindo a derrota para o Manchester City, de Pep Guardiola, no meio da semana pela Champions, o time mandante deste duelo precisa buscar todas as suas forças caso queira bater seu maior e quebrar o tabu de quase cinco anos pelo campeonato.

de bruyne vs real
De Bruyne foi o grande nome de mais um recital guardiolista no Bernabeu. Foto: Getty

Enquanto isso, o Barcelona busca se apoiar na genialidade de seu maior jogador, como sempre, para buscar a quinta vitória consecutiva no Bernabeu, algo que provavelmente não será visto novamente tão cedo. Messi, que é o maior artilheiro da história do clássico, espera voltar a marcar no duelo, já que não anota gols contra o Real desde a temporada 17/18, quando anotou um no empate em 2 a 2. Caso ganhe, o Barça abrirá cinco pontos do rival e terá, enfim, um sossego na liderança do campeonato, além de aumentar mais ainda a freguesia.

Números do Clássico

– 243 jogos no total, com 96 vitórias do Barcelona, 96 vitórias do Real e 52 empates

– 179 jogos na liga, com 72 vitórias para cada e 35 empates

– Madridistas possuem 403 gols contra 399 do time culé

– Barça possui invencibilidade de 7 jogos, estando a uma partida de empatar o recorde do confronto, que pertence ao Real (8 jogos entre 2001 e 2003)

– Primeiro duelo ocorreu em 13 de maio de 1902, pela antiga Copa de la Coronación, com vitória barcelonista por 3 a 1

– Sérgio Ramos é o jogador com maior número de clássicos (43), seguido de Messi, Xavi, Gento e Manolo Sanchís (42)

– Messi é o artilheiro do duelo com 26 gols, além de maior assistente (14)

 

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Jorge Ribeiro

Futuro jornalista. Esportes Mais é o poder.

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