O dia em que demos a segunda volta no Maracanã: por um torcedor

13 de dezembro de 2017, um dia inesquecível para mim e para meus amigos; o grande dia que todos diablos sonhavam: repetir a volta no Maracanã como em 1995

“Que alegria que alegria ole ole ola vamos Rojo todavía que esta es para ganar. Con esta hinchada loca te sigue a donde va. Vamos vamos los rojos, vamos vamos a ganar, porque tenemos aguante aguante de verdad, vamos a dar la vuelta en el Maracaná”. Essa música não sai da minha cabeça desde a última quarta-feira (13), desde aquele dia não consigo conter a alegria de ter visto meu time campeão no templo do futebol mundial. Não é nada fácil torcer para um clube à distância, ainda mais quando se trata de torcer para um clube argentino no Brasil. E eu como fanático pelo Independiente não poderia deixar de ir ao Rio de Janeiro para ver a final daquela Copa Sul-Americana. É essa história que contarei a vocês.

 

O ingresso

Comprei a passagem para o Rio de Janeiro aproximadamente uma semana antes da partida, moro em Belo Horizonte, passagem barata e viagem rápida. No entanto houveram alguns poréns entre a data de compra da passagem e a data em que eu embarquei para o Rio. O primeiro deles foi a venda de ingressos. De forma muito mal organizada, as entradas só foram vendidas em Avellaneda, apenas 4.000 entradas para a torcida do Independiente. No Rio me hospedei com 4 amigos, apenas um deles saiu de sua casa com entradas em mãos. Eu até cheguei a dizer que não viajaria mais, 3 horas antes do meu voo sair decidi viajar, mesmo sem entrada.

Uma esperança surgiu na semana que antecedia a partida, um amigo condutor esportivo na Argentina me ofereceu para que eu eu fosse ao jogo como correspondente de sua rádio e disse que poderia levar um ajudante, infelizmente a credencial foi negada pelos organizadores do evento. Alguns dias depois ele me disse que eu poderia entrar na tribuna de imprensa que ele tinha dado um “jeitinho”, porém fui barrado pelos seguranças que faziam o controle da imprensa no Maracanã.

Calma, eu consegui entrar no estádio. Sabendo das incertezas de conseguir a credencial, eu fui atrás do ingresso no outro dia. Meus quatro amigos tinham ingressos em mão um dia antes da final, com muito custo os conseguiram. Um pouco antes da hora do almoço da quarta-feira, um dos meus amigos disse que tinha um ingresso para mim, foi uma felicidade imensa.

A prévia

No dia da partida um “banderazo rojo” em Copacabana. Muitos torcedores se encontraram no calçadão e na areia da praia para celebrar aquele momento e descontrair cantando músicas do Independiente. A torcida estava muito animada para a partida que estava por vir.

Ao Maracanã

Dias antes da partida muito se falava em violência da torcida do Flamengo, que estava revoltada com um caso de racismo de um torcedor do Independiente na partida de ida na Argentina. Um dia antes do jogo os flamenguistas fizeram uma selvageria em frente ao hotel do Rojo.  Por isso nos precavemos, fomos em uma van ao estádio, toda escura e combinamos com o motorista de nos buscar, chegamos muito cedo, antes dos portões se abrirem.

Ao chegar ao Maraca se via a alegria na face dos torcedores do Rey de Copas. Todos cantando e ansiosos por entrarem ao estádio. Quando entrei, foi lindo ver aquele gramado e aquelas cadeiras, que antes só havia visto pela TV.

A torcida e o jogo

Cantando muito antes de começar a partida e com muita alegria a torcida ficou um pouco tensa com o apito inicial do árbitro, mas sem deixar de cantar. O gol do Flamengo foi uma ducha de água fria, era felicidade pura “do lado de lá” do Maracanã. Ainda bem que o Independiente não sentiu tanto o gol e não deixou a peteca cair.

Poucos minutos depois do gol do Fla, pênalti para o Independiente, o garoto Barco para a cobrança. Alguns torcedores não conseguiam nem olhar. O menino partiu com muita confiança e guardou, nesse momento eu pensei: “somos campeões” e a tribuna roja explodia. Depois do gol de Barco o Independiente ainda teve diversas chances desperdiçadas e claramente merecia o título. Com o apito final me faltam palavras para descrever a sensação de ver o Rojo bi-campeão da Sul-Americana. Minutos depois a taça foi levantada e os jogadores deram a tão sonhada volta no Maracanã.

A saída

Ficamos mais de uma hora depois do apito final dentro do estádio comemorando. Eu realmente achei que encontraríamos um bando de flamenguistas  querendo nos matar quando saíssemos. Felizmente foi tudo tranquilo e o policiamento estava reforçado. Fomos comemorar tranquilos no apartamento que havíamos alugado.

 

Holan
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Paulo Viana

Apaixonado por futebol e RI. Torcedor do Cruzeiro, do Independiente e do Braga.

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