Um sonho de criança

 Um sonho de criança

Foto: Arquivo pessoal/Lucas Marques

Apesar das dificuldades, Lucas Marques conseguiu realizar o seu sonho e se tornou um jogador de futebol profissional, mas agora busca voos maiores na carreira

Dados da Pesquisa Nacional de Domicílios (PNAD), em 2015, que foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que com 15,3 milhões de adeptos o futebol é a principal modalidade esportiva praticada no Brasil, além de ser o primeiro esporte praticado na vida dos brasileiros em 59,8% dos casos, bem superior ao voleibol com 9,7%, segundo colocado na pesquisa.

A paixão pelo futebol corre nas veias desde os primeiros chutes na bola de plástico pelo quintal das casas. Quem nunca imaginou ser um camisa 10 da Seleção Brasileira e fazer um gol no último minuto da Copa do Mundo? Que tal na final de uma Champions League com a camisa do Barcelona, Real Madrid, ou até mesmo na Libertadores jogando em uma Bombonera lotada? O futebol nos faz sonhar desde pequeno, e com Lucas Marques não foi diferente.

Natural de São José dos Pinhais, na região Metropolitana de Curitiba, o hoje lateral-direito de 21 anos teve uma infância como da maioria dos garotos.

É o sonho das maiorias das crianças no Brasil, e era o meu também, assim como dos meninos na rua que eu morava, todos queriam ser jogador de futebol. Eu me imaginava jogando em grandes equipes, nos melhores estádios, com milhares de pessoas assistindo. Me imaginava ajudando toda a minha família, tudo isso e muito mais, relembra o jogador.

Além dos sonhos, todos têm seus ídolos. Para os mais antigos, Pelé, Garrincha, Zico. A geração de 90 contou com Rai, Ronaldo, Romário. A década de 2000 foi liderada por um fenômeno e um bruxo. Para os mais recentes, temos Neymar. O Brasil sempre foi um celeiro de craques, e Lucas Marques sempre soube escolher bem as suas referências.

Eu gostava muito mesmo de futebol, então eu não tinha apenas um ídolo, e sim vários. Sempre gostei do Ronaldo, Ronaldinho, Neymar, Messi, Cristiano Ronaldo. Todos eles são meus ídolos. Mas atualmente quem tem o meu respeito é o Daniel Alves, por toda a sua história, tudo o que conquistou”, conta o jogador.

 

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Lucas Marques na categoria de base do Paraná (Foto: Arquivo pessoal/Lucas Marques)

 

Em busca do seu sonho, Lucas Marques passou pelas categorias de base do Paraná. Já no profissional, o jogador apesar de jovem atuou em diversas equipes, como o Potiguar de Mossoró, no Rio Grande do Norte; Independente São Joseense, na sua cidade natal e, em uma tradicional equipe do interior de São Paulo, o Bandeirante, de Birigui.

 

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Lucas Marques no Independente São Joseense (Foto: Do Rico ao Pobre)

 

O desejo de se tornar um jogador profissional se tornou real, mas talvez Lucas não imaginasse que encontraria tantos obstáculos pelo caminho, como viver o drama de ficar longe da sua família, dos atrasos de salários e até mesmo de trabalhar sem remuneração.

Já passei por equipes que fiquei um bom tempo sem receber, cheguei a ficar 8 meses sem ganhar nada em uma, em outras não recebi até hoje. Teve caso que parou na justiça. Tem muita equipe que promete ‘x’ e não paga, e você está jogando, não quer ficar desempregado, joga, mas não recebe. O jogador tem que estar jogando para estar na vitrine, as vezes até jogamos sem receber, só para aparecer e vê se algum outro clube se interessa”, conta o jogador, que não sofreu apenas com a falta de pagamentos.

“Já atuei bastante em estádios com condições precárias, que o vestiário não tinha espaço para os 18, 19 atletas, tinha que trocar primeiro os 11 titulares para aquecer e depois os reservas. Chuveiros gelados, vestiários sem luz, campos ruins, gramados judiados, arquibancadas rachadas com perigo de desmoronar, já peguei muitos estádios ruins. Já peguei bons também, mas a maioria era ruim”, relembrou o jogador.

Após a disputa da Segunda Divisão Paulista, pelo Bandeirantes, Lucas Marques se juntou aos 70%  dos atletas brasileiros que estão desempregados. Porém, o jovem jogador não desanima, e sonha com maiores oportunidades na carreira, inclusive na Europa.

“Meu plano para minha carreira em um futuro próximo é poder estar jogando uma Série A, B… É onde todo jogador quer chegar, e depois se Deus quiser ir para a Europa. Daqui uns 10 anos espero estar em um clube grande, estabilizado, ter ajudado toda a minha família e ser reconhecido pelos amantes do futebol. Esse é o sonho de todo jogador, estabilizar a sua vida e a de toda a sua família, vou me dedicar ao máximo para isso”, finalizou Lucas Marques.

 

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Wesley Contiero

Jornalista, 29 anos, natural de Lins, interior de São Paulo.

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