OPINIÃO: As surpresas da fase de grupos da UEFA Nations League
Numa bela iniciativa da UEFA, a Nations League foi um sucesso por nivelar as seleções e dar mais emoção ao que antes eram apenas amistosos pouco valorizados
Pode-se dizer com tranquilidade que a primeira edição da UEFA Nations League foi um sucesso. Os amistosos internacionais eram poucos valorizado por parte dos adeptos do futebol, onde os clubes resistiam em ceder seus jogadores para jogos “sem valor” temendo por lesões devido ao desgaste e até mesmo os própios atletas não demonstravam interesse em disputar estes jogos.
Foi aí que veio a “tacada de mestre”: Por quê não reunir estas seleções em uma competição nivelada por divisão para disputas nas datas internacionais FIFA? Daí surgiu a Nations League, que oferecia ao público diversos jogos nivelados e com emoção, trazendo rivalidades e seriedade aos jogos.
Mesmo quem não acompanha com frequência o cenário europeu consegue dizer qual seleção tem mais nível técnico e quais as “potências” do futebol. Porém neste texto, separamos as quatro surpresas dentre as quatro divisões desta fase de grupos, que até mesmo para o nível de sua divisão, surpreenderam e chamaram a atenção na primeira edição da Liga das Nações UEFA.
LIGA A: SUÍÇA
Quem esperaria que a Suíça deixasse de lado seu jogo retranqueiro pela qual sempre foi conhecida? A verdade é que os suíços sempre deram trabalho com seu jogo defensivo. Na copa de 2006, foram eliminados pela Ucrânia nos pênaltis nas oitavas de final com um marco histórico: Não sofreram nenhum gol nas 4 partidas que disputaram. Na copa de 2010, venceram a Espanha que viria a ser a campeã mais tarde e já conseguiram o feito de ser o 3º melhor clube no ranking da FIFA. Na última copa, em 2018, deram trabalho ao Brasil, empatando por 1 a 1 no primeiro jogo da seleção brasileira.
Comandados por Shaqiri e Seferovic – artilheiro da Liga A (primeira divisão) com 5 gols, os suíços desbancaram a Islândia e a tão promissora e falada geração belga – esta com uma goleada por 5 a 2 na última rodada de virada após sofrer 2 gols no iníco do jogo, que concedeu aos suíços a classificação do grupo 1 com três vitórias e uma derrota.
Por este feito, colocamos os suíços como surpresa da Liga A, não só por desbancar a Bélgica e uma Islândia que vinha em ascensão, mas por deixar de lado o futebol defensivo pela qual era tão conhecida e com méritos, classificar-se para o final four da Liga A.
LIGA A: HOLANDA
Outrora grandiosa seleção com tantas gerações de craques renomados mundialmente e pode-se dizer… “injustiçada” por não ter um título mundial após chegar a 3 finais de copa mundo, a seleção holandesa vinha de uma fase horrível, onde nem havia se classificado para a Eurocopa de 2016 e nem para a Copa do Mundo de 2018.
A laranja mecânica de craques como Cruyjff, Seedorf, Davids entre outros estava caída no marasmo. Sem se classificar nas duas mais importantes competições do mundo para seleções europeias, a Holanda tinha a difícil tarefa de enfrentar as poderosas França e Alemanha na fase de grupos.
Tarefa difícil, mas batida com mérito pelos holandeses, que após estrear perdendo por 2 a 1 para a França atual campeã mundial, baterem a Alemanha por 3 a 0 e a própria França por 2 a 0, decidindo a vaga com a Alemanha no último jogo fora de casa, onde os alemães abriram 2 a 0 no início do jogo e dominaram a partida. Mas como o futebol é imprevisível, a Holanda buscou o empate nos últimos 10 minutos de partida e de forma heróica sacramentaram a vitória e a sua volta por cima na competição.
LIGA C: FINLÂNDIA
Depois de Litmanen, não se ouviu mais falar de um craque de futebol finlandês. A seleção nórdica não tem muita tradição no futebol e pouco se tem notícia deles no atual cenário do futebol. Na Liga C, caiu no grupo 2 com Grécia – a favorita, Hungria e Estônia.
Naturalemente, esperava-se uma classificação grega até pela força técnica superior aos outros times. Porém, os filandêses comandandos pelo atacante Pukki e pelo goleiro Hradecky, venceram os quatro primeiros jogos e mesmo sendo derrotados nos dois últimos, garantiram a classificação e o acesso para a liga B da próxima edição da Nations League.
LIGA D: KOSOVO
Kosovo fazia parte da antiga Iugoslávia e só foi aceita como seleção pela UEFA no ano de 2016. Alguns jogadores que antes disputavam competições oficiais por outras seleções abraçaram a causa kosovar e decidiram defender sua nação, como por exemplo o goleiro Ujkani e o meia Valon Berisha. Não foi o caso por exemplo de Shaqiri, Behrami e Granit Xhaka, jogadores de alto nível europeu que decidiram continuar atuando pelas seleções em que já atuavam, no caso, a Suíça. O irmão de Xhaka, Granit, jogou na seleção suíça nas divisões de base, mas decidiu aderir à seleção de Kosovo.
Considerando o pouco tempo de atividade da seleção e levando em conta o sofriemento e a luta de sua população pela busca da independência kosovar, o acesso e o bom momento da seleção de Kosovo é algo digno de se comemorar, e, contagiada por esta ascensão, sua população está abrançando a causa da seleção e por meio do futebol, os kosovares estão deixando de lado o trauma da guerra para entreter-se ao comemorar a boa fase de sua seleção.
Kosovo venceu todos os jogos como mandante e desbancou o Azerbaijão no jogo final com uma bela goleada por 4 a 0, com destaque para o hattrick marcado pelo atacante Zeneli, que atua no Heerenveen da Holanda, que concretizou a classificação histórica de sua seleção para os playoffs da Euro 2020.
DEFINIDOS OS REBAIXADOS E CLASSIFICADOS
Após o fim da fase de grupos da Nations League, foram definidos tanto os classificados quanto os rebaixados. As quatro seleções da liga 1 que conquistaram a liderança e consequentemente a classificação para o final four, disputarão uma semifinal que será sediada em Portugal em 2020 para decidir a campeã da competição.
A UEFA Nations League dará vaga para seleções que não estiverem classificadas através das eliminatórias para a Eurocopa 2020. Essa vaga virá através de um playoff entre as quatro melhores equipes de cada liga.
Promovidos para Liga A: Bósnia & Herzegovina, Dinamarca, Suécia e Ucrânia;
Promovidos para Liga B: Escócia, Finlândia, Noruega e Sérvia;
Promovidos para Liga C: Bielorrússia, Geórgia, Kosovo e Macedônia;
Rebaixados para a Liga B: Alemanha, Polônia, Islândia e Croácia
Rebaixados para a Liga C: Eslováquia, Turquia, Irlanda do Norte e Irlanda
Rebaixados para a Liga D: Estônia, Eslovênia, Chipre e Lituânia