Messi e Seleção Argentina: uma mistura de sentimentos
Ganhador de tudo pelo Barcelona, Lionel Messi não consegue repetir os mesmos feitos quando atua pela seleção Alviceleste
A Copa do Mundo da Rússia 2018 está chegando. E com ela, vem aquela pergunta de sempre: por que o Lionel Messi da Argentina não é o mesmo do Barcelona?
Essa pergunta é bastante complexa e é preciso ter muita cautela para se chegar em qualquer conclusão. Primeiro, quem é o Lionel Messi do Barcelona?
Este jogador foi aquele que ganhou cinco Bolas de Ouro (sendo quatro consecutivas), cinco Chuteiras de Ouro (sendo o maior ganhador do prêmio na história), quatro Champions League, três Mundiais de Clubes, nove vezes campeão espanhol, entre outros. Este jogador é o espetáculo, a genialidade representada em duas curtas pernas.
E agora, quem é o Lionel Messi da Argentina? É aquele jogador de altos e baixos. Muitos vexames, mas alguns lampejos. ‘La Pulga’ acumula fracassos com a seleção Alviceleste. Eliminado três vezes seguidas para a Alemanha em Copas do Mundo. Em 2006, era coadjuvante quando viu a equipe de Crespo perder para os alemães nos pênaltis. Em 2010, protagonista e melhor do mundo, mas a bagunça da equipe de Maradona fez com que os argentinos sofressem uma dura eliminação para a Alemanha, tomando de 4 a 0. Em 2014, a derrota mais doída. Vice-campeão, novamente… Para a Alemanha. Messi não teve grande atuação, e viu Mario Götze dar o título para as Águias.
Além das Copas, a Copa América também é pedra no sapato de Léo. Nas duas últimas edições, dois vices para o Chile. Sendo quê, em 2016, perdeu um dos pênaltis decisivos. Além dessas, Messi também foi vice da competição em 2007.
Alguns raros momentos como nas Olimpíadas de 2008, amistosos contra o Brasil, e alguns jogos da Copa de 2014 mostraram lampejos do Messi do Barcelona. Porém, isso não é suficiente para diminuir as críticas da imprensa argentina.
Após o vice da Copa América de 2015, o Olé, maior jornal esportivo do país vizinho, fez duras críticas a Messi.
“A equipe não fez jus ao seu tamanho em mais uma final. Principalmente o capitão Messi, que vagou em campo. E mais: desta vez não foi a poderosa Alemanha, mas sim o Chile. ‘É um carma, uma tortura’, disse Mascherano. Até quando?”
O jornal foi bem enfático quando disse que Messi “não nos representa”. Porém, será que os mesmos escritores acharam isso quando Léo colocou a bola de baixo do braço e decidiu a classificação da equipe para a Copa do Mundo de 2018? Com um hat-trick, o camisa 10 destruiu o Equador e levou os ‘Hermanos’ para a Copa.
Para Pedro Chagas, editor e colunista do Esportes Mais, um dos motivos para esse insucesso do argentino na Seleção se deve a seus companheiros.
“Acredito que passe pelos companheiros que Messi tem à disposição na seleção e no Barça. E não é só o fator técnico. Os jogadores do Barcelona parecem ter a noção real que é vestir uma camisa do peso e do tamanho da blaugrana. Já os argentinos parecem não entender a importância da camisa argentina pro futebol mundial, o que gera a indolência em momentos decisivos, sobrecarregando Messi, que acaba não rendendo como rende no Barcelona”, disse Chagas.
Certo, vamos falar dos companheiros. A Seleção argentina é muito bem servida no setor ofensivo. Tanto, que se deu o luxo de deixar craques como Icardi e Lautaro Martínez de fora da Copa do Mundo. Porém, defensivamente a equipe é um estrago. Isso foi comprovado na goleada sofrida diante da Espanha por 6 a 1, em um amistoso que antecede a Copa.
Outro fator importante para fortalecer que Messi é sim um grande jogador na Seleção são os números: sem seu capitão em campo, a seleção argentina conseguiu 17 pontos de 42 possíveis: foram 4 vitórias, 5 empates e 5 derrotas. Um aproveitamento preocupante de 40,47%.
Já com o craque do Barcelona, essa média de aproveitamento sobe para 63,53%. Considerando os jogos amistosos, Copa América, Mundial e Eliminatórias foram 49 vitórias, 21 empates e 13 derrotas.
Números que não são excepcionais, porém são no mínimo bons. Principalmente quando se compara com os resultados sem Léo.
Outro fator importante a ser frisado é o entrosamento. A Seleção Argentina tem muitos poucos jogadores atuando juntos, o que faz com que os jogadores precisem se conhecer a cada convocação. Além de quê: os últimos treinadores da Seleção Alviceleste não vêm tendo sucesso sobe a equipe.
Desde 1963, apenas um treinador conseguiu ter uma aproveitamento superior a 70% comandando a equipe. Este, foi Diego Armando Maradona, que tomou um incontestável 4 a 0 contra a Alemanha na Copa do Mundo.
José Pekerman, Alfio Basile, Diego Maradona, Sergio Batista, Gerardo Martino, Edgardo Bauza e atualmente Jorge Sampaoli. Nenhum desses conseguiu fazer um bom trabalho no time, por isso, a equipe teve incríveis cinco treinadores nos últimos oito anos.
Por fim, uma conclusão deve ser feita de toda essa análise: definitivamente o Messi da Argentina não é o mesmo do Barcelona. Porém, não é outro jogador. É o mesmo. É o mesmo monstro que pode decidir uma partida, e, talvez, uma Copa.
O grupo argentino não vem jogando bem, mas com grandes atuações de seu melhor jogador, tudo é possível.