Botafogo: Papai Noel chegou com presentes financeiros não agradáveis
Com três casos de penhoras e dívida com a Odebrecht, alvinegro termina mais um ano em situação financeira complicada por causa da herança de Maurício Assumpção
Após o término da temporada, o clube fez movimentações no mercado para conseguir ajudar em seu difícil quadro financeiro. A principal transação foi a venda do volante Matheus Fernandes ao Palmeiras por cerca de R$ 15 milhões. Visto com uma joia da base alvinegra, ele teve até mesmo proposta maior do Genoa, da Itália, algo em torno de R$ 19 milhões.
Mas até então era visto o lado positivo, a entrada de um dinheiro nos cofres do clube para estabilizar melhor o ano de 2019. Entretanto, um velho fantasma voltou a assombrar o clube de General Severiano, as penhoras.
Determinado pela justiça, R$ 6,4 milhões do valor da transação de Matheus Fernandes foi penhorado para a pagar dívida do Botafogo com o seu ex-treinador Oswaldo de Oliveira, de 2013. Porém, o clube ainda irá fazer sua tentativa de suspender a decisão da juíza substituta da 14º Vara do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro, pois ela mudou uma sentença do juiz titular da mesma Vara, que havia indeferido o pedido de penhora. Outra mudança nesse caso pode ser nos valores, pois ainda não houve nenhuma audiência ou conversa entre o Botafogo e o treinador para negociar o pagamento.
Não para por aí os impactos nos cofres alvinegros. O clube recebeu uma notificação de que o valor recebido pela CBF de R$ 1.806.930,00 estaria penhorado. Esse valor é referente ao nono lugar conquistado pelo Botafogo no Campeonato Brasileiro e a penhora é referente a dívida do clube com André Bahia, que atuou no clube nos anos de 2013 e 2014. Com determinação judicial desde 2015 para receber o seu valor de mais de R$ 2 milhões, nesta quarta-feira a juíza Flavia Cozzolino, da 11º Vara do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro determinou a penhora da bonificação do clube. O Botafogo ainda tenta se defender do caso, mas o valor que foi recebido da Confederação Brasileira de Futebol já foi utilizado e dividido entre os atletas antes de sair essa decisão judicial.
Ainda nessa quarta-feira surgiu mais um caso de penhora ao clube, dessa vez de Henrique Almeida. A cobrança é equivalente a intermediação da contratação do atacante pelo clube em 2013. Com o resultado expedido pela desembargadora Denise Simões, da 5º Câmara Cívil TJRJ, o Botafogo terá 30% do valor mensal recebido pela Rede Globo e pela CBF bloqueados e repassados a Henrique Almeida, até que seja paga a dívida de R$ 808.715,54.
E o caso mais grave que está em trâmite é entre o Botafogo e Odebrecht. O departamento jurídico vem tendo derrotas no tribunal e vê a dívida a ser paga aumentar cada vez mais. Vale lembrar que em 2013, o clube pegou um empréstimo com a Odebrecht no cenário em que o Estádio Nilton Santos, na época chamado de Engenhão, estava interditado por ter sido constatado com risco de desabamento e o Maracanã estava precisando de dois clubes que assinassem com então consórcio para que o contrato não fosse contestado. O estranho é que ninguém sabe até hoje como esse empréstimo foi assinado sem nem mesmo ter passado pelo conselho deliberativo do clube.
Em 2013 o valor era de R$ 11,4 milhões. Em 2014 saltou para R$ 23,7 milhões. Em 2015 subiu R$ 28,8 milhões. Em 2016 chegou a casa de R$ 35,5 milhões. Como a Odebrecht não cobrou o clube por estar sendo investigada na lava-jato e o Botafogo sem condições de pagar também não se manifestou, esse valor foi crescendo. Atualmente a dívida chega em cerca de R$ 41 milhões e o departamento jurídico do Botafogo sofre na justiça por não conseguir derrubar as cobranças que agora estão sendo feitas pela Odebrecht.
Vale lembrar que todas essas dívidas que estão vindo a tona foram no período do mandato do “Papai noel” Maurício Assumpção. O ex-presidente teve que dar depoimentos a polícia. Os casos na justiça que foram ganhos antes do clube entrar no Ato Trabalhista ainda podem estourar no final desse ano ou início de 2019. Após o último presidente Carlos Eduardo Pereira assumir o seu mandato, uma das principais medidas dele foi exonerar Assumpção do quadro do Botafogo e hoje Maurício não tem mais influências diretas dentro do clube.