Análise: Entenda porque o Botafogo-PB perdeu para o Náutico

Com um futebol pobre, o Belo foi batido pelo Náutico em casa

No último sábado (17), o Botafogo-PB perdeu para o Náutico por 1 a 0 em pleno Almeidão. O gol do Timbu foi marcado por Álvaro, de cabeça. A partida era válida pela 17ª rodada da Série C.

Com isso, é preciso fazer uma análise tática do porquê o Belo não conseguiu furar a defesa pernambucana.

Onze iniciais

Escalação inicial
Edição: Iaco Lopes/Esportes Mais

Evaristo Piza não surpreendeu na escalação inicial do Botafogo. Jogando com seu tradicional 4-2-3-1, a equipe pessoense entrou em campo com: Saulo; Neílson, Fred, Donato, Fábio Alves; Serginho, Juninho; Kelvin, Marcos Aurélio, Clayton e Felipe Alves.

Sem poder contar com Rogério, o treinador foi conservador e colocou Serginho em seu lugar, para não modificar seu esquema de jogo. Tirando essa alteração, foram os mesmos jogadores que iniciaram diante do Globo, pela 16ª rodada.

Por se tratar de um jogo decisivo, Evaristo Piza poderia ter sido um pouco mais ousado e ofensivo. Entretanto, não quis assim. O técnico não costuma mudar seu esquema de jogo, mexendo apenas em peças específicas.

Como o Náutico se defendeu

Como o Náutico defendeu
Edição: Iaco Lopes/Esportes Mais

A proposta do Náutico durante todo jogo foi se defender e depois sair em contra-ataques. Proposta essa que foi muito executada. Entretanto, mesmo com essa visão reativa, o Timbu não deixou de jogar.

No primeiro tempo, o Alvirrubro obrigou o goleiro Saulo a fazer três difíceis defesas.

O técnico Gilmar dal Pozzo fez sua equipe sua alternar entre defender no 4-1-4-1 e no 4-1-5. As duas linhas principais ficavam longes entre si. A primeira linha, a defensiva, praticamente pisava na área do goleiro Jefferson e não saía dali. Já a sua segunda linha ia até a risca do meio-campo para impedir a saída de bola botafoguense. Entre elas, ficava o volante Josa.

Esse espaço entre linhas poderia ter sido melhor aproveitado pelo Botafogo. Porém, isso não aconteceu. Marcos Aurélio deveria usar esse espaço para circular com liberdade ou Felipe Alves poderia aproveitá-lo para puxar um zagueiro e abrir espaço na defesa Alvirrubra.

Entretanto, o que se viu foi um enorme espaço vazio, sem nenhum jogador do Belo.

Espaços vazios

Espaço vazio 2
Edição: Iaco Lopes/Esportes Mais

Esses escandalosos espaços vão para a conta do treinador, que parece não orientar seus jogadores a ocupar espaços vazios. Além disso, sem nenhum atleta atuando pela faixa central, acabou obrigando a equipe a ficar tocando a bola entre os defensores, em formato de “U”.

Isso aconteceu durante a maior parte do jogo de sábado, com a bola circulando entre Neílson, Fred (W. Goiano), Donato e Fábio Alves, sem nenhuma objetividade. Nenhum dos volantes aparecia para dar o passe vertical, sendo assim quebrando as linhas do Náutico.

Espaço vazio
Edição: Iaco Lopes/Esportes Mais

Outro erro grave do Botafogo foi a falta de agilidade para virar o jogo. A defesa do Timbu fazia pequenas zonas de guerras ao redor da bola (observe na imagem abaixo), sempre com superioridade numérica de jogadores. Uma das soluções para se sair dessa dificuldade é a virada de jogo. Porém, isso não ocorreu por dois motivos: não havia um atleta aberto do outro lado e quem estava com a bola escolhia a jogada individual ou recuar para a defesa. Isso fez com que o jogo do Belo fosse facilmente anulado e ineficaz.

Botafogo
Edição: Iaco Lopes/Esportes Mais

Nesse lance temos Kelvin, sozinho, cercado por seis jogadores do Náutico, que formaram uma pequena zona de guerra, enquanto os outros jogadores do Botafogo assistem a isso passivamente. Com isso, ou Kelvin recua bola para a defesa (o que aconteceu), ou parte para a jogada individual e possivelmente perde a posse. Assim o time do técnico Gilmar dal Pozzo se defendeu durante toda a partida.

Saída de bola do Botafogo

Botafogo
Edição: Iaco Lopes/Esportes Mais

Como já foi dito antes e pode ser visto na imagem, o Náutico aplicava uma linha quatro ou cinco jogadores logo a frente da linha de meio-campo. Com Marcos Aurélio se escondendo e os volantes apenas olhando, os defensores do Botafogo ficam trocando passes entre si. Sem nenhuma objetiva e sem levar perigo ao clube pernambucano.

Quando algum atacante do Timbu sobe para fazer pressão, os zagueiros do Belo partem pro recurso do chutão.

Problemas defensivos

Botafogo
Edição: Iaco Lopes/Esportes Mais

Há muito tempo o Botafogo demonstra grandes problemas defensivos. Não à toa a equipe já sofreu 20 gols em 17 jogos pela Série C. Apenas em três partidas o goleiro Saulo saiu sem ser vazado.

A solução de Piza era simplesmente rodar sua dupla de zaga. O que se mostrou ineficiente, pois a solução não é tão simplista assim.

Em poucos momento vimos uma mudança de estrutura na formação do time titular. O 4-2-3-1 reinou em praticamente todos os jogos do Brasileiro.

Esse esquema aplicado pelo Belo se mostrou bastante problemático. Os três meio-campistas mais avançados poucas vezes voltavam para ajudar na recomposição. Com isso, o duelo parte para o mano a mano. Outra observação a ser feita é que os laterais botafoguenses não costumam serem agressivos na hora de marcar um cruzamento ou dar um bote, o que muitas vezes facilita a vida do lateral ou ponta adversário.

Como pode ser visualizado na imagem, Fábio Alves sobe para marcar o jogador do Náutico, deixando um buraco em suas costas, na qual poderia ter sido aproveitado pelo time Alvirrubro. Além disso, Juninho e Serginho assistem passivamente o duelo mano a mano, sem irem apertar ou fechar os espaços. Do outro lado, o corredor esquerdo do Timbu está livre para ser aproveitado em uma possível virada de jogo.

Problemas seguem no segundo tempo

Botafogo
Edição: Iaco Lopes/Esportes Mais

Mesmo após a saída de Marcos Aurélio para a entrada de Elvinho no segundo tempo, os problemas de ocupação de espaço seguiram nos donos da casa.

Nesse lance, temos Neílson sozinho, com três jogadores do Náutico ao seu redor. Não houve aproximação de ninguém para uma tabela ou para puxar a marcação. Com isso, o lateral acabou recuando a bola.

Botafogo
Edição: Iaco Lopes/Esportes Mais

Na segunda etapa a marcação Alvirrubra ficou ainda mais compacta e próxima. Com a pouca rotatividade e movimentação do ataque botafoguense, as ações da equipe de Piza foram facilmente anuladas.

Conclusão

Foi dessa forma que o Náutico, do técnico Gilmar dal Pozzo, anulou todas as jogadas botafoguenses e ganhou a partida. Evaristo Piza precisará rever durante esta semana a forma de jogar de seu time. É inexplicável como podemos estar em agosto e problemas tão graves sigam ocorrendo com o Botafogo em campo.

Iaco Lopes

Estudante de Jornalismo na UFPB. Nascido em João Pessoa-PB. 19 anos.

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