Análise: rendimento cai e Botafogo-PB deve permanecer na Série C

Vice-campeão da Copa do Nordeste, o Botafogo-PB viu seu rendimento cair drasticamente no segundo semestre

Na noite da última quinta-feira (25), o Botafogo-PB visitou a equipe do Imperatriz, no Frei Epifânio, e perdeu por 2 a 1. A partida foi válida pela 14ª rodada da Série C e foi o sexto jogo seguido do time paraibano sem vitória.

Dito isso, é preciso refletir sobre a atual fase do Belo. O clube que foi tricampeão paraibano e vice-campeão da Copa do Nordeste viu seu rendimento cair drasticamente mesmo com muitas contratações pra seu elenco.

No dia 12 de Abril, o Esportes Mais fez uma análise com os números dos principais clubes do nordeste na temporada. Na época, o Botafogo-PB era o clube com mais vitórias no ano (16), enquanto o Sampaio Corrêa era o que mais tinha derrotas (8). Agora, no dia 26 de Julho, o time maranhense é o líder da Série C, com 27 pontos ganhos, enquanto o Belo é apenas o 6º colocado, com 18 pontos conquistados.

O que aconteceu de lá para cá?

Fortaleza foi campeão nordestino em cima do Botafogo (Foto: Reprodução/Internet)

Enquanto diversas equipes trocaram de treinador, o Botafogo-PB foi um dos únicos que acreditou fielmente em seu comandante, Evaristo Piza.

A manutenção do trabalho deveria ser algo positivo, porém, mostrou que Piza não conseguiu gerir o elenco, que recebia bons reforços praticamente toda semana.

No começo do ano a escalação do Alvinegro da Estrela Vermelha era quase sempre a mesma: Saulo; Israel, Lula, Goiano (Donato), Fábio Alves; Rogério, Marcos Vinícius, Marcos Aurélio; Dico, Clayton e Nando.

Esse escrete foi responsável pelo título sem dificuldades do Campeonato Paraibano e da excelente arrancada na Copa do Nordeste, onde o time chegou para disputar a final sem perder para ninguém.

Entretanto, após o fim desses dois campeonatos do primeiro semestre e começo do Brasileiro, o elenco que já era bom recebeu bons reforços: João Guilherme, Neilson, Fred, Serginho, Erivelton, Hiago, Felipe Alves, Juninho, Kelvin, Neuton, etc.

A torcida botafoguense criou grandes expectativas. Na época, era inevitavelmente imaginar que o Belo finalmente conseguiria o acesso à Série B.

Cabeça no Nordestão

O Belo enfrentou e venceu o Náutico na semifinal da Copa do Nordeste (Foto: Reprodução/Internet)

O começo do Botafogo na Série C não foi bom. Foram três empates seguidos, até uma milagrosa vitória por 2 a 1 diante do ABC, fora de casa.

Nessa época, o clube dividia atenção entre a Copa do Nordeste e o Campeonato Brasileiro.

Porém, o rendimento do time no torneio nacional era claramente abaixo das atuações na Lampions.

O resultado? Duas derrotas para o Fortaleza e o vice-campeonato.

Após esses duelos, tudo deu errado para o Belo. Logo em seguida, uma dura derrota por 3 a 0 para o Confiança.

A falta de foco na terceira divisão custou caro na reta final, quando houve uma queda nítida de rendimento e muitas polêmicas extracampo.

Escalações erradas

Botafogo-PB
Escalações erradas retiraram o sonho do acesso para o Belo (Foto: Divulgação)

Evaristo Piza não é um técnico ruim. Longe disso. É um treinador com ideias ofensivas e modernas. Entretanto, esse pensamento ofensivo custou caro defensivamente.

O Botafogo sofreu gol em 13 dos 14 jogos disputados até aqui na Série C. Mesmo com diversas duplas de zagas diferentes. Mas é óbvio! O problema não é a dupla de zaga, mas sim o sistema utilizado.

O 4-2-3-1 ou 4-3-3 utilizado pelo comandante botafoguense não protegia a intermediária Alvinegra. Além disso, os laterais são passivos na marcação, sempre permitindo o cruzamento.

Cruzamento esse que foi bastante problemático para a equipe no ano todo. O time, em média, não é alto, e sofreu muitos gols por bolas áreas.

Quando precisou de mudar, Piza seguia fielmente seu esquema tático, mudando apenas peças específicas. Essa pobreza na variação tática custou caro.

Laterais ruins

Botafogo-PB
Neuton e Neilson durante vitória contra o Treze (Foto: Paulo Cavalcanti / Botafogo-PB)

O elenco do Belo claramente tinha alguns buracos em sua formação. Mesmo tendo bons zagueiros e bons goleiros, os laterais não agradavam.

Fábio Alves, titular no primeiro semestre, era bastante criticado por suas fracas atuações. Seu reserva, Charles, não conseguia ser diferente. Neuton, contratado tardiamente, jogou poucos jogos e já se machucou. Por isso, Evaristo Piza precisou escalar Enercino de lateral em três jogos seguidos. O meia teve péssima atuação em todos eles, sendo até expulso contra o Imperatriz.

Do outro lado, Israel assumiu a titularidade com o passar do ano. Apesar de não cruzar bem, o atleta era forte e habilidoso, sendo sempre uma peça importante ali pelo lado direito. Sua saída fez falta. Neilson, que também não cruza bem, dá espaços defensivos e não sobe com qualidade. Itaqui fez apenas uma partida completa, com um desempenho pífio.

Falhas de Saulo

Botafogo-PB
Saulo é titular absoluto da meta botafoguense (Foto: Divulgação)

Apesar de ser um ótimo goleiro, Saulo tem algumas grandes deficiências técnicas. Além de não sair bem do gol, o goleiro sofreu dois gols em cobranças de falta despretensiosas (contra Treze e Santa Cruz), o que claramente mostra uma falta de atenção.

Mesmo sendo alto, com 1.91 metro, o jogador não costuma sair bem do gol em cruzamentos na área. Esse é um dos motivos para os inúmeros gols sofridos em bolas áreas.

Porém, é importante frisar que Saulo fez grandes defesas durante toda a competição e é um dos menores problemas técnicos do time, sendo apenas a ponta do iceberg. O que não tira o fato de que João Guilherme, que foi bem contra o ABC, poderia ter sido mais testado.

A conta chegou para o Botafogo-PB

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Piza durante empate contra o Santa Cruz no Arruda (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)

Com todos esses problemas citados (e muitos outros), a conta chegou para o Botafogo. O acesso é praticamente impossível. Para isso, o Belo precisaria vencer seus próximos quatro confrontos e torcer contra seus rivais diretos.

O problema é que jogadores e treinadores vão e vêm, mas o torcedor fica. É o torcedor Alvinegro que vai pagar o pato de ver seu clube pelo sétimo ano seguido jogando a Série C.

Iaco Lopes

Estudante de Jornalismo na UFPB. Nascido em João Pessoa-PB. 19 anos.

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