E+ Especial – O futebol nos 20 anos da RedeTV! – Parte 2
Em 2005, Grêmio fez jus ao apelido de Imortal e voltou para a elite do futebol nacional
Nesta segunda parte do especial, o futebol brasileiro passa a ser a bola da vez. Viajamos no tempo para recordar a histórica transmissão da Série B de 2005, que contou com a transmissão ao vivo da RedeTV! no tradicional horário do sábado às 16h e com ampla cobertura em seus telejornais e noticiários, principalmente durante os programas RedeTV! Esportes (de segunda a sexta) e Bola na Rede (apresentado pelo saudoso Fernando Vannucci aos domingos). Foi o ano que marcou o renascimento do Grêmio.
A segundona daquele ano teve 22 equipes. Ao todo foram 21 rodadas na fase inicial com jogos em turno único. Na etapa seguinte, os oito melhores colocados da fase anterior foram distribuídos em grupos de quatro equipes. Na terceira e última fase, os dois melhores times de cada grupo disputaram um quadrangular final para definir o acesso. Apenas dois subiam no final das contas. Ou seja, ir para a Série A era uma saga para qualquer equipe.
Em 2005, os seis piores colocados foram rebaixados: Vitória, Bahia, Anapolina, União Barbarense, Criciúma e Caxias. Era a primeira vez que a dupla Ba-Vi viveria o pesadelo de jogar a Série C, fato que provocou profundas mudanças administrativas nos dois clubes baianos.
Sofrendo com sérios problemas financeiros, o Grêmio sabia da difícil missão que teria pela frente. Impossibilitado de contratar grandes jogadores, a primeira transformação aconteceu no banco de reservas. Mano Menezes foi o escolhido para comandar o Grêmio, um ano após uma passagem espetacular pelo 15 de Novembro e de uma consequente projeção para o cenário nacional. Muitas das soluções tiveram que ser caseiras ao longo da competição. Dentre as apostas, estavam os promissores Lucas Leiva e Anderson, que foram decisivos para a conquista do heróico título. Entre os contratados, destacaram-se os laterais Patrício e Escalona, o volante Sandro Goiano, o aguerrido zagueiro Domingos, o meia Marcelo Costa e os atacantes Ricardinho e Lipatín.
A trajetória do Tricolor Gaúcho na Série B daquele ano foi conturbada desde o início, a começar pela impossibilidade mandar os primeiros jogos em casa no Olímpico. O time foi do céu ao inferno e do inferno ao céu em vários momentos da competição. Aconteceram derrotas dolorosas para adversários que acabaram rebaixados, podendo citar a melancólica goleada sofrida fora de casa para o Anapolina (4 a 0). Porém também podemos citar vitórias conquistadas na base da superação, como foi o caso da incrível virada conseguida diante do Ceará fora de casa (4 a 3). Em muitos momentos realmente se duvidou da capacidade do time. Mesmo assim, apesar da campanha irregular, o Grêmio se classificou em 4º lugar para a fase seguinte.
Na segunda fase, o Grêmio entrou no grupo que também contava com Avaí, Santa Cruz e Santo André. A classificação veio com uma rodada de antecedência, mas em 2º lugar. Os gremistas foram novamente superados pelo Tricolor Pernambucano, que também havia liderado toda a primeira fase. Enfim era chegada a reta final da competição.
No quadrangular final, além do Santa Cruz, o Grêmio enfrentou Náutico e Portuguesa. Após o final da 5ª rodada, os gaúchos tinham 9 pontos somados, o Santa tinha 7 e o Timbu estava com 6. Só a Lusa não tinha mais chances matemáticas para almejar uma vaga na Série A de 2006. Por isso, muita expectativa foi criada para a rodada final. No dia 26/11/2005, a RedeTV! transmitiu Náutico x Grêmio ao vivo para todo o Brasil. Ao mesmo tempo, Santa Cruz x Portuguesa jogavam também em Recife. O Grêmio só dependia dele para subir, embora um simples tropeço do Santa no Arruda já garantisse o acesso.
A histórica Batalha dos Aflitos é uma das mais memoráveis páginas do esporte no século XXI. O Grêmio teve que decidir sua vida longe de casa, enfrentando a hostilidade da torcida do Náutico que desde 1994 não via a equipe disputando a primeira divisão. Jogar pelo empate seria bastante perigoso, por isso seria preciso lutar contra todas as adversidades. No primeiro tempo daquela partida, o Grêmio teve seus momentos, mas as chances mais claras foram do Náutico, que sufocou os visitantes em boa parte do período, e teve um pênalti que acabou desperdiçado por Bruno Carvalho. No segundo tempo, a pressão continuou e o goleiro Galatto era cada vez mais exigido.
Tudo piorou aos 33 minutos com a expulsão de Escalona. Aos 35, o árbitro Djalma Beltrami entendeu o toque no braço de Nunes como intencional e marcou um novo pênalti. Inconformados, os gremistas cercaram o árbitro, gerando uma confusão em campo que necessitou até da intervenção da Polícia Militar. Patrício, Domingos e Nunes foram expulsos, e o jogo ficou paralisado por quase 25 minutos, mas o relógio do juiz não parou. Aos 59 da segunda etapa, após os ânimos se acalmarem, enfim o pênalti pôde ser cobrado. A esta altura, o Grêmio tinha apenas 7 jogadores em campo. Ademar chutou forte, mas Galatto foi mais preciso e defendeu a cobrança.
No contra-ataque armado depois do pênalti, Anderson percebeu a frouxidão da marcação do Náutico e conduziu a bola ao gol adversário saindo da defesa. No meio do caminho, Anderson sofreu falta do zagueiro Batata que acabou expulso. Sem dar tempo pra muita conversa, Anderson cobrou falta rapidamente, tabelou com um companheiro, invadiu a área e tocou para o fundo das redes na saída do goleiro aos 61 minutos. Aos 69, o árbitro encerrou a partida, decretando o retorno do Grêmio para a elite. Um verdadeiro milagre! Festa gigantesca para a imensa torcida gremista e frustração total para o alvirrubro de Pernambuco. Porém, um ano depois o Náutico teve seu final feliz, fazendo uma ótima Série B e conseguindo o acesso para a Série A de 2007.
A seguir, trechos do programa Bola na Rede da RedeTV! em 2005 e do Super Intervalo da partida decisiva do Grêmio contra o Náutico. No mais, aguardem pelas cenas dos próximos capítulos do nosso especial!