Há exatos 65 anos nascia na Argentina o Rey das Gambetas – René Houseman

Ex Atacante da Seleção Argentina campeão mundial de 1978 se estivesse vivo estaria hoje fazendo 65 anos.

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Hoje, René Orlando Houseman um dos maiores ídolos do Club Atlético Huracán estaria fazendo hoje 65 anos, mas infelizmente à 4 meses atrás faleceu vítima de câncer. Jogador conhecido pelos extraordinários dribles, rápido, ambidestro, é considerado como um dos melhores da posição na história do futebol Argentino, jogador do Huracán com maior número de partidas pela seleção, um ícone da seleção Albiceleste nos anos 70 na qual foi artilheiro do mundial de 74 na Alemanha com 3 gols e campeão mundial com a seleção em 1978. Participou do emblemático time do Huracán Campeão Argentino de 1973 considerado pela mídia esportiva um título que marcou época e influenciou a forma argentina de se jogar futebol.

Hoje o Baixo Belgrano bairro onde René se criou está em festa, é dia do Torcedor do Club Atlético Excursionistas, club o qual René era torcedor fanático e ilustre, clube no qual estádio leva o seu nome, essa data de comemoração foi escolhida em homenagem ao seu dia de nascimento 19 de julho, “El Louco é a expressão máxima da torcida villera, apesar de não ser aceito na época de juventude pela decisão de alguns líderes, ele permaneceu fiel a essas cores e seu bairro: o Baixo Belgrano”, explicou Javier Méndez presidente da instituição.

Día del hincha de Excursionistas en homenaje al Loco Houseman

Torcedor fiel do Excursionistas – René ao lado dos seus filhos Diego e Jésica

Tudo começou quando o garoto franzino nascido no Baixo Belgrano, favela próxima ao luxuoso bairro de Palermo onde começou a jogar bola nas divisões de base do Club Atlético Excursionistas no qual é torcedor desde criança, porém devido à falta de oportunidades abandonou o clube para jogar nos times de várzea do bairro onde morava até que um dirigente do clube rival Defensores Del Begrano o contratou e ele veio estrear como jogador profissional conquistando com a equipe o campeonato da Primeira C em 1972, logo em seguida foi contratado a pedido do técnico César Luis Menotti para estrear no famoso Huracán onde veio a conquistar o Campeonato Argentino de 1973 no famoso time que tinha Héctor Roganti, Nelson Chabay, Daniel Buglione, Alfio Basile, Jorge Carrascosa, Miguel Brindisi, Francisco Russo, Carlos Babington, René Houseman, Roque Avallay e Omar Larrosa, conhecido como a equipe que ficou na história do futebol Argentino. Ainda com boa parte da formação citada chegaram as semifinais da Libertadores de 1974 e aos vice campeonatos de 1975 e 1976. Foi uma contratação na época em que o treinador disse para a imprensa “Esse magrelo que vocês viram hoje, se tornará um das maiores figuras do Futebol Argentino”.

Emblemático time do Huracán campeão metropolitano de 1973 – René Houseman é o primeiro da esquerda agachado

Mais adiante em 1981 foi para o River Plate onde jogou com Ubaldo Fillol, Daniel Passarela, Oscar Ortiz, Ramon Diaz e Mario Kempes, em 1982 foi jogar no Colo Colo do Chile onde fez parte do elenco que conquistou a Copa Chile de 1982, em seguida jogou no Independiente onde fez poucos mas mesmo assim conquistou a Copa Libertadores e o Mundial de Clubes de 1984 jogando ao lado de jogadores como Villaverde, Trossero, Ricardo Bochini, Jorge Burruchaga e Carlos Enrique que ficou conhecido por anular Renato Gaucho na final do torneio continental. Em março de 1985 René realiza um dos seus maiores sonhos, encerrar a carreira no clube que era torcedor desde criança, o Club Atlético Excursionistas, instituição que possui estádio com o seu nome referente a homenagem, onde jogou na quarta rodada da primeira C com o Deportivo Armênio, jogo este terminado em 0x0.

Seleção Argentina.

Conhecido pelo seu estilo irreverente, era o Carlitos Tevez da época conhecido como o atacante do povo, foi o jogador do Huracán com maior número de presenças em partidas pela seleção da Argentina num total de 55 jogos e 13 gols, foi um dos protagonistas da seleção Argentina na Copa do mundo Alemanha 1974 onde no jogo contra a Alemanha Oriental em Gelsenkirchen ele não gritou o gol que fez porque Juan Domingo Perón havia morrido dois dias antes e essa era sua maneira de prestar homenagem a ele, além disso ficou famoso pelo gol de empate contra a seleção da Itália que classificou a seleção para a próxima fase, essa copa era a que ele estava na sua melhor fase da carreira.

Em 1978 disputou sua segunda copa do mundo, inclusive fez um dos gols na goleada da Argentina sobre o Perú por 6×0, jogo este que dizem alguns que foi polêmico. “O jogo não foi comprado, a seleção entrou para ganhar e fazer os quatro gols. No início da partida os peruanos chutaram uma bola na trave. Como dizer que receberam dinheiro para perder”?

Nas festividades da seleção René se recusou a apertar a mão do ditador Videla devido ao mesmo ter destruído a Aldeia do Bajo devido as proximidades com o Estádio Monumental de Nuñes, embora ele mesmo dissesse uma vez que ele deu e depois se arrependeu, e que se ele tinha ouvido falar sobre os desaparecimentos, assassinatos e torturas o estado comprometido naqueles anos teria renunciado à seleção.

Famoso esquadrão campeão do mundo em 1978 no qual René era o segundo em pé da esquerda para direita

Vida pós jogador de futebol

René encerrou a carreira no futebol da forma que mais sonhava, jogando apenas uma partida pela sua equipe de coração, o Club Atlético Excursionistas, chegou a trabalhar no Huracán como treinador e inclusive foi auxiliar técnico do Angel Cappa no famoso time de 2009 conhecido como os Los Angeles de Cappa.

Cappa, René y Fatiga Russo. El Loco fue colaborador del Globo en el 2009.
René Houseman ao centro e ao lado esquerdo Angel Cappa passando instruções a famosa equipe do Huracán de 2009

Com o tempo, o Huracán era uma espécie de lar para ele, e os simpatizantes da instituição Parque Patrícios sempre o tinham em seu “altar” de referências indiscutíveis, junto com os demais ídolos como Hermínio Masantonio, Guillermo Stábile y Antonio Mohamed, porém era muito visto na arquibancada quando o Globo jogava e também quando a sua equipe de coração “Excursionistas” jogava as partidas da terceira divisão nacional, onde também foi grande colaborador na montagem do da equipe de Futebol Feminino que nos dias atuais disputa a primeira divisão do futebol Argentino.

Copa do mundo de 2014 – Brasil

El Loco foi convidado pela revista Garganta Poderosa que é especializada em reportagens sobre cultura nas favelas Argentinas e também em alguns países latino americanos onde aborda cultura e problemas sociais, dando voz e espaço as pessoas excluídas, o projeto foi de grande interesse do ex jogador porque além de ter sua origem humilde, nunca abandonou o lugar de onde veio, a viagem por sua vez foi feita com o apoio Conselho Latino Americano de Ciências Sociais onde foram reportadas matérias sobre o outro lado da Copa, sem os luxos dos hotéis, grandes marcas, centros de imprensa, ternos e dirigentes esportivos. Devido a sua proximidade com o povo, assistiu a maioria das partidas juntamente com os torcedores na arquibancada recusando camarotes, digno de uma pessoa campeã na simplicidade.

Houseman e sua legião, todos para completar a equipe argentina
Houseman durante a Copa do Mundo em 2014 – Nada de camarotes e nem holofotes, o seu negócio era o povo

Frases Marcantes

“Eu nunca me importei em fazer o que os outros jogadores faziam. Sempre fiz o que achava certo e justo. Acho que sou assim até hoje”

“Eu sempre morei em favela. Sempre gostei de lá. E se gostava, me sentia bem e era onde estavam meus amigos, por que sairia de lá?” – Referindo ao bairro onde foi criado – Baixo Belgrano na capital Argentina.

“O jogo não foi comprado. Se os ditadores estavam conspirando, nós, jogadores, nunca ficamos sabendo. Entramos para ganhar e fazer os quatro gols. No início da partida, os peruanos chutaram para o gol e a bola bateu na trave. Como dizer que receberam dinheiro para perder?” – Respondendo aos jornalistas sobre a goleada polêmica na vitória da Argentina sobre o Perú que acabou eliminando o Brasil na copa de 1978

“Quando eu não tinha o que comer, as pessoas dali me ofereciam comida. Isso eu nunca vou esquecer. Sinto essa corrente e essa energia aqui também.” “Estou contente de voltar ao passado, às minhas origens e às coisas que me fazem bem” – Quando esteve hospedado na favela do morro Dona Marta no Rio de Janeiro

Seja onde estiver você será lembrado em qualquer canto, seja no Baixo Belgrano, em Parque Patrícios, em Buenos Aires, na Argentina em qualquer parte do mundo. Deixará um grande legado de simplicidade, humildade e claro, o amor ao futebol que como você já nos disse o futebol não é da FIFA, não é das grandes marcas, é da gente. Seja onde estiver como dizem nossos hermanos Argentinos “Feliz Cumpleaños Rey René” eterno 7 alegria das nossas torcidas portenhas, não há palavras, frases, textos e matérias para comentar o quanto é tão emocionante a sua história “Hasta Siempre Rey René”.

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CARLOS ANDRÉ ROCHA - Paulistano da gema, Engenheiro Metalurgista de Formação, Professor de Matemática e Física, Torcedor do São Paulo desde criancinha e torcedor do Club Atlético Huracán desde 2009,"Grande no se hace, grande se nace"!

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