Marquinhos Pedroso: da pequena Capivari de Baixo para o mundo

Marquinhos Pedroso tem 24 anos de idade e é natural de Capivari de Baixo, no sul do estado de Santa Catarina. O lateral conta com passagens por Figueirense, Grêmio, Guarani, Novo Hamburgo e futebol europeu, onde inclusive está atuando no momento.

Marquinhos bateu um papo interessante com a nossa equipe, abordando toda a sua carreira e os seus objetivos para o futuro. Confira na integra.

Inicio de carreira

Marquinhos Pedroso: Comecei muito novo no Futsal, com cinco, seis anos nas escolinhas. Após três anos fui para o campo, no núcleo do Figueirense em Tubarão. De lá acabei nas categorias de base do clube, na época se mantinham os contatos, com o pessoal das categorias de base lá de Florianópolis e quem se destacava nos núcleos, eram chamados para fazer teste ou ir em definitivo. Pra mim era tranquilo se manter lá, pois a minha avó morava na cidade, fora que eu frequentava a ilha todos os finais de semana, além de ter parentes lá.

Em 2012 o Argel comandava o profissional eu subi após ele solicitar a minha presença. Fiz a minha estreia uma semana depois, em uma partida contra o Bahia, pelo Brasileirão. Realizei sete jogos como titular naquele ano, e na temporada seguinte fui emprestado ao Guarani, onde disputei o Paulistão.

Foi o ano mais difícil da minha carreira, até por ter sido emprestado ao Guarani, onde morei no alojamento do clube e fiquei sem receber por quatro meses durante o Paulistão. Primeira vez que eu havia saído da capital de Santa Catarina e ficar longe da família pesa um pouco, mas em nenhum momento eu pensei em desistir.

Retornando ao Figueirense fui novamente emprestado, para o Novo Hamburgo-RS, e lá tive a oportunidade de ganhar dois campeonatos. É um clube muito bem estruturado e que me ofereceu toda esta estrutura, foi muito melhor do que eu imaginei.

Em 2014 voltei para o Figueirense, foi o inicio da minha maior evolução na carreira. Fui eleito a revelação do Campeonato Catarinense, onde atuei em todos os jogos como titular e conseguimos o título.

Oportunidade no Grêmio e volta ao Figueirense

Marquinhos Pedroso: Com o interesse do Grêmio eu não podia perder a oportunidade e aceitei a proposta. Sob o comando do técnico Enderson Moreira, eu estava em uma boa sequência, mas acabei de machucando.  Após a Copa, o técnico Luis Filipe Scolari assumiu o clube e com isso, acabei não tendo oportunidades, porque recém havia me recuperado da lesão e o Scolari não foi muito com o meu futebol.

Eu pude aprender muitas coisas lá e joguei com jogadores extremamente experientes, com uma qualidade absurda. Pude ver também sobre o que é atuar em um grande clube, claro, não desmerecendo o Figueirense que é um grande clube, mas todos sabem que o Grêmio tem uma proporção maior, com mais torcida e tudo mais, além da pressão ser maior. Então, acredito que tenha visto e aprendido, apesar de ter atuado em apenas uma partida oficialmente, depois atuei em mais dois amistosos, mas tive a oportunidade de ir em bastante jogos no banco de reservas e observar aquela atmosfera, aprender também com grandes jogadores.

Após isso eu voltei para o Figueirense, pelo qual eu sou apaixonado. Aliás, toda a minha carreira de jogador, eu devo tudo ao Figueirense.

No ano seguinte, tive a oportunidade de ser campeão mais uma vez. Contabilizando as duas passagens pelo clube, tenho aproximadamente 140 partidas pelo alvinegro.

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Por que jogador de futebol

Marquinhos Pedroso: Acho que o que me fez levar a ser jogador, é o que leva toda a criança a sonhar com isso também, assim como 98% dos brasileiros, que veem o futebol na televisão, ganhar a bola quando bebê, gostar de chutar e brincar com ela. Na vida da maioria dos brasileiros, nós estamos envolvidos com isso, e a gente vendo os ídolos pela televisão, acaba querendo ser igual a eles e desde o início, foi o que me fez levar a esse sonho.

Inspiração para jogar futebol

Marquinhos Pedroso:  Foi meu pai, que desde sempre me levou em todas as escolinhas. Eu acompanhava ele desde cedo, vendo ele jogar. Claro, ele não foi jogador profissional, mas naqueles campeonatos amadores ele sempre disputava. Mas também, tenho outros ídolos como o Ronaldo Fenômeno que na minha época de criança, com oito, nove anos de idade, vendo aquela Copa do Mundo de 2002, com aquele penteado e ele [o Ronaldo] fazendo aqueles gols, aquilo ali era um sonho em se tornar um jogador daquela maneira. Então, tanto meu pai, quanto Ronaldo foram as minhas inspirações.

 

Primeiro gol com a camisa do Figueirense

Marquinhos Pedroso: Acredito que até hoje, não há nenhum gol mais marcante quanto esse que eu fiz contra o Avaí. Vou lembrar sempre com muito carinho deste jogo, que também foi o mais marcante da minha carreira, até por que naquela ocasião, desclassificar um rival e a identificação que eu tenho com o Figueirense desde cedo, além de ter dado uma assistência para o primeiro gol… Nós éramos obrigados a vencer por dois a zero, então tudo isso, que fez nosso time passar de fase foi excepcional. Foi uma noite que eu nem dormi e nesta oportunidade, nós chegamos até as quartas de finais da Copa do Brasil, já com os clubes da Libertadores. Passamos o Atlético Mineiro nas oitavas de final e eu acho que foi um campeonato que nós fomos bem longe.

Treinador que marcou a carreira

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(Foto: Gil Guzzo)

Marquinhos Pedroso: O técnico que mais me marcou e que eu tenho até uma certa gratidão, é o treinador Argel, porque ele foi a pessoa que me deu a oportunidade nos profissionais do Figueirense, e foi uma pessoa que eu joguei por muito tempo com ele, comandando a equipe, tanto em 2012, quanto em 2014, além de 2015. O Argel é uma pessoa que sempre me apoiou e sempre cobrou quando tinha que cobrar. Até pegava bem no meu pé, mas sempre soube que era para o meu melhor e eu acredito que eu tenha evoluído muito também, pelo modo com que ele trabalhava.

Jogador que marcou a carreira

Marquinhos Pedroso: Tive a oportunidade de trabalhar com o Zé Roberto, na época do Grêmio e que ainda estava em grande forma, apesar de já estar com a idade avançada para os padrões atuais do futebol. E ele foi o melhor jogador, por tudo, pela pessoa que é, pela dedicação que tem ao esporte, pelo profissional que é. Ele fazia tudo com uma simplicidade enorme, além da experiência incomparável e era um cara extremamente humilde. Procurava ajudar os jovens e sempre conversava comigo nos treinos para me dar uns toques. Então, são por essas e outras que o Zé Roberto foi o jogador com quem melhor pude trabalhar.

Adversário complicado

Marquinhos Pedroso: Já joguei contra grandes jogadores, inclusive contra o Kaká, que já foi melhor do mundo. Mas o jogador que eu achei mais difícil de enfrentar foi o Sneijder, na última temporada quando estava no Galatasaray, e eu tive a oportunidade de enfrentá-lo. Ele é um profissional extremamente qualificado, só dá um ou dois toques na bola e quando pensa que ele vai segurar, ele toca para o seu companheiro e isso mostra que ele se mostra um profissional extremamente inteligente. Com certeza, enfrentei jogadores melhores que ele, mas não achei tão difícil quanto o Sneijder.

Chegada a Europa

Marquinhos Pedroso: A minha ida à Europa sempre foi um grande sonho, aliás, acho que é um sonho da maioria dos jogadores atuar por aqui, apesar do futebol brasileiro hoje estar extremamente qualificado. No final de 2016, tive a oportunidade de atuar com um jogador que atuou comigo no Figueirense e foi ídolo lá no Gaziantespor da Turquia.

O clube já estava me observando naquela época e entrou em contato com este jogador para saber de mim, e ele me recomendou da melhor maneira possível e a partir daí, abrimos as negociações com o Figueirense e meus empresários também, acertamos salários e fechamos! Fui para a Turquia onde gostei muito do campeonato, o povo turco é mais fanático que o povo Brasileiro. É uma coisa absurda!

Começo complicado na Europa e volta por cima

Marquinhos Pedroso: Tive a oportunidade de atuar com jogadores mundialmente famosos e por isso, acredito que tenha sido um ganho muito grande para a minha carreira. Infelizmente, acabei não recebendo salários, que é algo decorrente do futebol turco. Por isso, acabei rescindindo o contrato devido à falta de pagamento e logo, tive a oportunidade de atuar pelo Ferencvarós da Hungria e logo que apareceu eu me interessei muito, porque eu estudei a história e aprendi um pouco também sobre a estrutura do clube, que sem dúvida é melhor que a de alguns clubes brasileiros, como o Grêmio, além de ter treinado em outros CTs pelo Brasil a fora.

A estrutura que se tem aqui é igual ou até melhor, então é algo que me deixou muito contente, além da oportunidade de jogar a Champions League. Por isso, não pensei duas vezes e eu, juntamente com empresários e a família, percebemos que era uma grande oportunidade de crescimento na minha carreira. Hoje estamos disputando o título do Campeonato Nacional e tenho certeza que vamos conseguir manter essa boa sequência de cinco vitórias seguidas na competição, além de mais uma vitória também na Copa da Hungria para se manter lá na frente e conquistar o título no final.

Adaptação a uma nova cultura

Marquinhos Pedroso: A adaptação está sendo muito tranquila, graças a Deus. Até porque, meus familiares já vieram para cá e os da minha esposa também. Uma coisa também que é muito boa é que eu já sabia falar Inglês, até mesmo antes de ir para a Turquia e com certeza, isso é um fator crucial porque aqui todos os jogadores e o próprio técnico, que é alemão, passa todas as instruções e conversa com nós em Inglês. Então, para mim está sendo muito tranquilo, a cidade é linda, dispensa comentários e está sendo tudo ótimo.

Diferenças no futebol

Marquinhos Pedroso: A diferença entre o futebol turco, húngaro e brasileiro é que, tanto no Brasil quanto na Turquia ainda há grandes jogadores, de grande nome. No Brasil são vários, assim como é na Turquia, até porque, tem grandes clubes lá na Turquia como o Fenerbahce, Besiktas e o Galatasaray, com jogadores renomados e de extrema qualidade, pois estes clubes têm grandes condições de pagar um salário excepcional por esses jogadores. Então, muitos destes atletas acabam indo atuar lá. Já no futebol Húngaro, não tem nenhum jogador famoso mundialmente e logo, acaba perdendo um pouco de qualidade técnica no campeonato, mas é muito duro, muito disputado e de extrema força física, inteligência e funções táticas que se aprendem muito aqui. Então, acredito que não é por isso que o campeonato seja mais fácil, a cada dia estou aprendendo muito com essas características táticas que na Europa temos que saber, já que os treinadores cobram muito as funções táticas.

Futebol húngaro

Marquinhos Pedroso: Quanto a tradição do futebol Húngaro, todos nós sabemos que hoje em dia não é um campeonato em que todo mundo se interessa de acompanhar, mas a oportunidade de atuar num grande clube como o Ferencvarós, o maior do país, e tendo sempre a oportunidade de estar entrando em uma Champions League, isso sem dúvida eu acredito que tenha sido uma ótima escolha de ter vindo para cá.

Como disse anteriormente, o clube tem uma estrutura e um estádio que é excepcional, e quem sabe, almejo coisas maiores aqui, como jogar em um campeonato de maior reconhecimento na Europa como o Italiano, o Inglês, o Alemão, que são campeonatos aqui do lado da Hungria. Muitos jogadores são vendidos daqui do futebol Húngaro para a Alemanha e também para a Inglaterra, então, eu vim com essa intenção de mostrar o meu trabalho, conquistar títulos aqui e quem sabe ter a oportunidade de atuar em um grande clube nesses grandes campeonatos.

Atletas que almejar enfrentar

Marquinhos Pedroso: Eu tenho um sonho de enfrentar jogadores como Messi, Cristiano Ronaldo, além do lateral esquerdo Marcelo do Real Madrid que é uma pessoa que joga na minha posição e que joga muito. Sem dúvida, é o melhor lateral-esquerdo do mundo na atualidade e também é um dos maiores de todos os tempos. A favor também, quem sabe, poder um dia jogar junto com estes profissionais.

Maior Objetivo

Marquinhos Pedroso: O meu objetivo, claro, é de chegar a seleção brasileira, até por ter uma idade ainda baixa, estar atuando aqui na Europa e quem sabe daqui um ou dois anos atuar em um clube de maior expressão no continente, que é onde os técnicos estão sempre de olho, e assim não é diferente com o técnico o Tite.

Se eu tiver oportunidade de poder entrar em um clube grande destas ligas, onde todo mundo está de olho e desempenhar um bom trabalho, porque não? Esse é um dos meus objetivos, além de jogar a Champions League também,  que eu sei que é possível atuando pelo Ferencvarós, mas sei que chegar a seleção agora, atuando na Hungria, é complicado. Tenho um projeto de fazer um excelente campeonato, chegar a Champions League para  e quem sabe ir para um grande clube da Europa.

Naturalização

Marquinhos Pedroso: Eu mantenho o objetivo de chegar à seleção brasileira, mas é claro que com o passar do tempo, se isso não acontecer e eu tiver atuando aqui pela Hungria, por exemplo, daqui uns quatro ou cinco anos, ou seja, lá pelos 28 ou 29 anos, sei que já não é mais possível chegar na seleção brasileira, então porque não atuar em outro país? Jogar pela seleção de um país é um sonho de qualquer um e o meu, claro, é a seleção brasileira, mas quem sabe se isso não acontecer e estiver atuando por aqui, sem dúvidas nenhuma, já que eu tenho grande identificação com o país também, ou atuando em outro país, atuar pela seleção é sempre um grande up na carreira de um jogador, além de trazer grande valorização.

Jean Cardoso

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