Há exatos 33 anos o Independiente levantava sua sétima Libertadores, relembre
Em um dia como hoje, 27 de julho, o Rey de Copas levantava sua sétima e última Libertadores contra o Grêmio, o ano era 1984
O Indepediente já era o maior campeão da Libertadores naquele tempo com seis títulos. Até o momento levava um jejum de nove anos sem levantar a maior taça do continente. Até chegar a final contra o poderoso Grêmio, que era o atual campeão do torneio na época, o caminho do Rey de Copas foi duríssimo. No total da campanha roja foram 12 jogos, o Diablo venceu sete dessas 12 batalhas.
A fase de grupos da Copa Libertadores era diferente do que é hoje, só o líder de cada grupo se classificava e o Rojo passou às semi-finais graças ao saldo de gols, o número de pontos era o mesmo do Olimpia (9).
Nas semi-finais daquela Libertadores outro grupo, dessa vez com Universidad Católica e Nacional do Uruguai. Era um jogo de ida e um jogo de volta contra cada um dos adversários. O Independiente saiu invicto dessa fase com dois empates e duas vitórias. O Grêmio, como campeão anterior, entrou automaticamente nas semi-finais e deixou para trás o Flamengo e a Universidad de Los Andes, equipe colombiana, chegando assim à grande final.
A Grande Final
A partida de ida foi em uma terça-feira, 24 de Julho em Porto Alegre. O Olímpico? Lotado. 75 mil pessoas viram a vitória do Independiente por 1-0, que era o primeiro passo para levantar a sétima Copa Libertadores. A ordem do técnico José Omar Pastoriza era que Enrique, lateral esquerdo do Rey de Copas, neutralizasse Renato Portaluppi para que saíssem com a vitória, dito e feito.
Aos 24 minutos do primeiro tempo, Jorge Burruchaga, meio-campista que sempre marca nas finais fez um golaço de longa distância após uma bela assistência do maestro Bochini. Depois do gol o Independiente tomou conta da partida, e o placar magro de 1-0 foi pouco para o que os diablos demostraram em campo.
“O Independiente passou por cima de nós. Tinha um timaço e a magia de Bochini. Também há que dizer que não estávamos 100% fisicamente” disse Hugo De León ao periódico Clarín.
O Esportes Mais entrevistou Gérson Vianna Alves, porto-alegrense que atualmente mora na Argentina, na época da final tinha 19 anos e ainda morava no Rio Grande do Sul: “Eu fui com uns amigos torcedores do Inter, nossa ideia era secar o Grêmio, mas o que não esperávamos jamais foi presenciar tal classe de futebol. No começo do jogo eram insultos, como era de se esperar em uma final, mas no final todos aplaudiram.”
Ficha Técnica (partida de ida): Grêmio: João Marcos; Baidek, De León, Paulo César, China; Casemiro, Renato, Osvaldo; Guiherme (Gilson), Luis Carlos, Tarciso. Independiente: Goyén; Clausen, Villaverde, Trossero, Enrique; Giusti, Marangoni; Bochini, Burruchaga, Bufarini, Barberón (Reinoso).
A partida de volta ocorreu na mística Doble Visera em uma sexta-feira, o resultado foi um 0-0 um pouco morno que garantiu o título ao Rojo. Conversamos com Alberto Gonzalez que na época tinha 16 anos: “Eu fui com um amigo torcedor do River que sempre ia comigo ver o Independiente, não tínhamos ingresso porque já se haviam esgotado com muita antecedência. Já estávamos na entrada do campo praticamente, e veio um homem mais velho e nos perguntou: “garotos vocês têm entrada?”, nós dissemos que não e que estávamos buscando alguém que vendia e ele nos deu duas entradas, parecia coisa de Deus, ele disse que estava muito nervoso e se foi.”
Sobre o jogo Alberto disse: “Foi uma noite inesquecível, estava frio. Uma sensação que com palavras não se pode descrever, mas te posso contar com detalhes da equipe, que lembro com memória. A partida se viveu grande, vínhamos tranquilos com o 1-0 lá, era a volta aqui e o Independiente se guardou um pouco e eles (Grêmio) se apequenaram acho que porque o estádio explodia. No fim da partida tinha gente no alambrado que saltava na foça, surgiu uma espécie de ponte da tribuna ao campo e todos começamos ir ao campo, ainda faltavam dois ou três minutos para acabar o jogo. Ficamos até altas horas no campo, foi uma noite inesquecível, tremenda.”
Também entrevistamos a Daniel Borges, ex-jornalista do Independiente e um dos maiores jornalistas da história do futebol argentino. Daniel nos contou que nessa época ainda não era jornalista e ainda nem pensava em estudar: “Naquela época eu trabalhava numa agência de turismo e o Independiente era 50% da minha vida. Eu trabalhava de segunda a sexta e no fim de semana ia dançar e ver o Independiente aos Domingos, sem nenhum compromisso, sem responsabilidade, gritava os gols na popular(uma espécie de geral). Uma equipe que eu amei muito e que me deixou muitos amigos, tenho muita amizade com Burruchaga, com Clausen, com Trossero, com Enrique, com Carlitos Goyén, com o Bocha… uma equipe com a qual depois eu estive muito próximo”.
Ficha Técnica (partida de volta): Independiente: Goyén; Clausen (Zimmermann), Villaverde, Trossero, Enrique; Giusti, Marangoni; Bochini, Burruchaga, Bufarini, Barberón. Grêmio: João Marcos; Baidek, De León, Paulo César, China; Casemiro, Renato, Osvaldo, Guiherme; Luis Carlos, Tarciso.