Eusébio, o primeiro grande ídolo do futebol português

Seis anos após sua morte, seus feitos não foram esquecidos pelos amantes do futebol do passado

Nascido em 25 de janeiro de 1942, na cidade de Maputo, na então África Oriental Portuguesa (atual Moçambique), Eusébio da Silva Ferreira foi o maior jogador da história do Benfica e um dos maiores jogadores da Seleção de Portugal. Seu auge se deu durante a década de 1960, em que não só ajudou o Benfica a conquistar diversos títulos importantes, como também deixou importantes marcas defendendo a camisa de Portugal. A lenda do futebol português nos deixou em 5 de janeiro de 2014, vítima de uma insuficiência cardíaca. Por isso, nada mais justo do que relembrar acontecimentos marcantes da vida do craque Eusébio, o primeiro grande ídolo do futebol português.

A INFÂNCIA DE EUSÉBIO

Filho de pai angolano e mãe moçambicana, Eusébio teve uma infância pobre. Com 8 anos de idade, ele perdeu seu pai, vítima de tétano. Por essa razão, sua mãe Elisa ficou responsável por sua criação, assim como a dos seus três irmãos. Apesar das extremas dificuldades financeiras vividas pela família, Eusébio nunca deixou de pensar na bola. Frequentemente faltava aulas para ir jogar futebol no campinho de terra com os amigos. Era um menino sonhador, assim como muitos outros nos dias de hoje.

Em um certo dia, um olheiro chamado Chico estava observando os meninos no bairro de Mafalala. As qualidades e as habilidades de Eusébio lhe chamaram bastante atenção. Logo ele percebeu um grande potencial no garoto, e por isso, o convidou para fazer parte do time do bairro, que era denominado de “Os Brasileiros”. Cada jovem da equipe era apelidado com o nome de algum jogador brasileiro. Eusébio ficou com o de “Nenê”, meio-campista que fazia sucesso na Portuguesa de Desportos. Tempos depois, foi tentar a sorte como profissional.

A PASSAGEM PELO SPORTING LOURENÇO MARQUES E IDA PARA A EUROPA

Aos 15 anos de idade, Eusébio quis entrar em um dos times da cidade, o Ferroviário de Lourenço Marques, que era a filial do Benfica em Moçambique. No entanto, acabou sendo recusado pelo seu porte físico um tanto franzino. Mal sabiam do grande erro que estavam cometendo.

Recusado pelo Ferroviário, Eusébio acabou indo para a filial do rival Sporting em 1957. Foi no Sporting Lourenço Marques que Eusébio começou a construir sua vitoriosa carreira. Na primeira temporada, sagrou-se campeão nacional e foi artilheiro do campeonato com 30 gols. Ao longo dos seus três anos no clube, marcou 77 gols em 42 jogos. Média assombrosa para um jogador tão jovem.

Devido ao incrível desempenho que Eusébio teve em Moçambique, já estava dada como certa a sua ida para o Sporting Clube de Portugal. Porém, o Benfica lutou para conseguir o promissor futebolista, e conseguiu êxito no final. O volante brasileiro Bauer teve importante participação nisso, pois em uma das viagens que fez ao país africano, ficou encantado com o futebol de Eusébio, e indicou o jogador a Bela Guttmann, treinador do Benfica na época. A vontade de realizar um antigo desejo do pai, apaixonado torcedor do Benfica, fez com que Eusébio optasse pelos Encarnados.

Após uma tumultuada transferência, o sonho se tornou realidade. No final de 1960, Eusébio se tornou oficialmente jogador do Sport Lisboa e Benfica.

OS GLORIOSOS ANOS NO BENFICA E O SUCESSO NA SELEÇÃO PORTUGUESA

Eusébio estreou com a camisa do Benfica no dia 23 de maio de 1961, em jogo contra o Atlético de Lisboa, marcando três gols na ocasião. Por conta dos atrasos na transferência e na assinatura do contrato, ficou de fora da Copa dos Campeões da temporada 1960/1961, não podendo participar da primeira grande conquista europeia do Benfica. Na temporada seguinte, em que pôde jogar do início ao fim, marcou 31 gols em 29 jogos, e foi um dos protagonistas do segundo título da Copa dos Campeões da Europa, sendo escolhido o melhor jogador da competição.

Nos anos que se sucederam, o Benfica conseguiu um domínio nunca antes visto no futebol português. Sem Eusébio, certamente isso não seria possível. A incrível capacidade técnica do Pantera Negra (como era conhecido), continuou se fazendo presente por várias temporadas. Velocista, habilidoso e dono de chutes potentes, o jogador da colônia portuguesa marcou uma era. Suas atuações impecáveis lhe deram vários prêmios individuais. Foram 17 títulos pelo Benfica e 11 participações na Copa dos Campeões ao longo de sua carreira, em uma época em que se classificavam apenas os campeões nacionais e o campeão da edição anterior da principal competição de clubes do continente.

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Eusébio com a camisa do clube que o consagrou

Estreou em 1961 com a camisa de Seleção de Portugal, na derrota para a Seleção de Luxemburgo, pelo placar de 4 a 2. Apesar das boas atuações, ele não conseguiu levar o país para o Mundial do Chile em 1962. Em 1966, foi convocado para a sua primeira e única Copa do Mundo, onde ajudou Portugal a alcançar o 3º lugar, superando inclusive o Brasil na fase de grupos. A campanha daquele ano permanece até hoje como a melhor do país na história das Copas. Eusébio terminou como artilheiro da competição, marcando 9 gols em 6 jogos.

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Eusébio ainda é o maior artilheiro de Portugal na história das Copas do Mundo

PROBLEMAS NOS JOELHOS, FIM DE CARREIRA E LEGADO

Uma série de lesões nos dois joelhos fizeram com que seu futebol declinasse em meados da década seguinte. Foram 6 operações no joelho esquerdo e 1 no joelho direito. Apesar disso, não desistiu em nenhum momento e continuou jogando, buscando aprender a conviver com as fortes dores. Permaneceu no Benfica até 1975. Daquele ano em diante, passou a rodar o mundo. Na América do Norte, atuou no Monterrey (MEX), no Boston (EUA), no Las Vegas (EUA) e no Toronto (CAN). Em Portugal, ainda jogou a primeira divisão pelo Beira-Mar, e encerrou a carreira aos 37 anos no União de Tomar, time que disputava a segunda divisão portuguesa na época.

Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas no final da carreira, Eusébio já havia deixado seu nome em uma das páginas mais bonitas da história do futebol mundial. Em 2015, um ano após a sua morte, o Benfica inaugurou uma estátua no Estádio de Luz em homenagem ao lendário ídolo. Além disso, ele também passou dar nome a uma avenida localizada nas proximidades do estádio.

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Estátua em homenagem a Eusébio no Estádio da Luz

NÚMEROS, TÍTULOS E PRÊMIOS INDIVIDUAIS

Vale a pena destacar as conquistas mais notáveis da carreira de Eusébio. Vamos a elas:

NÚMEROS DE DESTAQUE

→ Benfica: 473 gols em 440 jogos oficiais

→ Portugal: 42 gols em 64 partidas internacionais

TÍTULOS

Copa dos Campeões da Europa – 1 vez

• Campeonato Português – 11 vezes 

• Taça de Portugal – 5 vezes

• NASL (atual MLS) – 1 vez

PRINCIPAIS PRÊMIOS INDIVIDUAIS

• Chuteira de Ouro da Europa – 2 vezes (1968 e 1973)

• Bola de Ouro da France Football – 1 vez (1965)

• Artilheiro do Campeonato Português – 7 vezes (1964, 1965, 1966, 1967, 1968, 1970 e 1973)

• Artilheiro da Copa dos Campeões da Europa – 3 vezes (1965, 1966 e 1968)

• Artilheiro da Copa do Mundo da FIFA em 1966

• Bola de Bronze da Copa do Mundo da FIFA em 1966

9º melhor jogador do século XX pela IFFHS

 

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Fernando Pimentel

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