Com domínio defensivo, Denver bate Carolina e fatura o Super Bowl

Denver Broncos faturou seu terceiro Super Bowl após vencer o Carolina Panther por 24 a 10, com direito a um verdadeiro domínio defensivo da equipe do Colorado.

Na noite de ontem, dia 07, Denver Broncos venceu o Carolina Panthers por 24 a 10 e conquistou o Super Bowl pela terceira vez na história. O evento, na sua quinquagésima edição, aconteceu na cidade de Santa Clara, no Levi’s Stadium, casa do San Francisco 49ers.

Considerava-se os Panthers, melhor time da liga e liderados pelo MVP Cam Newton, como favoritos antes da partida devido ao seu ataque explosivo combinado com uma excelente defesa. Enquanto isso, os Broncos apostavam na sua defesa dominante para compensar o ataque tão inconsistente. Peyton Manning, quarterback de Denver, era, por sua vez, a maior história do jogo: o veterano de 39 anos, uma das maiores mentes da história do esporte, mas limitado fisicamente, buscava seu segundo campeonato para se firmar como um dos melhores de todos os tempos.Super Bowl

Antes de falar das equipes e da partida em si, gostaria de comentar sobre a polêmica de alguns cinemas passarem o jogo. Pessoas como o respeitadíssimo diretor Fernando Meirelles criticaram esse movimento explicando que não seria algo da nossa cultura, que seria mais uma “babação de ovo” da cultura norte-americana. Ora, o Brasil é o terceiro país com mais fãs da NFL, perdendo apenas para E.U.A. e México, e tal número tende apenas a crescer nos próximos anos. A própria liga está considerando a ideia de trazer o Pro Bowl, o jogo das estrelas, para o Maracanã com o intuito de expandir a marca.

Admito sim que fui ver a partida com um grupo de amigo em um cinema em São Paulo. Duas salas, com capacidade de mais de 200 pessoas, foram reservadas e ambas estavam lotadas. No próprio shopping há um famoso restaurante, que é conhecido por transmitir os jogos, e havia uma fila enorme de espera que dava voltas e voltas. Você não podia andar sem ver uma pessoa com uma camiseta de algum time passeando no lugar. A sensação dentro das salas era a mesma de um estádio: a cada lance as torcidas vibravam, brincavam uma com as outras. Sugiro aos leitores que, se ano que vem tiverem a oportunidade de ver o Super Bowl em algum cinema, não percam por nada porque é uma experiência inesquecível.

A melhor maneira de explicar como a equipe de Carolina jogou nos playoffs desse ano é a de comparar com o estilo de luta de Mike Tyson. Com a pressão da torcida, um ataque explosivo e uma defesa eficiente, tanto contra os Seahawks quanto contra os Cardinals, os Panthers abriram uma boa diferença logo no começo e depois somente administravam. Assim como “Iron Mike”, a produção dos comandados de Ron Rivera caia com o passar da partida, uma espécie de cansaço ou falta de experiência. Apesar desse “problema”, eles eram considerados os favoritos para ganhar o Super Bowl.

Os Broncos, por sua vez, seguiam o clichê mais velho do futebol americano: “ataques ganham jogos, defesas ganham campeonatos”. O ataque de Denver não ia bem, muito devido à fragilidade física de Peyton Manning. As vitórias em cima de Pittsburgh e New England se baseavam em um verdadeiro domínio defensivo, junto com um ataque medíocre que não cometia turnovers. Fizeram o necessário e levaram, com méritos, a AFC.

Depois da Lady Gaga cantar o hino nacional, de Joe Montana jogar a moeda do cara-ou-coroa, de Steph Curry participar da entrada dos Panthers e de Kevin Durant estar como fotógrafo credenciado para cobrir o evento, o Super Bowl 50 começou. Logo na primeira campanha, Manning liderou o ataque dos Broncos para um field goal de 34 jardas. O quarterback veterano acertou quatro de seis passes para 47 jardas e parecia que ia fazer um bom jogo.

Super Bowl
Lance do primeiro fumble forçado pro Von Miller na partida.

Na segunda campanha de Carolina, em uma terceira para dez na linha de quinze jardas do campo de defesa, Von Miller “sackou” Cam Newton e durante a jogava o MVP da temporada sofreu um fumble. Bola viva e o DE Malik Jackson a recuperou na endzone. Ainda no primeiro quarto, os Broncos lideravam por 10 a 0, uma total surpresa.

Já no começo do segundo quarto, Cam Newton aguentou a forte pressão do time do Colorado e colocou seu ataque na redzone, uma das poucas vezes na partida. O MVP acertou um passe para o WR Corey Brown. Graças a uma falta pessoal do CB Aqib Talib, os Panthers ficaram na linha de uma jarda. RB Jonathan Stewart, na jogada seguinte, pulou por cima da pinha de jogadores para anotar um TD bem bonito plasticamente. Ainda no segundo quarto, WR Jordan Norwood, de Denver, fez um retorno de punt de 48 jardas, colocando Manning já no campo adversário. Esse retorno de punt, por sinal, foi o mais longo de qualquer Super Bowl. Jogadas depois, Brandon McManus chutou um field goal de 33 jardas para deixar o placar 13 a 7.

Super Bowl
Lance do TD terrestre de Jonathan Stewart.

Na campanha seguinte do campeão da NFC, FB Mike Tolbert soltou a bola e devolveu a bola para Denver. Apesar disso, Manning lançou uma interceptação para o DE Kony Ealy que fez um belo retorno de 19 jardas. É necessário falar da atuação desse jovem defensor. Com três sacks, uma interceptação e um fumble recuperado, Ealy foi ofuscado pela atuação dominante defensiva dos Broncos.

Com os dois ataques completamente dominados pelas defesas adversárias, o primeiro tempo terminou com Denver vencendo por seis pontos.

Super Bowl
Von Miller teve 2,5 sacks e 2 fumbles forçados no Super Bowl 50.

Depois do fraco show do intervalo, Carolina recebeu a bola para o início da segunda etapa. Newton acertou uma bela bomba de 45 jardas, em uma terceira para dez jardas, para Ted Ginn Jr. Apesar da campanha promissora, K Graham Gano errou um chute de 44 jardas. Os Broncos responderam logo em seguida com um field goal de 30 jardas para deixar 16 a 7. Manning não era nem de longe aquele quarterback que já foi cinco vezes MVP, mas estava jogando bem, fazendo as melhores escolhas, apesar dos números não mostrarem tanto assim.

Cam Newton acertou um passe de 42 jardas para Corey Brown, colocando Carolina em posição para marcar. No entanto, quatro jogadas depois, o ex-quarterback de Auburn forçou um passe que foi interceptado pelo SS T.J. Ward. O jogador até sofreu um fumble tentando retornar o turnover, que acabou sendo recuperado pela sua equipe.

No início do último quarto, Manning sofreu dois fumbles, sendo que o segundo foi forçado e recuperado por Kony Ealy. Desse jeito, Gano acertou um field goal de 39 jardas para deixar o jogo 16 a 10. Um ponto importantíssimo do jogo é que com o passar do tempo e o domínio defensivo cada vez maior de Denver, Cam Newton perdia a paciência. Havia nele uma cara de desespero, ele perdeu aquela postura adquirida de líder e isso afetava seus companheiros. Vale ressaltar que a virada de Carolina era possível, a partida não estava perdida. Bastava o atual MVP assumir seu papel de melhor jogador da liga e tentar a virada.

Não adiantou: faltando quatro minutos para o final, Von Miller forçou outro fumble em cima de Newton, colocando os Broncos na beira de marcar. Jogadas depois, RB C.J. Anderson correu para um touchdown de duas jardas. Depois de uma conversão de dois pontos, obtida através de um passe de Manning para Bennie Fowler, Denver abrira 14 pontos faltando três minutos para o final.Super Bowl

O resto da partida foi uma compilação de caras-e-bocas de Cam Newton ao perceber que o jogo estava perdido. O desespero, parecido com o de uma criança, chegava ser cômico.

Foi assim que terminou o Super Bowl 50: com um show defensivo, Denver venceu por 24 a 10. Von Miller, líder daquela defesa, ganhou o prêmio de MVP da partida. A segunda escolha do draft de 2011, atrás justamente do “SuperCam”, teve seis tackles, 2,5 sacks e dois fumbles forçados. Uma verdadeira atuação dominante.

Como eu já havia dito, Peyton Manning ganhou finalmente seu segundo campeonato. Todos os créditos devem ficar para Von Miller, DeMarcus Ware e cia que dominaram o melhor ataque da competição. Mesmo assim, foi bonito ver uma lenda como Manning se despedindo, provavelmente, da liga em tamanho estilo.

Por Pedro Pacola

 

Pedro Pacola

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