A parábola de Tite e a evolução do Corinthians
Tite promete paciência com os que tem mais tempo de casa, entretanto, evolução do Corinthians depende do maior uso dos recém chegados
Após uma enorme onda de incógnitas em sequência de um desmanche no time, o Corinthians se mantém invicto no ano, porém, as dúvidas continuam rondando Itaquera.
O técnico Tite, é reconhecido por sua honestidade, e isso fica claro em todas as entrevistas dos jogadores corintianos, é fato que você irá ouvir pelo menos uma vez que “O Tite é um cara muito honesto e sabe o que faz” entre os comandados. E até os que acabaram de chegar, respeitando (ou temendo) o treinador e ídolo do clube, repetem o discurso. Muito bonito e ético. Porém, estaria esse processo atrasando a evolução do Corinthians?
Na última rodada do Paulistão, apesar do resultado, o Corinthians fez uma das melhores partidas no ano. O São Bento é um dos times mais organizados (em campo) do interior do estado, e também arrancou um empate do Palmeiras nesse campeonato.
O bom desempenho, com certeza é devido a escalação que o técnico Tite colocou em campo. Com quase todas as contratações no gramado. Balbuena, Willians, Guilherme, Giovanni Augusto e André estavam em campo na Quarta-Feira, e fizeram com o que o Corinthians tivesse uma mobilidade no meio de campo ainda não vista no ano.
Tite tratou de, como de costume, arrumar o sistema defensivo primeiro, e depois tentar fazer o time jogar melhor. E assim, o “velho Corinthians de Tite” voltou. Os simbólicos placares magros voltaram a ser o padrão, além do time contar com um pouco de sorte em algumas ocasiões. As vitórias, deram tranquilidade para Tite colocar em prática seu método de trabalho. A meritocracia.
Os jogadores que estão a mais tempo no clube, têm mais chances, já os recém chegados, ralam duro para conseguir beliscar uma vaga.
Entendo que, isso pode alimentar uma “fome” sadia nos novos contratados, que irão procurar lutar por seu espaço, aprendendo a “respeitar os mais velhos”, mas, existe um grande obstáculo no caminho: Um calendário maluco.
Com a competição continental sendo disputada logo no primeiro semestre, a evolução dos times brasileiros tem que ser alcançada logo no começo da temporada. E colocar ritmo de jogo e entrosamento no time é de fato uma questão básica.
Giovanni Augusto, Guilherme, André, Willians e todos os outros prováveis titulares da temporada, deveriam estar se acostumando a jogarem juntos. A fase de grupos da Libertadores não te dá espaço para tropeços bobos (que diga o São Paulo, que após apenas UMA derrota já tem vida complicada em seu grupo).
Giovanni Augusto já tem demonstrado que merece ser titular. Parece que estudou o Corinthians para jogar aqui. Tem raça, briga por todas as bolas, dá carrinho e o principal, sabe o que fazer quando tem a bola.
André, apesar de não ter feito ainda uma grande partida, é mais artilheiro que Danilo, e com todo respeito ao monstro Zidanilo, que é um ídolo sem contestações, não aguenta mais 90 minutos de futebol em alto nível. Está sendo sacrificado. A volta de Luciano também acirra a competição por vaga na equipe.
Guilherme também ainda não conseguiu aquela grande partida, aquela assistência genial que carrega o peso da 10 do Corinthians, e talvez não seja titular ainda por ter menos mobilidade que Rodriguinho, este que não tem a qualidade do camisa 10. Precisa aprender ainda como Tite funciona.
E Tite precisa entender que, neste momento, o melhor a se fazer é, deixar o time ganhar corpo e entrosamento com os jogadores que de qualquer forma, serão titulares do Corinthians no ano.
Logicamente confio em Tite e seu método de trabalho, que já deu e continua dando frutos, e estou longe de criticá-lo.
A parábola de Tite é manter sua palavra ou acelerar a evolução em tempo de deixar o Corinthians de fato competitivo para a Libertadores. Independente da escolha do mestre, ele sempre terá o apoio da Fiel.