Retrospectiva Flamengo 2017 – Um ano para esquecer

Sonhando com grandes títulos e gerando muita expectativa com contratações, Flamengo tem ano conturbado e termina na frustração

(Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

Após um ano de 2016 bom, o Flamengo começou 2017 pensando grande, com o alto investimento em contratações e a manutenção do promissor Zé Ricardo no comando da equipe, o rubro-negro carioca entrava como um dos favoritos aos principais títulos da temporada. O time entrou com um discurso de Libertadores, gerando grande expectativa em sua torcida. Porém, a equipe passou vexame na maior competição do continente e foi eliminada logo na fase de grupos, juntando com o desempenho pífio no primeiro turno do Campeonato Brasileiro e causando a demissão de Zé Ricardo. Para seu lugar foi contratado o experiente e vitorioso técnico colombiano, Reinaldo Rueda. Com Rueda no comando, o Flamengo chegou em duas finais, a da Copa do Brasil e a da Sul-americana, mas acabou sendo vice de ambas deixando seu torcedor muito frustrado e uma péssima imagem da temporada. Reforços fracassados e erros da diretoria contribuíram para o péssimo ano da equipe.

(Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

“Craque, o Flamengo faz em casa”. A diretoria abriu os cofres, fez investimentos de alto custo, encheu o elenco de medalhões mas os destaques do Flamengo na temporada são da casa. Puxando a fila e o grande destaque do time nos momentos mais importantes da temporada, o meia atacante, Lucas Paquetá, esquecido por Zé Ricardo, cogitando até retornar para o time sub-20, o garoto renasceu com a chegada de Rueda, escalado no meio de campo, o jogador tomou conta da posição, se tornando o melhor jogador do Flamengo na reta final. O segundo da casa que brilhou foi o experiente zagueiro Juan, outro que era esquecido pelo técnico Zé Ricardo, assumiu e tomou conta da zaga do Flamengo com a chegada de Rueda e fez partidas espetaculares, mostrando muita técnica e raça. Felipe Vizeu, por coincidência, também era deixado de lado por Zé Ricardo, Vizeu começou a ter chances com a saída de Leandro Damião para o Internacional e com a chegada do treinador colombiano, fundamental na fase mata-mata da Sul-americana, fazendo gols nas quartas e nas semi-finais, Vizeu terminou o ano como artilheiro da competição. Para encerrar, a joia de 164 milhões, Vinícius Junior, já vendido ao Real Madrid, o jogador de 17 anos ficará no Flamengo até completar 18 anos, foi importante na reta final da Sul-americana também, entrando ao decorrer das partidas e colocando fogo nelas com suas dribles e arrancadas.

(Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

Lucas Paquetá, esquecido por Zé Ricardo, cogitando até retornar para o time sub-20, o garoto renasceu com a chegada de Rueda, no primeiro momento ele foi escalado de forma improvisada na posição de centroavante por conta das lesões de Guerrero e Vizeu, o garoto surpreendeu a todos e com muita força de vontade e técnica se saiu muito bem na posição, marcando até o gol do Flamengo na final contra o Cruzeiro em que ele atuou naquela posição. Com a volta de Felipe Vizeu, Lucas foi puxado para sua posição de origem no meio de campo e tomou conta da posição, se tornando o melhor jogador do Flamengo na reta final, ele marcou gol nas duas finais, contra o Cruzeiro na Copa do Brasil e contra o Independiente na Sul-americana.

(Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

Diego, Guerrero, Everton Ribeiro, Arão… Tantos candidatos para craque do Flamengo na temporada, mas o cara que conseguiu esse posto, nem de titular começou e ele atua no setor defensivo. O zagueiro Juan, com muita técnica, experiência e raça, fez partidas incríveis com a camisa do Flamengo na temporada, 38 anos de idade não é o suficiente para fazer o zagueiro parar, joga de terno, fundamental na arrancada do Flamengo na Sul-americana e na chegada do Flamengo na final da Copa do Brasil, corre como um garoto e tem uma média de desarmes e intercepções muito grande, perdendo apenas para o colombiano Cuellar. Juan foi escolhido o craque da galera pelo Flamengo na enquete do site globoesporte.com . Juan renovou por mais uma temporada com o Flamengo e deve encerrar a carreira ao término do contrato.

(Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

 A eliminação na primeira fase estava longe do planejamento e deixou uma ferida que custou a cicatrizar. Em um grupo com San Lorenzo, Atlético-PR e Universidad Católica, o time de Zé Ricardo ficou na terceira posição da chave. Venceu todas no Maracanã, mas não conseguiu nenhum ponto fora de casa.

Para piorar, o balde de água fria veio com ”requintes de crueldade”. Na última rodada, a equipe abriu o placar diante do San Lorenzo, em Buenos Aires, e levou a virada no último minuto do jogo. Apesar do discurso de não fazer ”caça às bruxas” após o vexame no torneio continental, a pressão sobre o time aumentou a partir da eliminação.

(Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

Em 2017, o Flamengo fez altos investimentos e contratou nomes de grande impacto no mercado nacional. Mas, o desempenho individual de alguns dos reforços não foi o esperado, assim como os resultados que o time atingiu. O goleiro Diego Alves, o zagueiro Rhodolfo, o meia Éverton Ribeiro e o atacante Geuvânio foram as contratações feitas pelo clube a partir de junho.

Os dois homens de frente são dois exemplos. Contratação mais cara do Fla, Éverton Ribeiro veio do Al Ahli, do Emirados Árabes, custou 6 milhões de Euros (cerca de R$ 22 milhões), apesar da titularidade, não conseguiu desempenhar o futebol apresentado no Cruzeiro. No fim do ano sua presença no time principal de Rueda passou a ser questionada.

Já Geuvânio não foi de longe o atacante que se destacou pelo Santos. Depois de voltar do Tianjin Quanjian, da China, o jogador de 25 anos fez 18 partidas pelo Flamengo, só dez como titular, e um gol. Na reta final da Sul-Americana, o técnico Reinaldo Rueda deixou de relacioná-lo em alguns jogos do Flamengo.

Outros dois reforços sofreram com lesões durante a temporada e não puderam ajudar o Flamengo da forma esperada: Orlando Berrío e Conca. O primeiro só se recuperará da grave lesão do joelho esquerdo em cerca de cinco meses. Já o argentino deixou o clube de volta à China tendo atuado por 27 minutos no ano.

O time ainda fechou as contratações dos laterais Trauco e Renê, que terminaram o ano muito vaiados pela torcida, e também do volante Rômulo, que não atuou em 50% das partidas na temporada.

(Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

Que o Flamengo decepcionou sua torcida no ano com mau desempenho no Brasileiro e eliminação na primeira fase da Libertadores ninguém contesta, mas é preciso registrar também que a sorte não anda muita amiga do time. São inúmeros problemas em 2017.

A fratura de Diego Alves – na clavícula direita após choque com González -, nesta quinta-feira, na virada por 2 a 1 sobre o Junior Barranquilla, engrossa a estatística de contusões importantes de medalhões na temporada. Isso sem falar do câncer de Ederson e do doping de Guerrero.

A lesão de Diego foi a primeira. Depois de marcar um golaço na etapa inicial, levou forte pancada no segundo tempo e contundiu o ligamento colateral e o menisco medial do joelho direito. Acabou 53 dias fora de ação, voltando no segundo tempo do empate por 0 a 0 com o Botafogo, em Volta Redonda. No período, fez muita falta no segundo turno da fase de grupos da Libertadores, e o Flamengo caiu. Perdeu também as finais do Carioca.

A lesão de Thiago.  Goleiro de Seleção em 2016, Alex Muralha caiu demais no início da atual temporada e acabou barrado na sexta rodada do Brasileiro. O garoto Thiago assumiu a vaga e alternou bons e maus momentos.

No fim de sua passagem, Zé Ricardo chegou a revezar os dois goleiros. Quando Rueda chegou, apostou em Alex Muralha, mas o goleiro acabou expulso contra o Botafogo.

O colombiano resolveu testar os dois antes da final da Copa do Brasil – já que Diego Alves não podia jogar a competição -, e Muralha falhou contra o Paraná na Primeira Liga e, nos pênaltis, não pegou nenhum. A vaga era de Thiago, que tinha o apoio da torcida. O goleiro falhou na primeira partida da decisão da Copa do Brasil, em 7 de setembro. Nove dias depois, fraturou o punho esquerdo. Muralha e a pressão sobre si estavam de volta.

A grave lesão de Berrío. Jogador de confiança de Reinaldo Rueda, Berrío sofreu lesão gravíssima em derrota para o São Paulo, em 22 de outubro. Rompeu o tendão patelar do joelho esquerdo, problema semelhante ao sofrido por Ronaldo Fenômeno na contusão mais séria de sua carreira. O diagnóstico dado à época foi de pelo menos oito meses sem jogar.

O doping de Guerrero. Bem em grande parte de 2017 e artilheiro do Carioca, Guerrero pegou de surpresa o Flamengo e o povo peruano ao ser flagrado em exame antidoping em 3 de novembro – dois dias após a classificação para a semi da Sul-Americana. Tal situação o suspendeu preventivamente por 30 dias, o que lhe fez perder os jogos da repescagem entre Peru e Nova Zelândia e compromissos importantes do Rubro-Negro.

(Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

Lesão de Diego Alves. Diego Alves foi substituído depois de se chocar com González aos 19 minutos do primeiro tempo. O goleiro ainda tentou permanecer em campo, mas teve de dar lugar a Muralha. Ele deixou o Maracanã e foi direto ao hospital realizar exame de imagem, que confirmou a fratura na clavícula. Ele perdeu a partida de volta da Sul-americana, os dois jogos da grande final e a partida decisiva do Campeonato Brasileiro.

O câncer de Ederson. Quando finalmente voltou a atuar após contusão grave provocada por tesoura de Fagner em seu joelho direito, Ederson teve, em 25 de julho, diagnosticado um tumor no testículo. O camisa 10 do Flamengo, que já passou pela fase de quimioterapia, segue em tratamento para vencer definitivamente o câncer.

Jogadores do Flamengo enviam apoio ao companheiro (Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

O único título rubro-negro conquistado na temporada foi o Campeonato Carioca. Havia um favoritismo grande sobre a equipe, que tinha o maior investimento do futebol do Rio de Janeiro na temporada. Mesmo sem ganhar a Taça Guanabara e a Taça Rio, o Flamengo teve a melhor campanha nos dois turnos. O time do técnico Zé Ricardo venceu o Fluminense na decisão.

Havia um expectativa grande para o desempenho do Flamengo no Brasileirão. Em 2016, a equipe brigou pelo título e ficou na terceira colocação. No entanto, o Rubro-Negro sequer brigou efetivamente pelo título em 2017. Conseguiu a vaga direta na fase grupos com o sexto lugar na última rodada da competição.

Fora da Libertadores, os olhares se voltaram para a Copa do Brasil. Depois do primeiro semestre, o Flamengo se reforçou na janela do meio do ano. No entanto, nomes como Éverton Ribeiro e Diego Alves não puderam disputar da competição mata-mata por conta do regulamento. A campanha teve altos e baixos. Na decisão, o Flamengo teve pela frente o Cruzeiro. No jogo de ida, no Maracanã, abriu 1 a 0 com Lucas Paquetá. No entanto, a equipe de Mano Menezes conseguiu o empate após falha do goleiro Thiago e gol marcado por Arrascaeta. No duelo do Mineirão, ninguém conseguiu abrir o marcador. A decisão então foi definida nos pênaltis. Diego foi o único a desperdiçar, e Muralha, que voltava ao time após lesão de Thiago, continuaria sem pegar nenhuma cobrança na temporada.

A frustrante eliminação da Libertadores rendeu a possibilidade de disputar a Copa Sul-Americana. Um ”prêmio de consolação” que, inicialmente, não empolgou a torcida – os públicos foram baixos nos primeiros duelos válidos pelo torneio. O rival na decisão foi o Independiente. Após perder por 2 a 1 em Buenos Aires, o Flamengo não conseguiu vencer no Maracanã. O empate em 1 a 1 deu o título aos argentinos.

(Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

Planejamento errado no começo da temporada, avaliação errada do elenco, contratações desesperadoras já na metade da temporada, tudo isso tem que ser corrigido para 2018. A próxima temporada não será de grandes expectativas para o Flamengo, mas será de uma pressão muito maior.

 

Adryan Almeida

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