Retrospectiva Cruzeiro 2016: um ano para se esquecer
Mais um ano passando em branco na gloriosa história do Cruzeiro Esporte Clube, pela segunda temporada seguida a Raposa não levantou nenhuma taça, isso não acontecia desde 1989
O ano de 2016 do Cruzeiro foi decepcionante para o torcedor celeste. O maior campeão nacional e internacional do estado de Minas Gerais, sequer chegou à final do Campeonato Mineiro, passou um aperto para se safar da degola. Na Copa do Brasil? Tomou um baile em casa. Vaga na Libertadores? Nem perto. Título brasileiro? Passou muito longe. O melhor que o Cruzeiro conseguiu foi a classificação para a Copa Sul-Americana de 2017.
Muitos apontam a diretoria como a maior culpada pelo insucesso do clube. Em 2016, passaram três técnicos pelo Cruzeiro: Deivid, que veio a ser treinador pela primeira vez em sua vida. Paulo Bento, português, com boas ideias táticas, mas que chegou no meio da temporada sem tempo para armar o time do jeito que gostaria, num campeonato “desconhecido” por ele. E por fim Mano Menezes, o salvador da pátria, por mais uma vez. Em 2015 a diretoria celeste havia usado a mesma fórmula que usou esse ano para escapar da Série B. No ano passado o treinador não deu continuidade ao seu trabalho após receber uma oferta milionária da China.
Era Deivid: uma aposta que deu errado
Campeão da Copa do Brasil, campeão mineiro e campeão brasileiro pelo Cruzeiro como jogador, Deivid chegou como assistente técnico de Vanderlei Luxemburgo ao clube. Depois que o “professor” foi demitido, Deivid continuou na comissão técnica da equipe. Com a saída de Mano em 2015, com o apoio dos jogadores, o ex-jogador, passou de auxiliar a técnico do Cruzeiro.
No Campeonato Mineiro a equipe celeste teve um excelente rendimento na fase de grupos, terminando na primeira colocação de forma invicta com 29 pontos ganhos, nove a mais que o vice-colocado, Atlético Mineiro. Mesmo assim a maneira como o time vinha atuando não vinha agradando o torcedor, devido ao baixo nível do Estadual. Nas semifinais, a Raposa pegou o América, e logo no primeiro jogo no Independência, perdeu de 2-0 para o Coelho. Na partida de volta no Mineirão, os cruzeirenses não tiveram forças para reagir, e a partida terminou em 0-0. América classificado para as finais do Mineiro, Cruzeiro eliminado, Deivid demitido. Pela Copa do Brasil, o ex-artilheiro só comandou o lado azul de BH na partida de ida contra o Campinense, que terminou empatada em 0-0.
O carioca teve 18 jogos à frente da Raposa, com 11 triunfos, cinco empates e duas derrotas, pelo Campeonato Estadual, Primeira Liga e Copa do Brasil, além de um amistoso contra o Rio Branco.
Era Paulo Bento: outra aposta, essa deu super errado
Com a saída de Deivid do comando, o Cruzeiro precisava de um novo técnico. A diretoria celeste ouviu várias recusas, e chegou a ficar quase duas semanas sem treinador no período entre o fim do Campeonato Mineiro e o início do Campeonato Brasileiro. Até que foi anunciada a chegada do português Paulo Bento. Uma notícia inusitada, mas que levou ao torcedor da raposa à algumas esperanças por sua campanha com o Sporting entre 2005 e 2009, onde foi bi-campeão da Taça de Portugal. Além do fato do “portuga” haver sido técnico da Seleção Portuguesa. O que deixava a nação celeste apreensiva era questão da adaptação do português ao futebol brasileiro.
Bento não teve muito tempo para preparar a equipe para sua estreia, chegou para a segunda rodada do Brasileiro. Com ele trouxe vários auxiliares portugueses, e adotou uma metodologia diferente nos treinamentos, com uma maior carga horária e horário diferente ao que estamos acostumados no Brasil.
Apesar de estudar muito, Bento não conseguiu se encontrar no futebol brasileiro. Muitas vezes o comandante escalava a equipe de forma equivocada, deixando jogadores de ponta no banco para colocar inexperientes como titulares. A paciência da torcida do Cruzeiro, que era gigante no início do trabalho, foi se esgotando a medida que o time permanecia na zona de rebaixamento. Paulo Bento comandou o Cruzeiro em 17 partidas, 15 pelo Brasileirão e duas pela Copa do Brasil (as duas contra o Vitória pela terceira fase que levaram o Cruzeiro às oitavas). No total, Bento conseguiu seis vitórias, três empates e oito derrotas, o que representa um aproveitamento de 41,17% dos pontos.
Nem a chegada de Rafael Sóbis e Ramon Ábila, em Junho, foi suficiente para ajudar Paulo Bento e o Cruzeiro a se reerguerem. Com a péssima campanha no Brasileirão, o português foi demitido, após uma sequência de três derrotas consecutivas, a última contra o Sport em casa, deixando o clube na penúltima colocação do Brasileiro ao fim da 16ª rodada.
Era Mano Menezes: a mesma receita, o mesmo resultado – a salvação
Com a demissão de Paulo Bento, a diretoria celeste foi louca atrás de Mano Menezes. O treinador passava férias no Caribe com sua família, após ser demitido na China, levando muito dinheiro pra casa. A aposta de Gilvan e sua cúpula era no comandante que salvou o Cruzeiro do rebaixamento no ano anterior(2015), mas teve seu trabalho interrompido por uma proposta irrecusável do Shandong Luneng.
Contratado, Mano parecia estar na mesma situação que a de um ano atrás, quando havia sido chamado para uma missão: salvar a Raposa da degola. E mais uma vez a missão foi cumprida. O gaúcho que admitia ter um débito com a Nação Celeste após sua saída em 2015, cumpriu sua missão, e chegou a deixar a aflorar o sonho de voltar a jogar a Libertadores na torcida cruzeirense.
Mano assumiu o Cruzeiro na 17ª rodada do Brasileirão, contra o Santos na Vila, desde então pelo Campeonato Brasileiro foram 22 partidas a frente da Raposa, sendo 14 vitórias, 9 empates, 15 derrotas. Terminando assim o Brasileirão em 12º lugar, (conseguindo uma classificação para a Copa Sul-Americana 2017). Mano Menezes deixou o Cruzeiro em uma posição muito mais confortável do que aquela na qual ele encontrou o clube quando assumiu.
Pela Copa do Brasil, o Cruzeiro teve uma campanha notável, chegando às semi-finais da competição. Com o Mano o Cruzeiro eliminou o Botafogo nas oitavas de final, na primeira partida aplicando uma goleada de 5-2 na Arena Botafogo, e na partida de volta ganhando por 1-0 no Mineirão.
Nas quartas de final a Raposa eliminou o Corinthians no Mineirão com uma grande vitória por 4-2, talvez a melhor partida do time no ano, após perder o jogo de ida por 2-1 na Arena Corinthians.
Enquanto a partida contra o Timão foi provável a melhor do ano do Cruzeiro, o jogo de ida no Mineirão contra o Grêmio pelas semi-finais talvez tenha sido a pior. Naquela oportunidade a Raposa viu o Tricolor Gaúcho dominar o jogo inteiro, ganhando de 2-0 do Cruzeiro, com mais de 50 mil cruzeirenses no Gigante da Pampulha. A volta em Porto Alegre terminou empatada em 0-0, assim La Bestia Negra sendo eliminada da Copa do Brasil.
Mano vai dar sequência ao seu trabalho no Cruzeiro em 2017. Ele com sua comissão técnica e diretoria já planejam reforços para que o ano que vem não seja mais um 2015 ou 2016.