Retrospectiva Chapecoense 2016: conquistando o mundo

Após um 2015 surpreendente, chegando nas quartas da Copa Sul-Americana e encantado todo o Brasil, a Chapecoense veio para 2016 com grandes expectativas.

É fato que era o time mais forte do estado de Santa Catarina, com isso não podia esperar menos do que um título estadual. Já no Brasileirão, o objetivo da Chapecoense era o meio da tabela, fugir da luta contra o rebaixamento e, se possível, lutar por uma vaga na Libertadores. Já na Copa Sul Americana, o objetivo do Verdão era fazer bons jogos.

Título estadual

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Como já era esperado, a Chapecoense provou seu enorme domínio sobre o futebol catarinense desde o início do estadual, foi campeã do primeiro turno de forma invicta, sete vitórias e dois empates.
Já no segundo turno, a Chape se segurou, como já tinha garantido a vaga na final, acabou pegando mais leve, mas mesmo assim conseguiu terminar com a quarta colocação do returno.

Chegou a final, e com ela, a prova de que a Chapecoense é o mais forte time do estado de Santa Catarina. Após uma vitória fora de casa por 1-0, o time precisou apenas de um empate com o Joinville no jogo de volta, e assim aconteceu, 1-1 na Arena Condá e a Chapecoense campeã catarinense 2016, além de Bruno Rangel ter sido o artilheiro do campeonato com 13 gols marcados.

Copa do Brasil

A participação do Furacão do Oeste na Copa do Brasil não durou muito tempo. O Verdão chegou à terceira fase da competição, na qual foi eliminado pelo Atlético Paranaense. Porém a não participação nas oitavas de final lhe garantiu uma vaga na Copa Sul-Americana.

Na primeira fase a Chape enfrentou o Princesa do Solimões do Amazonas, venceu o jogo de ida em Manaus por 2-1, na partida de volta a Chapecoense fez um 2-0 na Arena Condá, se classificando para a segunda fase da Copa do Brasil.

Na segunda fase o adversário era um pouco mais complicado, o Paraná Clube. Muito forte em casa o Tricolor derrotou o Verdão por 2-1 no Durival de Britto, mas mais uma vez a Chape mostrou sua força em Chapecó, e venceu o Paraná pelo mesmo placar que havia vencido o Princesa, 2-0.

Na terceira fase da competição, a Chapecoense se deparou com mais uma equipe paranaense, dessa vez com o Atlético. Em duelo de furacões, o do Paraná levou a melhor, garantindo um empate na Arena da Baixada por 0-0 no jogo de ida. E na partida de volta na Arena Condá outra igualdade, 1-1, resultado que classificou o Atlético-PR por critérios de gols na casa do adversário.

Eliminada da Copa do Brasil, a equipe de Caio Júnior, que recém havia chegado à Chapecó, com a saída de Guto Ferreira em julho para o Bahia, tinha a missão de continuar com sua campanha consistente no Brasileirão e ir longe na Sul-Americana.

Campeonato Brasileiro

A temporada de 2016 foi a melhor da história da Chapecoense, desde que ascendeu à Primeira Divisão do Brasileiro. Em 2014 a Chape ficou na 15 ª posição, em 2015 na 14 ª . Neste ano a Chape ficou inclusive próxima à zona de classificação à Libertadores, na 11ª posição com 52 pontos.

No começo do campeonato a diretoria do Verdão apostou no técnico Guto Ferreira, que havia feito uma boa campanha no segundo semestre de 2015 e uma excelente campanha no estadual. Porém Guto ficou só até a décima rodada do Brasileirão à frente da Chapecoense, quando recebeu uma proposta financeiramente melhor do Bahia e acabou deixando a equipe catarinense. Quando Guto Ferreira saiu a Chape se encontrava na sétima posição do campeonato.

Um dia depois da saída de Guto, a Chapecoense já anunciava Caio Júnior como treinador, que ficou no comando da equipe até a 37 ª rodada da competição. Infelizmente o brilhante treinador veio a falecer no desastre aéreo ocorrido com a delegação da Chape na Colômbia. Caio teve dez vitórias, sete empates e nove derrotas pelo Brasileirão com o Verdão.

O Atlético Mineiro com uma nobre atitude abdicou-se de jogar a última rodada do Campeonato Brasileiro contra o Verdão, entendendo e respeitando o momento pelo qual passava e passa o clube. Assim, ambas as equipes deram um W.O. duplo na última rodada.

Copa Sul-Americana

A equipe da Chapecoense tinha um duro adversário pela frente nas oitavas de finais, o Independiente, da Argentina. Após dois jogos sem gols, a decisão foi para os pênaltis, e o palco era a Arena Condá. Com quatro defesas de Danilo, a Chape foi guerreira e eliminou o tradicional clube argentino.

Nas quartas de finais, a equipe da Chapecoense enfrentou o Junior Barranquilla. Após perder por 1 a 0 no jogo de ida, os comandado de Caio Júnior reverteram o resultado em casa, vencendo por 3 a 0.

Nas semifinais o adversário era do San Lorenzo, e fora de casa, a Chapecoense garantiu um importante empate por 1 a 1, gol de Ananias. No jogo de volta, a partida estava empatada em zero a zero, resultado que classificava a Chapecoense para a grande final.

No último lance do jogo, aos 48 minutos, Blandi, do San Lorenzo, finalizou de dentro da área. Danilo, com a ponta dos pés, realizou um verdadeiro milagre, e garantiu a classificação do Verdão para a grande final, contra o Atlético Nacional.

A expectativas era enorme. A Chapecoense tinha o sonho de se tornar campeã Sul-Americana, e foi! Mas não como queríamos.

Em viagem para o primeiro jogo da final, na Colômbia, o avião que levava a delegação da Chapecoense acabou tendo uma pane seca, caindo e resultando em uma tragédia com 71 mortes, sendo 70 vítimas e um culpado. Por ganancia, o piloto da empresa Lamia não parou para o abastecimento necessário, o que resultou em toda a tragédia.

Por que realizou aquela defesa, Danilo? Por que a bola do Ananias entrou no primeiro duelo? Por que com um time tão guerreiro?

Essas são perguntas que todos fazem nesse momento. Acho que a resposta não pode ser outra,  a não ser que era a missão deles aqui na terra, encantar o mundo, unir torcedores rivais, fazer pelo menos por um momento todos esquecerem o dinheiro, o comercio que se tornou o futebol,  e pensar nas vidas, nas famílias. Chape querida, você não conquistou somente a Copa Sul-Americana, conquistou o mundo! #ForçaChape

Depoimento do torcedor Derlei Alex Florianovitz:

O dia 29/11 vai ficar marcado pra sempre em nossa memória. Dormimos na noite anterior com o sonho da conquista da Sul-americana e acordamos vivendo o pesadelo da queda do avião na Colômbia. Particularmente, quando soube da notícia, pensei que se tratava de um pouso forçado, nada muito grave. Quando os primeiros sobreviventes chegaram ao Hospital, a esperança por boas notícias se renovaram e todos acompanhávamos canais de televisão, rádio e twitter em busca de notícias atualizadas e fontes confiáveis. Foi quando veio o maior baque, notícia que, dos 77 ocupantes do voo, somente 6 haviam escapado com vida. Confesso que fiquei em choque, foi como se o mundo desabasse dos pés dos chapecoenses.

Quem conhece, torce e acompanha a história do clube, sabe que vivíamos nosso melhor momento, indiscutivelmente. Um time que até 2009 nem série tinha, num pulo de 7 anos disputar uma final de Sul-americana, afirmado na série A, era o auge! Todos os torcedores estavam eufóricos, a cidade pulsava, vivia a Chape. Mas, de repente, tudo terminou. Todo chapecoense ficou órfão naquele dia. Digo isso, pois para nós, não somente jogadores, comissão e jornalistas que se foram. Foram embora, naquela queda, amigos, gente como a gente, a impressão que se tinha é que todo chapecoense perdeu um ente querido na tragédia, um membro da família, de “dentro de casa”. Chorei, e chorei muito. Horas intermináveis e o dia mais longo e dolorido que já vivi. Naquele momento, tudo o que queríamos era acordar, sem perceber que desse pesadelo nunca acordaríamos.

O que aconteceu na cidade foi algo nunca visto. Andando pelas ruas, “ouvia-se” o silêncio, sentia-se o luto e a tristeza no rosto de cada um que se cruzava olhares. Muitos torcedores, assim como eu, foram à Arena Condá. Fomos nos refugiar da dor e do sofrimento compartilhando essa mesma dor e sofrimento. Isso foi feito por 3 dias seguidos, e toda vez que adentrávamos o estádio, a impressão é que os nossos heróis sairiam do túnel e comemoraríamos juntos o título da Sula. Ledo engano, nossos meninos de ouro voltaram a nossa casa da pior forma possível. Nunca mais veremos a vibração de Danilo, a categoria de Cleber Santana, a pegada de Josimar, a disposição de Gil, a alegria de Tiaguinho e a frieza de Bruno Rangel, o BR9, só para citar alguns.

Cada chapecoense perdeu, há exatos 30 dias, uma parte de sua vida, uma parte do coração, que foi junto com nossos guerreiros, nossos eternos campeões! A vida passa, o tempo cura, mas da memória eles nunca sairão. Hoje faz um mês da tragédia, um mês que nos reerguemos a cada dia, um mês que renovamos a esperança de um futuro melhor para nossa Associação Chapecoense de Futebol, e a certeza de que voltaremos mais fortes que nunca, e honraremos diariamente quem deu a vida para nos representar!

 

 

Marco Aurelio

Nascido dia 15/02/2000 em Blumenau. Sou repórter e comentarista da Rádio Web Esportiva e fotógrafo freelancer. Torcedor fanático do Figueirense e do Liverpool, mas com simpatia por vários outros clubes.

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