Opinião: A consistência e o tênis feminino

Das dez tenistas “top ten” que iniciaram o torneio de tênis feminino de Wimbledon 2018, apenas quatro continuam após os 4 primeiros dias de torneio

Bicampeã de Wimbledon Petra Kvitova, após perder na segunda rodada para Aliaksandra Sasnovich

 

No dia 2 de Julho de 2018, se iniciou o torneio de Tênis de Wimbledon. Como de praxe, sempre nos questionamos, quem irá vencer esse ano? Pela lógica costumamos a apostar nas tenistas mais badaladas, nas cabeças de chave, naquelas que já conseguiram muitas glórias na carreira, porém o tênis feminino está fugindo desse padrão.

Das dez melhores tenistas no ranking feminino da WTA, só quatro conseguiram ganhar seus 2 primeiros jogos no torneio. Um bom exemplo disso é a condecorada Garbine Muguruza. Atual campeã do torneio e 3º melhor do ranking, a espanhola só ganhou um jogo apenas, sendo eliminada na segunda rodada por Alison Van Uytvanck, 47º do ranking da WTA. Quando perguntada sobre a pressão de defender o título na entrevista coletiva, a espanhola apenas fez questão de falar que a adversária jogou melhor.

Outro dado curioso. A última mulher que conseguiu defender seu título em Grand Slam, que não se chama Serena Williams, foi Victoria Azarenka, campeã do Australian Open em 2012 e 2013. Vinte e Um Grand Slams depois e ninguém ainda conseguiu repetir o feito da bielorrusa. Em contramão a esse dado, a defesa de título já ocorreu duas vezes só nessa temporada no circuito masculino. Roger Federer conseguiu defender seu título no Australian Open e Rafael Nadal em Roland Garros.

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Azarenka comemorando seu bi campeonato no Major Australiano

Dentre muitos dados que reforçam a inconsistência das tenistas femininas, um dos que mais impressiona é a discrepância entre, o número de líderes do ranking do tênis masculino, e as líderes do ranking feminino. nos últimos 14 anos, apenas quatro homens chegaram ao topo do ranking mundial: Andy Murray (41 semanas no topo), Rafael Nadal (177 semanas no topo), Novak Djokovic (223 semanas no topo) e Roger Federer (310 semanas no topo). Nestes mesmos últimos quatorze anos, o tênis feminino teve quinze líderes de ranking diferentes: Garbiñe Muguruza (4 semanas no topo), Karolina Pliskova (8 semanas no topo), Ana Ivanovic (12 semanas no topo), Jelena Jankovic (18 semanas no topo), Kim Clijsters (20 semanas no topo), Maria Sharapova (21 semanas no topo), Dinara Safina (26 semanas no topo), Simona Halep (32 semanas no topo), Angelique Kerber (34 semanas no topo), Amélie Mauresmo (39 semanas no topo), Victoria Azarenka (51 semanas no topo), Caroline Wozniacki (71 semanas no topo), Lindsay Davenport (98 semanas no topo), Justine Henin (117 semanas no topo) e Serena Wlliams (319 semanas no topo).

Fica então o questionamento, por que as mulheres não conseguem emplacar seu domínio sobre o circuito, como homens como Roger Federer? Existem muitas respostas pra essa pergunta. O tênis feminino viveu e vive um período de divisão protagonismo. Três mulheres que dominaram o circuito feminino por mais de vinte anos: Steffi Graff, Martina Navatrilova e Chris Evert, estão aposentadas. A mulher que se apresenta como principal candidata a reinar o circuito feminino, Serena Wlliams, consegue fazer esse papel, porém por conta de lesões e de sua gravidez, acaba abrindo espaço pra outras tenistas, brigarem por esse posto.

Equilíbrio exacerbado, ou falta de talento? Talvez nenhum dos dois. Indo para o lado da ciência, as mulheres acabam por ser muito mais emotivas que os homens. Pesquisas mostram que aos 18 anos as mulheres choram quatro vezes mais do que os homens. Assim como também as mulheres são mais estressadas do que os homens e isso no tênis representa quase 50% da partida. No âmbito profissional, os técnicos junto com os psicólogos procuram trabalhar mais o lado emocional do que o técnico, pois é lá que se pode criar uma vantagem contra o seu adversário e isso no tênis é primordial. Pelo sexo feminino, por uma questão biológica, tender a ter mais variações emocionais, acaba também tendo também mais variações técnicas no jogo.

Muitas respostas para uma questão que só tende a aumentar, que comemoremos o equilíbrio então, até porque, qual seria a graça se só uma mulher ganhasse? Viva o tênis feminino e seu equilíbrio!

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Guilherme Araujo

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