Especial: Torcida Split – Nome português, sotaque croata
Conheça a história do maior grupo de Ultras do futebol croata, que curiosamente é escrito em português, a Torcida Split
O maior grupo de Ultras do futebol Croata, tem nome e origens de terras tupi-quinins, mas claro sem abandonar o sotaque croata. O grupo se chama Torcida Split e tem uma história que envolve o nosso querido país, porém ainda é um tanto desconhecida por aqui.
Voltamos a um dos eventos de maior tristeza de nosso esporte: a Copa do Mundo de 1950. Um grupo de torcedores croatas, de Split, passavam as férias por aqui em meio ao maior evento futebolístico que existe. A animação e apoio dos brasileiros em todos os jogos (antes do gol de Ghighia) era contagiante e fez com que o grupo tivesse o desejo de que os jogos do Hajduk Split tivessem a mesma atmosfera.
Vjenceslav Žuvela, Ante Dorić, Ante Ivanišević, Šime Perković, Pocrnjić, Tičić, Vlado Mikulić, esses são os nomes dos responsáveis pela fundação da Torcida. O grupo foi fundado no dia 28 de outubro do mesmo 1950, e já no dia seguinte presenciaram a consagração da maior campanha da história do clube, após vencer o Estrela Vermelha de Belgrado por 2-1, se sagrou campeão do Campeonato Iugoslavo sem perder um jogo sequer, invicto.
Depois disso, o grupo teve grande repressão do Partido Comunista Iugoslavo, a vitória sobre o Estrela Vermelha trouxe preocupações para o governo já que o time era beneficiado pelo governo. Vjenceslav Žuvela que foi um dos fundadores, chegou a ser expulso do partido comunista e a ser preso.
Durante anos o grupo ainda frequentava os estádios e seguiam o clube, porém o nome “Torcida” ainda não aparecia em público, e isso mudou na década de 80, mesma década que foram criados outros grupos de time da Iugoslávia como o Estrela Vermelha, Dinamo Zagreb e Partizam, a partir daí os casos de violência e hooliganismos se tornaram mais constantes.
Indo um pouco mais a frente da história em 1990, os adeptos do grupo começaram a demonstrar sua insatisfação com a Iugoslávia, inclusive um dos primeiros protestos contra o atual governo partiu deles. Em um jogo pelo campeonato nacional queimaram uma bandeira da Iugoslávia enquanto entoavam cânticos e nomes croatas.
Já nos anos seguintes começava a guerra em pró da Independência Croata e vários membros lutaram por seu país, resultando em 27 mortos dentre os adeptos do grupo, adeptos que são considerados heróis.
Nos primeiros anos em que o campeonato Croata foi disputado, o Hajduk se saiu bem e conseguiu ser campeão de três de quatro edições, levando o clube a Liga dos Campeões. O que trouxe a primeira aliança entre torcidas internacionais da Europa, junto com o No Name Boys, do Benfica. Mas isso veio graças a uma tragédia onde 3 torcedores do Benfica morreram em um acidente de carro na volta para Portugal. No jogo de volta, três membros da Torcida entraram em campo antes do jogo e atravessaram o mesmo com uma coroa de flores em homenagem aos falecidos, homenagem recebida com entusiasmo, aplausos e lágrimas.
Já falando em tempos recentes, o Campeonato Croata cada dia mais tem públicos menores, porém a Torcida não deixa de comparecer mesmo com o Hajduk não vencer o Nacional a 10 anos, e geralmente tem a melhor média de público do campeonato.