Fluminense e Atlético Paranaense duelam por vaga na final da Copa Sul-Americana

Tricolores ou Rubro-Negros decidem quem representará o Brasil na final da competição; o rival será colombiano, Independiente Santa Fé ou Junior Barranquila

Em crise política, financeira e nos gramados, o Fluminense terá uma árdua tarefa na semifinal da Copa Sul-Americana nesta quarta-feira, 28 de novembro, no Maracanã.

Na partida de ida entre as equipes, no dia 7 de novembro, o Atlético venceu por 2 a 0 com gols de Renan Lodi e Rony. Para o duelo de volta, o Tricolor precisa igualar o placar para levar para os pênaltis ou vencer por três ou mais gols de diferença para conseguir a classificação direta, com o agravante de não poder sofrer nenhum, já que no torneio o critério de ‘gol fora’ é válido.

A equipe de Marcelo Oliveira ainda não marcou um gol de sequer no mês de novembro, entre Sul-Americana e Brasileirão, o Fluminense sofreu nove gols, em cinco derrotas e dois empates. O panorama financeiro do clube tem sido o agravante, sem pagar salários a pelo menos três meses, a diretoria organizou uma ‘vaquinha’ para arrecadar dinheiro para os atletas e funcionários. O valor arrecadado foi irrisório e motivo de graça entre os próprios jogadores.

Do outro lado do confronto, um Furacão recuperado sob o comando de Tiago Nunes, desde a sua chegada após a parada para o Copa do Mundo, são 33 jogos com 19 vitórias, 7 empates e 7 derrotas, o treinador tirou o clube da penúltima posição e colocou na briga pelo G6. Pensando no duelo decisivo desta quarta-feira, o técnico atleticano escalou uma equipe mista na partida contra o Ceará pelo Brasileirão.

Sem sua força máxima, o Atlético empatou em 2 a 2 com a equipe cearense, após 12 partidas de inventividade, e viu as chances de conseguir uma vaga na Libertadores via Brasileirão ficarem pequenas. Com o empate, o Ceará escapou matematicamente do risco de rebaixamento.

Após a partida, o técnico Tiago Nunes destacou o objetivo do Atlético na temporada: “Temos que parar de almejar somente vagas e almejar títulos, temos um muito possível, vamos focar.”

CAMPANHAS

Fluminense e Atlético tem campanhas parecidas na competição. Na primeira fase a equipe que ainda era comandada por Abel Braga recebeu o Nacional de Potosí, da Bolívia, no Maracanã. Após um primeiro tempo apagado, o Fluminense rígido por Pablo Dyego, marcou três vezes e levou uma boa vantagem para a partida de volta. Enquanto isso, o Furacão que também era comandando por outro técnico, recebeu o Newell’s Old Boys, da Argentina, na Arena da Baixada e fez o mesmo placar, mas ao contrário do Tricolor, o placar foi construído na primeira etapa no embalo do “tiki-taka” de Fernando Diniz.

A volta seguiu o mesmo roteiro para as duas equipes, ambos voltaram com derrota, mas a classificação na bagagem. O Fluminense perdeu por 2 a 0 para o Nacional na altitude de Potosí a mais de 4 mil metros no nível do mar, já o Atlético perdeu por 2 a 1 para o NOB com o estádio el Colosso del Parque abarrotado. Furacão sofreu com muita pressão, mas gol de Nikão no final da partida, tranquilizou os rubro negros e jogou um balde de água fria nos argentinos.

Na segunda fase da competição, as duas equipes foram sorteadas para duelar contra equipes Uruguaias, mas o Furacão levou a pior. O sorteio definiu Fluminense e Defensor e Atlético Paranaense e o multi campeão Penãrol. Os Carboneros, comandando pelo experiente “Cebolla” Rodríguez, liderava o campeonato nacional e era o favorito para o duelo. Na partida de ida na Arena da Baixada, o cenário foi outro e com amplo domínio, o Furacão venceu por 2 a 0 com direito a pênalti desperdiçado e excelente partida de Marcelo Cirino, no seu retorno ao Atlético. O Fluminense, cumpriu seu favoritismo e bateu o Defensor no Maracanã pelo mesmo placar e gol olímpico de Sornoza.

A partida de volta foi histórica para o Furacão, a torcida do Penãrol criou uma grande atmosfera para o duelo, mas o Atlético que já era comandando por Tiago Nunes, não se acovardou e pelo contrário, amassou o pentacampeão da Libertadores em sua casa, aplicando um vexatório 4 a 1 em pleno estádio Campeón del Siglo. O Fluminense foi ao Uruguai e sem correr riscos se defendeu e ainda marcou um gol para sacramentar a classificação contra a frágil equipe do Defensor.

As oitavas de final foi mais bondosa com o Atlético Paranaense e não dificultou muito para o Fluzão. Novamente o mesmo placar na primeira partida. De volta ao estádio Casa Blanca, a casa da LDU no Equador, o Fluminense superou qualquer trauma da Libertadores de 2008 e venceu por 2 a 0, ignorando a altitude. O Furacão fez o mesmo placar em sua primeira partida na Venezuela. A volta seguiu o mesmo cenário da ida, Fluminense venceu por 2 a 0 com tranquilidade no Maracanã e apesar do gol marcado pela equipe do Caracas, os comandados de Tiago Nunes venceram por 2 a 1 sem dificuldades.

A fase quartas de final colocou equipes tracionais no caminho, o Atlético enfrentaria o Bahia que conseguiu uma classificação de forma heroica contra o Botafogo nos pênaltis, enquanto o Fluminense voltaria ao Uruguai, mas dessa vez enfrentaria a pesada camisa do Nacional. Esta fase da competição teria a implementação do VAR (árbitro de vídeo) nas partidas e de cara ele foi muito acionado. Bahia e Atlético se enfrentaram em Salvador e ainda na primeira etapa Cleiton virou um voleio dentro da área e marcou para o Esquadrão. Acionado pelo VAR, o árbitro argentino Fernando Rapallini marcou falta do atacante do Bahia em Nikão, o gol foi anulado e gerou muita revolta na equipe da casa.

Na segunda etapa, logo no primeiro minuto, Ramires empurrou para o fundo das redes após cobrança de falta, mas o árbitro argentino foi avisado de nova irregularidade, o VAR assinalou o impedimento do atacante baiano.
Abalado, o Bahia foi valente e continuou atacando, mas deixava espaços, em uma dessas brechas Santos deu um chutão, Nikão escorou para Pablo que acertou um lindo chute sem defesa para o goleiro Douglas. Vitória importantíssima e cheia de polêmica para o Atlético.

O Fluminense perdeu o Maracanã para decisão e mesmo atuando no estádio Nilton Santos impôs o ritmo de jogo. Gum abriu o placar após cobrança de falta, no primeiro momento o gol foi invalidado, mas com a intervenção do VAR, o gol foi validado. A vantagem era curta, e a equipe do Nacional cresceu muito no fim da partida; após escanteio, Zunino empatou de cabeça para os uruguaios aos 42 minutos do segundo tempo. Resultado péssimo para enfrentar um estádio Parque Central lotado na volta.

Mordido pelos gols anulados na partida de ida, o Bahia chegou se impondo na Arena da Baixada e mesmo com casa cheia de atleticanos, criava as melhores oportunidades. Na bola perdida por Léo Pereira, Júnior Brumado emendou para o gol, mas novamente o gol Tricolor foi anulado. Sem mesmo precisar do VAR, o árbitro invalidou alegando falta no zagueiro atleticano. Melhor na partida, o Bahia conseguiu seu gol no final da primeira etapa, após lateral cobrado para área, o zagueiro Douglas Grolli escorou para o gol. O segundo tempo mostrou duas equipes se protegendo e então o duelo seria decidido nas penalidades.

O goleiro Santos foi o grande protagonista defendendo o pênalti de Vinícius, ex-jogador do Atlético, e vendo Zé Rafael isolar a sua cobrança. Todos os cobradores do Atlético converteram até que Pablo marcou na última batida garantindo o Furacão na semifinal da copa Sul-americana.

O Fluminense também não teve vida fácil para chegar nessa fase, a equipe de Marcelo Oliveira precisava vencer ou empatar por dois ou mais gols de diferença. O time do Nacional em sua casa, era empurrado pela sua fanática torcida e buscava sempre em ataques rápidos. O Fluzão se defendia e com inteligência saia em contra-ataques. Até que em uma reposição do goleiro Conde, a bola ficou fraca e veio nos pés de Sornoza, que viu Luciano livre dentro da área. O atacante tricolor teve a frieza para dominar, driblar o goleiro e empurrar para o gol aos 3 minutos da primeira etapa. A sequência da partida foi o Fluminense se defendendo com muita força física e sacrifício do zagueiro Gum, que estava com muitas dores, e o Nacional procurando o gol que levaria a partida para as penalidades. Valeu a força do time de Guerreiros que garantiu a vitória e conquistou a vaga.

É DECISÃO

Mesmo em crise, a torcida tricolor promete união e incentivo ao time na decisão desta quarta-feira, um dos líderes do grupo, o capitão Gum, destacou a heroica classificação no Uruguai e frisou que nada está perdido: “Estamos vivos, ainda não acabou, podemos reverter jogando em casa”, questionado pelo jejum de gols e pela fase da equipe o capitão tricolor pede o apoio da torcida para o duelo. O Furacão vem com confiança e vantagem para o confronto, com o elenco poupado no último fim de semana, o objetivo do Atlético é marcar um gol para dificultar ainda mais a vida do rival. São esperados cerca de 2 mil rubro-negros no Maracanã.

FICHA TÉCNICA
Fluminense x Atlético-PR (jogo de volta da semifinal da Sul-Americana)
Local: Maracanã, no Rio de Janeiro
Data e horário: quarta-feira às 21h45 (horário de Brasília)
Arbitragem: Julio Bascunan no apito, auxiliado por Christian Schiemann e Jose Retamal, todos do Chile; Raphael Claus (VAR)
Transmissão: TV Globo para RJ e PR, SporTV e Fox Sports
Prováveis escalações:
Fluminense: Júlio César; Igor Julião, Gum, Digão e Ayrton Lucas; Richard, Airton e Sornoza; Cabezas, Everaldo e Luciano
Atlético-PR: Santos; Jonathan, Léo Pereira, Thiago Heleno e Renan Lodi; Wellington, Lucho González e Raphael Veiga; Marcelo Cirino, Nikão e Pablo.

Kauan de Paula

Curitibano, jornalista e designer em formação. Entusiasta de Barra Bravas e apaixonado pela cultura que cerca o futebol

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