Bárbara Arenhart concede entrevista ao Esportes Mais

Em entrevista, Babi conta um pouco sobre sua carreira no handebol e falou sobre as expectativas para as Olimpíadas

A goleira da seleção brasileira de handebol, Bárbara Arenhart, mais conhecida como Babi, concedeu entrevista ao Esportes +. Babi nasceu em Novo Hamburgo, onde passou sua infância na equipe Santa/Feevale, até chegar as quadras da equipe do Metodista/São Bernardo, e de lá saiu para ganhar o mundo.

A atleta brasileira carrega vários títulos no currículo. Na espanha defendendo o Parc Sagunto. conquistou a Copa da Rainha no ano de 2008. Em 2011 acertou com com o Hypo Niederösterreich, onde conquistou o Bicampeonato austríaco, a Copa da Áustria e a Recopa Européia. Com a seleção ela conquistou o pan de Guadalajara, bicampeonato Pan-Americano, o Sul-americano e o mais importantes deles, o mundial de 2013. Além deste título, Bárbara levou a de melhor goleira da competição. Confira a entrevista da campeã mundial de handebol.

Repórter: Por que escolheu o Handebol e a posição de goleira?

Babi: Na verdade eu costumo dizer que o handebol é que me escolheu. Eu comecei a jogar na escola e fui me apaixonando cada vez mais pelo esporte! Escolhi ser goleira porque eu tentei jogar na linha mas não me saí bem, e quando tentei o gol me senti mais confortável e consegui ter uma melhor adaptação.

Repórter: No começo de carreira, você imaginaria que chegaria tão longe e conquistaria tudo que conquistou até o momento?

Babi: Sinceramente não. Eu sempre joguei handebol por amor mesmo e por estar sempre rodeada de muitas pessoas, amigos, familiares e tudo mais. Mas tudo foi acontecendo muito rápido e quando me dei conta já sonhava em ser jogadora da seleção e jogar fora do país.

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“Eu sempre joguei por amor”, Bárbara Arenhart, goleira da seleção brasileira de handebol (Foto: Divulgação)

Repórter: Qual a diferença entre o handebol brasileiro e o handebol europeu em termos de organização?

Babi: A diferença ainda está na cabeça dos apoiadores e patrocinadores. Na minha opinião os brasileiros em geral não veem o handebol como um esporte profissional. Já os atletas que jogam pelos seus clubes tem muita convicção do que fazem e tentam ser o mais profissionais possíveis apesar de muitas equipes não terem possibilidades de oferecer as condições básicas aos mesmos. Convivo com muitos atletas que jogam aqui e atuei no Brasil por muitos anos e o que falta muito ainda por aqui ainda são condições para que as equipes possam se tornar profissionais e dar segurança aos jogadores.

Repórter: Dos clubes em que você passou, qual te marcou mais?

Babi: Todos eles me marcaram muito de alguma maneira. Em cada um tive desafios diferentes e aprendizados que me marcaram. Mas por citar um eu diria que as três temporadas que joguei no Hypo da Áustria foram anos de muito aprendizado e anos em que fui muito feliz. Foi um marco na minha carreira e foi onde pude dividir muitas conquistas com muitas das minhas companheiras de seleção também.

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Clique na imagem para acessar o Guia dos jogos Olímpicos Rio 2016

Repórter: Nos jogos Pan-americanos de Guadalajara você conquistou o seu primeiro ouro com a seleção. Qual a importância desse feito em sua vida?

Babi: Na verdade antes de Guadalajara eu já tinha sido campeã com a Seleção. Tanto com a seleção olímpica quanto nas categorias de base mas o ouro em Guadalajara teve um sabor especial. Apenas uma seleção classificava para as olimpíadas de Londres no ano seguinte e foi muito emocionante ganhar da maneira como ganhamos contra a Argentina e classificar para os Jogos Olímpicos.

Repórter: No mundial de 2011, o jogo contra a Tunísia foi emocionante do começo ao fim, e você marcou o gol de desempate e garantiu a vitória brasileira. Qual foi a sensação naquele momento?

Babi: Foi um momento muito singular na minha carreira. Estar jogando em casa, com meus pais sentados atrás de mim assistindo ao jogo lá em São Paulo foi com certeza um fator a mais pra tonar esse dia ainda mais especial pra mim. Quando penso nesse gol e nesse jogo eu só consigo me lembrar de todo mundo correndo na minha direção e a gente comemorando muito aquela vitória. Tinha sido o jogo que jogamos pior até aquele momento e fazer o gol e trazer a vitória pro Brasil naquele dia deixou a sensação do jogo toda pra trás e a gente só conseguia lembrar da felicidade daquele momento.

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Bárbara, a goleira artilheira da seleção brasileira (Foto: Divulgação)

 

Repórter: Como foi ficar fora dos jogos Olímpicos de Londres? Inclusive sua mãe ficou muito chateada com a situação e protestou nas redes sociais. Achou justo o corte?

Babi: Com toda certeza do mundo aquele corte pra Londres foi um divisor de águas na minha carreira de atleta. Estar em um Olimpíada é o sonho de todo o atleta e ficar de fora dos jogos de Londres foi como perder o chão sob meus pés. No momento do corte me custou muito entender o que estava acontecendo e o porquê das coisas. Mas eu acredito muito que nada acontece por acaso e eu consegui ver as coisas por outro lado um tempo depois. Nós atletas não temos o direito de julgar uma decisão técnica como sendo justa ou não até porque cortar um atleta dói tanto no treinador quando no jogador. Levo esse corte como um ensinamento a mais e tenho a certeza que me fortaleci muito depois de tudo o que aconteceu. Babi

Repórter: Em 2013 foi o ano da seleção com a conquista do mundial. Além do título, você ganhou o prêmio de goleira da competição. Você se sente satisfeita com o que você vem apresentando embaixo das traves ou tem que melhorar?

Babi: Tenho certeza que se tu conversar com qualquer atleta de alto rendimento a resposta será a mesma! A gente sempre quer melhorar e na minha opinião estar satisfeito nos leva a uma zona de conforto que nos estaciona. Depois de 2013 muitas coisas mudaram tanto na minha vida profissional quanto na minha vida pessoal, mas eu vivo em constante busca pela melhoria. Não me satisfaço com o que já passou e acho que é isso que me move em tentar ser uma atleta e pessoa melhor todos os dias.

Repórter: E como está a preparação você para os jogos do Rio2016?

Babi: Estamos treinando intensamente já desde o final de maio. Cada uma está agora nas suas casas, mas temos um programa de treinamento pra fazer todos os dias. Ainda teremos muitos dias de preparação e estamos muito focadas e melhorar as nossas deficiências a cada dia pra estarmos prontas para a competição no dia 6 de agosto.

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Bárbara acredita no ouro nos jogos olímpicos do Rio (Foto: Divulgação)

Repórter: Qual a expectativa para os jogos? Acredita na medalha de ouro jogando em casa com o Ginásio cheio?

Babi: Eu acredito sim na medalha. Tenho plena certeza que estamos nos preparando e fazendo todo o possível para estarmos a altura que a competição exige, mas também temos total consciência de que este é sem dúvida o campeonato mais forte que teremos que jogar. Na minha opinião pelo menos nove equipes tem totais condições de ser campeão, então a briga já é muito dura na fase de grupos. Eu já joguei com ginásio cheio e com torcida contra e a favor, mas nunca senti nada igual a jogar no Brasil. Nós temos uma torcida apaixonada, participativa e jogar em casa com essa energia é como ter um jogador extra na quadra.

Repórter: Para os novos jogadores de handebol, qual mensagem que você deixa para que eles possam seguir os mesmos passos que você?

Babi: Aos novos jogadores, quando a gente tem um sonho ninguém pode limitar o tamanho dele ou dizer que ele não vale a pena ser sonhado. E da mesma maneira ninguém além de nós mesmos podemos trabalhar para alcança-lo. Então apesar das muitas adversidades que vão aparecer pelo caminho, siga em frente e tenha a certeza de que a gente SEMPRE colhe o que plantamos.

Christian Castilho

Estudante de Jornalismo na Faculdade Eduvale de Avaré 30 anos Apaixonado por esportes

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