Análise: um empate com sabor de vitória para o Blumenau

Após sofrer virada, Blumenau Esporte Clube empata com o Guarani de Palhoça no SESI

Na tarde desse sábado (14), o Blumenau Esporte Clube recebeu o Guarani de Palhoça pela segunda rodada do returno do Campeonato Catarinense da Série B. A partida terminou empatada em 2 x 2, com gols de Juninho e Negreiros, para o BEC, e dois de Rodrigo, para o Guarani.

Foi o Blumenau quem abriu o placar, em contra-ataque de velocidade, Ruhan recebeu na direita e puxou para o meio, onde tocou para Juninho que chutou cruzado para o gol. O Guarani de Palhoça empatou ainda no primeiro tempo com Rodrigo, que recebeu na direita e bateu, de fora da área, no canto do gol. Logo no início do segundo tempo, o Guarani virou em falha do goleiro Wesley. Rodrigo bateu do meio do campo no meio do gol, o goleiro, mal colocado, acabou aceitando. Por fim, no último lance do jogo, Sérgio Allan sofreu pênalti. O estreante Negreiros cobrou e empatou o jogo para o tricolor blumenauense.

ANÁLISE

Foi um jogo com muita superioridade do Guarani de Palhoça. O time soube jogar em cima do seu esquema e aproveitar a qualidade técnica para ser melhor maior parte do jogo. Tomou o primeiro gol na única forma que o Blumenau conseguiria marcar naquele momento, na minha opinião, pois o zagueiro Mateus estava na área para o escanteio. Mateus foi o grande destaque dos primeiros minutos, era o pilar da defesa do Guarani, sempre evitando os contra-ataques do Blumenau e conseguindo trazer segurança e calma para o meio de campo do seu time. O Blumenau aproveitou da velocidade, única característica na qual foi melhor que o adversário, para armar as jogadas. As principais pela direita com Ruhan e uma com Juninho, após inversão dos alas.

O Guarani sempre buscava jogadas laterais, principalmente pela direita com Rodrigo e Bassani, ou então pela esquerda com Roni. Acabava por perder na velocidade para a defesa tricolor, mas a qualidade técnica superava e assim saíam boas jogadas. O Blumenau permaneceu fechado do primeiro minuto até o final do primeiro tempo, mesmo depois de sofrer o empate. O atacante Negreiros ficava pelo meio sozinho, enquanto Ruhan e Juninho, alas, recuavam para auxiliar os laterais Paulo Roberto e Ramon. Mais pro final do primeiro tempo, o Guarani, que não estava conseguindo ser eficiente nem na finalização nem nos cruzamentos, acabou aproveitando, pela terceira vez, dos espaços que o adversário dava para bater de fora da área e empatar o jogo.

Para o segundo tempo, o Guarani entrou com uma proposta ainda mais ofensiva que a do primeiro. A saída de Breno para a entrada de Wesley até ajudou um pouco na armação, mas o time acabou virando o jogo em um bate-rebate, após um escanteio, no qual a bola sobrou no meio de campo para Rodrigo chutar e marcar, em falha horrível do goleiro, o seu segundo gol. Após a virada, os visitantes até tiveram chances para matar o jogo, mas acabaram recuando completamente e permitindo o jogo do Blumenau. Com o passar do tempo ambas as equipes foram cansando e aí se destacou o melhor jogador da partida na minha opinião, o ala Ruhan. Mesmo com as entradas de Sérgio Allan e Maiquinho, visando armação, e de Rossetti, visando contenção e posse de bola, o BEC não conseguia criar, mal tentava, faltava a cabeça pensante de Miller, por exemplo, que estava fora por lesão. Todas as bolas acabavam nos pés de Ruhan, pela direita, para sair em velocidade e tentar, sozinho, pois ninguém se aproximava, criar oportunidades.

A defesa do Guarani foi percebendo isso e marcando mais forte o lado direito, chegou um momento no qual havia três jogadores em cima de Ruhan, que conseguiu um escanteio na jogada. Após várias tentativas falhas, o Blumenau foi pra base do chutão, e em um deles Alex resbalou para Sérgio Allan dominar no meio da área e sofrer pênalti. Negreiros, que não havia feito muita coisa na partida, cobrou e marcou.

CRÍTICA

Wesley (Blumenau) – Jogador mais “homenageado” pela torcida tricolor na partida. É um goleiro sem confiança nenhuma. Deu pra perceber que não tava muito focado no jogo. Além de não trazer segurança alguma para a equipe, nunca estava bem posicionado no gol. É um goleiro jovem, apenas 20 anos, tem muito chão pela frente na carreira, mas hoje se mostrou incapaz de ser titular, não valeu o risco de deixar o Paranhos fora.

Ramon (Blumenau) – Falta calma e confiança. Tem velocidade e qualidade no passe, mas é um jogador sem muita paciência para o 1 contra 1 e assim acaba fazendo muitas faltas desnecessárias, ou então tomando bolas nas costas. Foi expulso com dois cartões amarelos próximos, ambos em faltas sem necessidade, mas não fez um jogo ruim. Saiu aplaudido pela torcida e merecidamente.

Jean Carlos (Blumenau) – Um jogador teimoso, insistente, tanto dentro quanto fora de campo. Mostrou um futebol deplorável, insistia em jogadas que obviamente não dariam certo e isso repetidamente. No intervalo respondeu a torcida que estava criticando a atuação, apontou o dedo e proferiu palavras de um vocabulário desnecessário. Não se responde torcedor, ainda mais de forma desrespeitosa.

Ruhan (Blumenau) – Melhor jogador em campo. Definição perfeita de raça, garra, vontade. Foi essencial para evitar a derrota, sempre tentava criar, seja com velocidade, com dribles, com passes, que seja. Deu a assistência no primeiro gol do Blumenau e com certeza os defensores do Guarani terão pesadelos a noite com o ala. Nota 10 na partida.

Negreiros (Blumenau) – Veio pra resolver e resolveu. É um jogador decisivo, de poucos toques na bola mas sempre todos essenciais. Precisa melhorar muito o condicionamento físico, mal conseguia andar em campo. Mas mesmo assim fez um pivô interessante, deu bons passes e ajudou defensivamente na bola aérea. Tudo isso tocando poucas vezes na bola. Com um físico melhor, vai ser o jogador que o time precisava.

Rodrigo (Guarani) – Um lateral de muita qualidade defensiva e ofensiva. Soube anular os ataques do Blumenau que vinham pelo seu lado e auxiliou a todo momento o zagueiro Mateus para recompor. Ofensivamente foi essencial para o time. A confiança de ver a oportunidade e chutar para o gol foi o que deu os dois gols para ele. Assim como Ruhan, nota 10 na partida.

Mateus (Guarani) – Foi essencial para evitar os contra-ataques do adversário. Muito seguro e confiante. Infelizmente no finalzinho do jogo o cansaço consumiu e permitiu que não marcasse tão bem Alex no momento do pênalti.

Xavier (Guarani) – Um capitão que joga muita bola. Foi o grande articulador do time visitante, a todo momento aparecendo para o jogo. Deu toques chave para as principais oportunidades do time e manteve a postura do início ao fim.

Confira as entrevistas pós-jogo:

Viton – técnico do Blumenau

“No meu ponto de vista o time se portou bem. Conversamos que iríamos trabalhar em cima do contra-ataque, por termos dois jogadores de velocidade nas beiradas, e graças a Deus conseguimos fazer o um a zero. Tomamos dois gols que, no meu ponto de vista, houve uma falta em primeiro lance (para o BEC) que não foi dada, onde saiu o primeiro gol deles, e depois numa falha do nosso goleiro que tava saindo pra um canto e tomou no contra pé”, disse, “Fomos atrás do placar, com um homem a menos, e numa infiltração do Sérgio Allan foi marcado o pênalti e o Negreiros conferiu”, declarou.

Para o técnico Viton, a palavra que definiu a partida do Blumenau foi raça. “Com um homem a menos, nós acreditando o tempo todo. Vejo também que de uma certa forma o Guarani abusou da confiança, deixaram aos 35 minutos do segundo tempo um escanteio a favor deles dois homens segurando a bola e isso nos contagiou. Mostramos ser uma equipe de brio, lutamos e vimos que tínhamos condição de chegar ao empate e assim aconteceu”, explicou.

Ruan – lateral do Blumenau

“Acho que hoje eu fiz um grande jogo e pretendo repetir um jogo assim sempre , ajudando a equipe com um passe, uma jogada, até um gol. Espero que o jogo de hoje sirva de algo pra gente, um ponto dentro de casa sempre é importante e agora teremos mais um jogo aqui e vamos trabalhar durante a semana pra fazermos um grande jogo.”

Luiz Carlos Cruz – técnico do Guarani

“É um time jovem com muita qualidade técnica e um padrão de jogo que quando cheguei já estava estabelecido. Claro que cada um acrescenta uma outra maneira de ver, mas o Ramírez (técnico do time no primeiro turno) continua com a gente, ele é um treinador como eu, bastante competente, então temos trocado muitas ideias”, disse o técnico em relação à sua chegada no clube. “Em relação ao Jaraguá (último jogo) trocamos duas peças e hoje, quando estávamos melhor, tomamos um gol de contra-ataque depois de um escanteio nosso. Eles tomara quatro gols de bola parada no último jogo e ao invés de fazermos gols de bola parada, nós tomamos gols de bola parada, no contra-ataque após o escanteio e no pênalti. Então temos que melhorar, fui muito duro no vestiário com os jogadores. Era pra termos seis pontos, estamos com dois, vamos ter que fazer contra o Marcílio Dias o que não fizemos em dois jogos. Será na nossa casa e precisamos fazer o resultado. Temos que ser efetivos e eficientes, hoje não fomos”, concluiu.

Rodrigo – lateral do Guarani

“Nosso sentimento no vestiário hoje é de derrota. Respeitamos sim a equipe do Blumenau mas tomamos um gol de pênalti faltando 30 segundos pra acabar o jogo, o que acaba ofuscando os gols que fiz. Claro que trocaria meus gols pela vitória”, falou o autor dos dois gols do Guarani. “Não podemos nos abater, temos um jogo difícil dentro de casa no qual não podemos deixar pontos pra trás. É levantar a cabeça e não aceitar um resultado na mão e deixar empatar como hoje, inclusive com um a mais.”

 

Marco Aurelio

Nascido dia 15/02/2000 em Blumenau. Sou repórter e comentarista da Rádio Web Esportiva e fotógrafo freelancer. Torcedor fanático do Figueirense e do Liverpool, mas com simpatia por vários outros clubes.

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