Independiente e seu presente de Natal: Holan continua como treinador

Com mudanças na comissão técnica e após declarar que não seguiria, Ariel Holan volta atrás e renova por um ano com o Independiente

Na tarde do último sábado 23/12 o torcedor Rojo recebeu a notícia que esperava: Ariel Holan continua no comando do time até o fim de 2018. O treinador campeão da Copa Sul-americana 2017 atendeu ao pedido da torcida, revogou sua decisão e renovou com o Independiente após negociações conturbadas que geraram um desgosto numa parte da torcida Roja.

Antes da final contra o Flamengo, o discurso de Holan era: “Temos uma decisão muito importante para o clube, não é momento de falar disso. Após o fim do torneio, me reunirei com os dirigentes e definirei minha continuação”.

Com o título conquistado e com o Hugo Moyano reeleito com 88,3% dos votos no pleito para presidente ocorrido no dia 16/12/2017, o treinador e a cúpula do Independiente se reuniram para iniciar as tratativas as quais não avançaram e aumentaram a crença de que Ariel Holan não seguiria no comando do Rey de Copas.

Rompimento com Kohan e confirmação da saída

À par disto veio a público o rompimento da relação de Holan com o Preparador Físico Alejandro Kohan. Companheiros há mais de vinte anos, a relação entre os dois desgastou-se e dois meses antes da decisão do título continental, Kohan teria comunicado pessoalmente a Holan que não continuaria. Nos bastidores se fala de brigas de egos e diferenças econômicas. O preparador físico, acumulava a função de coaching e tinha uma relação muito próxima com os jogadores, fato que preocupou Holan. Junto com Kohan saíram Tobias Kohan (filho de Alejandro), Gustavo Sato e Juan Branda.

Na segunda-feira 18/12, após uma reunião no final de semana com Hugo Moyano, Holan publicou uma carta no seu twitter no qual comunicava que não seguiria no clube do seu coração pela segurança da família. Vale recordar que desde 21 de outubro Holan e sua família andam com custodia policial após o treinador sofrer tentativa de extorsão e ameaças pelo então chefe da barrabrava do Independente, Pablo “Bebote” Alvarez. Dias após a denuncia Alvarez se entregou à polícia.

Procura por treinador substituto

Sem treinador os dirigentes Rojos saíram ao mercado a procura de substituto, todos de fora da Argentina. O mais cotado e primeiro a ser procurado foi Matias Almeyda. O treinador que já teve  Ariel Holan como assistente de campo, foi campeão da serie B com o River e com o Banfield e atualmente se encontra no Chivas de Guadalajará, onde em três anos conseguiu três títulos (o último em abril deste ano). Mesmo com vontade de retornar a Argentina, a multa rescisória, a idolatria no clube e inflexibilidade da diretoria do clube mexicano fecharam às portas para Almeida.

O segundo procurado foi Pablo Guede. No comando do San Lorenzo foi campeão da Supercopa Argentina de 2015 e vice do campeonato argentino em 2016. Atualmente o treinador se encontra no Colo-Colo onde, com altos e baixos, conseguiu 3 títulos em um ano e meio. Guede, por meio do seu representante, comunicou que estava confortável no Chile e que não sairia de lá.

O terceiro procurado foi um velho conhecido: Antonio Mohamed. Campeão da Sul-americana de 2010 com o Independiente, “El Turco” acabou saindo do time após a invasão do vestiário pela barrabrava que o obrigou a pedir demissão. Mohamed, que acabou de ser campeão com Rayados de Monterrey no México, declarou que estava comprometido com o clube e que não voltaria ao país.

Com a negativa dos principais apontados, começou a tomar força o nome da dupla Kohan-Ervitti. Após declarar que Independiente seria um clube para “ficar pra morar” e com a saída consumada de Holan, Kohan via com bons olhos a permanência no Rojo já que contava com o bom relacionamento com os atletas e conhecimento do grupo. Ervitti, atual jogador do elenco que chegou com a responsabilidade de ser o armador do time, não obteve continuidade devido às fracas atuações que apresentou e acabou relegado ao banco de reservas, se retiraria do futebol para assumir a equipe com Alejandro Kohan.

Personagem inusitado determinante e renovação de Holan

Neste meio tempo um personagem inusitado seria determinante para a mudança de postura de Holan: Cristian Ritondo, ministro de Segurança da Província de Buenos Aires. Ritondo, torcedor do Independiente, atuou de mediador para fazer o treinador repensar sua saída garantindo-lhe segurança e tranquilidade para sua família, principal motivo para a previa renúncia. Somado a isto o amplo reconhecimento e pedido dos torcedores, além do respaldo de velhas glórias do clube e dos próprios jogadores fez Holán repensar sua decisão.

Um abraço que o treinador deu no ministro ao recebe-lo no seu casamento que ocorreu última sexta-feira, teria sido a confirmação da mudança de postura. Além do lado torcedor de Ritondo, a não continuação de Holan enfraqueceria seu projeto contra as barrabravas argentinas que já prendeu Bebote Alvarez, Noray Nakis (ex vice-presidente do Independiente com ligações com Bebote) além de outros membros da cúpula da torcida do Diablo Rojo.

Na própria sexta-feira Fernando Hidalgo, representante do treinador, enviou à diretoria do Independiente um esboço do contrato que viria a ser oficializado no sábado com a presença de Hugo Moyano (presidente eleito), Pablo Moyano (vice-presidente) e Hector “Yoyo” Maldonado (secretário geral) na casa do próprio Arial Holán.

Independiente confirmó la continuidad de Holan. (Prensa Independiente)
Holan e diretoria dos Independiente após a confirmação da continuidade do treinador (Fonte: Prensa Independiente)

Consumada sua efetivação, o comandante Rojo escolheu Pablo Blanco para preparador físico que deverá chegar com Claudio Gugnali. Ambos foram assistentes de Alejandro Sabella nos seus passos pelo Estudiantes de La Plata e pela seleção argentina.

No dia 4 de janeiro Independiente se reapresentará para iniciar a pré-temporada visando um ano com varias competições por enfrentar e com o Ariel Holan, o treinador que trouxe o velho e reconhecido “Paladar Negro” (definição surgida nos anos 70, ao gosto requintado pelo bom futebol que o clube apresentava) ao Rey de Copas.

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Luiggi Parisi

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