Opinião: Se estadual é clássico, olha o porque aprendi a gostar de futebol

Sem ser nostálgico, queria saber, onde anda o futebol brasileiro?

(Foto: Divulgação / CBF)

Não é por acaso que entre as décadas de 60 a 70 o futebol brasileiro conquistou grandes títulos com seus clubes e a Seleção Brasileira. Ganhamos o status de “país do futebol”, adquirindo admiradores pelos quatro cantos do mundo.

A produção de craques, para não dizer gênios do futebol, aflorou em todo território nacional. Os clubes eram verdadeiras fábricas de bons jogadores.  Todos os times, sem exceção, viviam das suas bases e as peneiras deles eram grandes, disputadas e quantos craques foram dispensados de clubes e depois fizeram carreiras e nomes nos rivais.

Nessa época, os jogadores praticamente jogavam por amor à camisa. Raros são os que ganhavam fortunas e ficavam anos e anos defendendo sua escuderia.

Esta fase passou em meados de 80, foi quando começaram a exportar os nossos atletas para o exterior. Qualquer país recorria ao futebol brasileiro para aperfeiçoar ou aprender como se jogava o verdadeiro futebol.

Para se ter uma ideia, na América do Sul, tanto em termos de clubes, como de seleção, nossos adversários eram os argentinos e os uruguaios. O restante do continente da América do Sul eram massacrados em confrontos contra os brasileiros.

Mas, com a debandada de nossos jogadores, as coisas mudaram. Eles aprenderam além de jogar futebol, a possuir a nossa catimba, como ter a manha, esquemas táticos, enfim, importaram da gente todo o conteúdo futebolístico.

Títulos, glórias e o reconhecimento mundial

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(Foto: Reprodução / Gazeta Press)

No ano de 1950 esbarramos na maior “ZEBRA” do futebol mundial, a derrota da Seleção Brasileira em pleno Maracanã na final da Copa do Mundo daquele mesmo ano contra o Uruguai. Foi um resultado fatídico por 2 a 1 e como ficou conhecido como o “MARACANAÇO”, um dos maiores reveses visto até então pelo futebol.

Estávamos no caminho certo, o futebol brasileiro crescia e dava espetáculo, tanto que no final da década de 50 o Brasil foi campeão mundial em 1958. Disputando a Copa do Mundo na Suécia, veio o primeiro título da Seleção Brasileira. Numa final contra os donos da casa, em jogo no Estádio Rásunda, na cidade de Solna na Suécia, vencemos por 5 a 2. Depois viria o bicampeonato em 1962 no Chile e o tricampeonato no México.

No ano de 1959 foi criado a Taça do Brasil, que hoje é o mesmo Campeonato Brasileiro. O Bahia sagrou-se campeão, vencendo o Santos de Pelé. Com isso, foi também o primeiro time a disputar um torneio oficial da América do Sul.

Em 1960 foi criado a Copa Taça Libertadores da América, o campeonato mais importante e significativo das Américas. O Bahia sendo o representante brasileiro, fez uma campanha modesta, não passando da primeira fase.

A fila andou e o Santos de Pelé conquistou o primeiro título da Libertadores para o Brasil em 1962. No primeiro jogo, no Estádio Centenário, em Montevidéu, no Uruguai, derrotou por 2 a 1 o Peñarol. No jogo de volta, na Vila Belmiro perdeu por 3 a 2, obrigando uma terceira partida em campo neutro.

O Jogo foi disputado na Argentina, no Estádio Monumental de Nuñez, e o resultado foi de 3 a 0 para o Santos. O time Santista repetiu o feito em 1963, vencendo na final o time argentino Boca Juniors.

No ano de 1962, o Santos conquistaria o título mundial interclubes. O campeão sul-americano fez a final contra o campeão europeu, o Benfica. No primeiro jogo o Santos venceu por 3 a 2 jogando no Maracanã e no jogo de volta, no Estádio da Luz, em Portugal, Lisboa venceu por 5 a 2.

Fato que repetiria em 1963, o time Alvinegro decidiu contra a equipe do Milan e no primeiro jogo perdeu por 4 a 2 no Estádio San Siro, na Itália. Já no jogo de volta devolveu o mesmo placar aos italianos, jogando no Maracanã, obrigando uma terceira partida contra o Milan de Amarildo e Mazzola.

A finalíssima e o desempate aconteceu no Brasil, com público de 120.421 torcedores para assistir a vitória Santista por 1 a 0.

A paixão e o gosto pelo futebol

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(Foto: Reprodução / Jornal O Tempo)

Como nasci em 1962, ainda não entendia destas conquista até então: o título do Brasil em 1958 e 1962. Os títulos do Santos em 62 e 63 respectivamente.

Mas em 1966, com apenas 4 anos, ouvia atentamente os meus tios, pai e amigos falando da épica conquista da Taça do Brasil pelo Cruzeiro, derrotando nada mais, nada menos, que o Santos de Pelé e cia.

Mais tarde pesquisei e assisti vídeos, áudios, narrações deste grande jogo que deu ao Cruzeiro o status de “time grande”. Em jogo histórico, no primeiro confronto no Mineirão, os donos da casa aplicaram uma goleada no time Santista por 6 a 2, comandado por Tostão, Dirceu Lopes, Piazza, Raul e cia.

No segundo jogo, em São Paulo, no Estádio Pacaembu, a Raposa derrotou novamente o Santos por 3 a 2 de virada, depois de sair perdendo por 2 a 0 no primeiro tempo e o presidente Santista indo até o vestiário do time Celeste, para tentar marcar onde seria o terceiro jogo decisivo.

Mas segundo relatos da época, dirigente e presidente do Cruzeiro, disseram que a partida não tinha terminado. No segundo tempo veio a virada sensacional do time Mineiro, colocando-o entre os seletos times campeões nacionais.

Assim a Raposa foi fazendo história no cenário brasileiro e em 1976 conquistou o seu primeiro título internacional, sendo campeão da Libertadores da América. Derrotou neste ano na final o River Plate da Argentina.

No Mineirão venceu por 4 a 1 e perdeu no Monumental de Nuñez por 2 a 1. Em Jogo realizado no Chile, para o desempate, venceu por 3 a 2 em jogo catimbado, polêmico, com brigas no final e com gol de falta de Joãozinho nos minutos finais.

Fato curioso, Nelinho era o grande cobrador oficial de faltas do time. Enquanto se preparava para a cobrança, Joãozinho correu e bateu lá no canto do goleiro, fazendo o gol do título que não foi comemorado pelo então técnico Zezé Moreira do Cruzeiro, que o chamou de irresponsável.

O time celeste, que foi o segundo do Brasil a conquistar o torneio Sul-americano, foi vice-campeão mundial, perdendo para o Bayern de Munique dos jogadores Sepp Maier, Franz Beckenbauer, Rummenigge e Gerd Müller. O elenco era a base da Seleção Alemã.

Jogando na Alemanha, os donos da casa venceram por 2 a 0 e empataram no Mineirão no jogo de volta por 0 a 0. O resultado deu ao time alemão o título de Campeão do Mundo.

O Cruzeiro conquistaria ainda em 1997 o bicampeonato da Libertadores e novamente foi vice campeão mundial. Foi campeão da Supercopa da Libertadores em 1991 e 1992 e a Recopa Sul-Americana em 1998.

Sagrou-se campeão nacional ainda em 2003, 2013 e 2014. É o atual campeão da Copa do Brasil, título conquistado no ano passado (2017) além das edições de 1993, 1996, 2000 e 2003.

Entre esses anos, não podemos deixar de citar o Botafogo-RJ, time do Garrincha, Nilton Santos, Didi, Manga e Zagallo, considerado o “esquadrão imortal”.

Quem não se lembra, ou pra quem é amante do futebol, do Guarani de Campinas, campeão brasileiro em cima do poderoso Palmeiras. Naquele time jogavam Zé Carlos, Renato e Careca sob a regência do craque Zenon.

Sua arquirrival, a Ponte Preta, que foi vice campeã paulista em 1977 e 1979 com um time de encher os olhos do torcedor, nunca e até hoje não conquistou nenhum título, mas tinha naquele elenco nada mais nada menos que Carlos, Oscar, Polozzi, Dicá e Lúcio.

O Atlético Mineiro apareceu com seu elenco afinado e entrosado comandado por Telê Santana com Nelinho, Luizinho, Toninho Cerezzo, Paulo Isidoro, Eder Aleixo e o gênio Reinaldo que embalava seu torcedor gritando: “Rei, Rei, Reinaldo é nosso Rei.”

O Flamengo de Zico, Junior, Leandro, Adílio, Raul e cia, várias vezes campeão brasileiro, campeão da Libertadores e também do mundial interclubes.

O Internacional de Falcão, Batista, Escurinho, Dario, Manga, tricampeão brasileiro e que mais tarde saindo do contexto dos anos 60 e 70, conquistou o bicampeonato da Libertadores e um mundial interclubes.

Seu rival Grêmio, de Renato Gaúcho, Eder Aleixo, Paulo Cesar Caju, Mario Sergio entre outros, conseguiu ser bicampeão brasileiro e na mesma levada do Inter conseguiu ser pentacampeão da Copa do Brasil, bicampeão da Libertadores e um mundial interclubes.

O São Paulo entraria com grandes conquistas na década de 90. Palmeiras fica para uma outra oportunidade, mas figurou entre os grandes times no período citado acima.

O futebol deixou hoje os times como empresa, a paixão são para nós os torcedores. Por isso há elencos bons num ano e no outro nada de time bom. Eles comercializam seus jogadores, a base da seleção joga no exterior. Não conseguimos manter nossas revelações no cenário nacional, as propostas são tentadoras e não há como segurar nossos craques.

Mas, quem nunca sofreu por seu time? Quem nunca foi a um estádio? Quem não vibrou pela jogada fenomenal do seu craque preferido? Quem nunca chorou pelo seu time ser campeão? E aquele gol?

Isso é futebol e fui aos 14 anos, em 1976, assistir Cruzeiro e Palmeiras, no Mineirão, pelo campeonato brasileiro. Resultado? Aqui estou até hoje apaixonado e bobo com aquele espetáculo de torcidas de ambas as partes.

Isso não tem preço… Ou melhor, só pagando um ingresso ou, hoje, assistindo pelos canais de TV paga ou não os jogos dos seus respectivos clubes.

 

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Luis Carlos FURBINO de PINHO

CRUZEIRO é meu time. Administrador, Escolar, Motorista categoria D na MA Acessórios. Músico/Violão. Monitor de Vôo Livre na Escola VOLARE de Sta. Teresa ES. Colunista no site www.esportesmais.com.br

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