Rússia está fora do Atletismo no Rio de Janeiro
A delegação da Rússia está proibida de participar das provas de Atletismo no Rio de Janeiro, em decisão anunciada pela Corte Arbitral de Esportes.
Nessa quinta-feira, dia 21, a Corte Arbitral de Esportes (CAS) anunciou a desclassificação da delegação russa nas competições de Atletismo dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. O motivo para tal afastamento é o suposto escândalo de doping, a qual o próprio governo russo seria o responsável, que estourou no segundo semestre do ano passado. A Federação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) havia banido a Rússia de futuras competições. A questão é que 68 atletas abriram um processo para barrar tal proibição. Como era esperado, a ação foi negada e proibição mantida.
Em nota oficial, o CAS explica: “O tribunal confirmou que atletas russos estão impedidos de ser nomeados para o evento”. O presidente da IAAF, inglês Sebastian Coe, reiterou a posição forte contra o doping no esporte, mas diz a decisão de banir tal potencia é amarga.
A principal atleta desse grupo de 68, a bi-campeã olímpica Yelena Isinbayeva, criticou a decisão: “Obrigada a todos por enterrar o atletismo. Tudo isso é puramente político”.
Já o ministro de esportes da Rússia e considerado como principal cabeça do escândalo, Vitaly Mutko, defende seus compatriotas. “É uma decisão subjetiva, política e desprovida de base jurídica. A Federação Internacional é completamente corrupta. Tudo começou com eles. As pessoas mencionadas no primeiro relatório da comissão independente continuam trabalhando”. Apesar de tudo isso, presidente Vladimir Putin não demitiu Mutko pelo fato dele não ter sido citado diretamente nos relatórios.
A Agência Mundial Antidoping (WADA) solicitou ao Comitê Olímpico Internacional (COI) desclassificação de todos os integrantes da delegação da Rússia dos Jogos Olímpicos, não apenas do Atletismo. Informações apontam que tal esquema não tenha ficado apenas em uma modalidade. A prova disso é a divulgação, a uns dias atrás, de irregularidades de competidores russos durante as Olimpíadas de Inverno em Sochi de 2013.
Caso a Rússia realmente seja banida dos Jogos, a própria Copa do Mundo de 2018 poderá estar em cheque. Questionamentos sobre a “pureza” dos jogadores, junto com o aumento de ataques xenofóbicos de torcedores russos, são problemas que devem ser solucionados para uma o bom decorrer da competição.
Fazendo o papel de Advogado do Diabo, é preciso dizer que é pouco provável que o doping se existe apenas na Rússia. No contexto em que vivemos, é impossível que atletas norte-americanos e chineses, por exemplo, estejam totalmente limpos. Desde o início do século passado, o esporte sempre foi um meio de se expor internacionalmente.
Prova disso são os casos de doping documentados durante a Guerra Fria. Nesse mesmo contexto, não foram apenas os russos que usavam dessa tática. Evidências apontam que o doping também era uma prática comum entre os norte-americanos.
Basta pensar que se os atletas da MLB se utilizaram de substancias proibidas para melhorar o rendimento, por exemplo, por que não acreditar que os yankees também se utilizaram de tais substâncias, em um contexto tão delicado quanto foi a Guerra Fria? Claro, isso não inocenta a Rússia, mas deixa claro que ninguém é santo.
No doping, você é somente pego se suas técnicas são muito atrasadas ou se há um dedo-duro na jogada. Nesse escândalo russo, foi definitivamente a segunda opção.
Por Pedro Pacola