Jogos Olímpicos Rio 2016: Atletismo

Entenda mais sobre o Atletismo: suas regras, sua riquíssima história e o que esperar para Rio 2016

O Atletismo é, sem dúvidas, um dos esportes mais populares dos Jogos Olímpicos. Seja para nós brasileiros, com momentos como o bicampeonato de Adhemar Ferreira no salto triplo (1952 e 1956), a surpreendente vitória de Maurren Mauggi no salto em Pequim ou então o sabor agridoce da medalha de bronze de Wanderlei Cordeiro em 2004. Seja então por causa de momentos históricos, como as quatro medalhas de ouro conquistadas por Jesse Owens nos jogos de 1936 em Berlim, o etíope Abebe Bikila se tornando bicampeão da Maratona (1960 e 1964) correndo descalço, os norte-americanos Tommie Smith e John Carlos, medalhas de ouro e bronze respectivamente, nos 200 m nos Jogos da Cidade do México que realizaram o gesto dos Panteras Negras em cima do pódio e vários outros momentos.

Sobre o esporte:

Contudo, infelizmente, com exceção do curto período que abrange os Jogos Olímpicos, o atletismo tem quase nenhuma visibilidade no Brasil, mesmo sendo um dos esportes individuais com mais medalhas conquistadas. Ao todo foram quatorze medalhas, sendo quatro de ouro (Adhemar em 1952 e 1956, Joaquim Cruz em 1984 e Maurren Mauggi em 2008), quatro de prata e sete de bronze. A falta de interesse se dá pela junção da falta de visibilidade do esporte na mídia com atletas que têm pouco ou até nenhum apoio/incentivo financeiro para continuarem se desenvolvendo tecnicamente e competindo em alto nível.

No intuito de uma melhor didática, é comum dizer que o atletismo tem três ramificações: corrida, lançamento e salto. Dentro dessas três categorias há várias modalidades, com suas participações em competições oficiais variam muito da época. O exemplo clássico é a prova de 60 m rasos, prova extremamente curta que atletas de alta competições nunca participam justamente devido à sua duração, que entrou no programa dos Jogos Olímpicos de Paris (1900, sim, você não leu errado, 1900) e St. Louis (1904) e que nunca mais voltou a fazer parte do cronograma oficial.

Durante as trinta edições dos Jogos já realizadas, um total de 52 eventos diferentes fizeram parte do cronograma. Desde 2008, contudo, o calendário oficial conta com 24 provas diferentes. Vale ressaltar que foi somente na oitava edição, em 1928 na cidade holandesa de Amsterdã, que as categorias femininas foram incluídas.

O atletismo pode ser realizado em pista, campo ou nas ruas. Os famosos “estádios olímpicos”, como os de Roma e Berlim, possuem uma pista de corrida com 400 m de comprimento em volta do campo.

Tendo isso em vista, existem três tipos de corridas: as de velocidade, meio-fundo e fundo. O que varia cada um dos tipos é justamente a distância envolvida na prova. Dentro da parte das corridas, ainda há a “inusitada” Marcha Atlética e a famosíssima Maratona.

Na Marcha Atlética, é obrigatório manter um dos pés no chão e o joelho da perna que está fazendo o movimento deve permanecer reto. Durante os 20 ou 50 Km de prova disputados nas ruas da cidade-sede, há vários juízes espalhados pelo trajeto, fiscalizando se os atletas não estão quebrando as regras; caso um competidor seja penalizado três vezes, ele é automaticamente desclassificado.

Spiridon Louis se tornou um herói nacional após a conquista em 1896.

A Maratona é considerada um dos eventos mais nobres dos Jogos Olímpicos. Reza a lenda que no ano 490 a.C., o mensageiro ateniense Fidípides teria corrido cerca de 40 Km, do campo de batalha de Maratona até a cidade de Atenas, para avisa que os helênicos teriam vencido os persas e morreu de exaustão ao chegar na cidade. Aumentou-se o mito sobre a prova quando um mero criador de ovelhas e vendedor de aguá mineral grego, Spiridon Louis, venceu a primeira Maratona das Olimpíadas Modernas em 1896 justamente em Atenas. Desde os Jogos Olímpicos de 1924, em Paris, a prova possui um trajeto de 42.195 metros e tem a honra de ser uma das provas que fecham o último dia de competições, um pouco antes da cerimônia de encerramento.

Tanto as provas de lançamento quanto as de salto, ambas são realizadas dentro dos “estádios olímpicos”. Existem também quatro diferentes tipos de saltos e lançamentos: salto triplo, salto em distância, salto em altura e salto com vara e arremesso de peso, lançamento de disco, lançamento de dardo e lançamento de martelo.

No salto triplo, o competidor vem em velocidade e realiza três saltos consecutivos até cair em uma caixa de areia. A diferença para o salto em distância é que nesse último o atleta realiza apenas um salto para cair em uma caixa de areia.

No salto com vara, o competidor corre com uma vara maleável, feita geralmente de fiberglass e fibra de carbono, por uma distância de 45 m e, ao tentar fixar tal vara no chão, ele ganha impulsão e tenta superar a altura marcada no sarrafo para depois cair em segurança em um colchão posto após o obstáculo com o sarrafo, sem derrubar o próprio. Existe uma marca inicial e após cada rodada a altura é aumentada cinco centímetros. O atleta possui três tentativas para superar tal marca. Existem também cinco tipos diferentes de varas, que variam a maleabilidade e o tamanho, que vai de quatro a cinco metros de comprimento.

Já no caso do salto em altura, o competidor deve tentar saltar o próprio sarrafo sem o auxílio de qualquer instrumento. Os atletas vêm em movimento, em uma trajetória que lembra uma parábola, e saltam horizontalmente para frente para tentar superar a marca estabelecida. As mesmas regras em relação às marcas, que se aplicam no salto com vara, também são aplicadas no salto em altura, porém a marca é aumentada de três em três centímetros.

As diferenças nos eventos do atletismo que envolvem lançamento são os objetos que são lançados. No arremesso de peso, uma bola, de 7,26 Kg para os homens e 4 Kg para as mulheres, deve ser lançada na maior distância possível.

Já no caso do lançamento de disco, cada atleta deve arremessar um prato de metal, que mede 219 e 221 mm e pesa 2 Kg para homens e 180 e 182 mm e pesa 1 Kg para mulheres, a maior distância possível. Existe uma área de 2,5 m onde os competidores tomam impulsão para realizar os lançamentos.

No lançamento de dardo, o objeto arremessado é um dardo que varia de 800 g e 260 cm de comprimento (masculino) e 600 g e 220 cm (feminino). Ganha quem arremessar o dardo mais longe entre duas linhas de 90 m. Os lançamentos, portanto, devem seguir a trajetória de linha reta.

 

Por fim, no lançamento de martelo, o objeto a ser lançado é uma bola de metal, de 7,26 Kg e 4 Kg, presa a uma alça com arame metálico de 1,2 m de comprimento. Em todas as provas, existe uma gaiola de segurança que protege o público caso qualquer um desses objetos perigosos e pesados escapem e vão em direção da plateia.

Ainda existe o decatlo e o hepatlo. No caso do decatlo, são dez provas realizadas em dois dias que envolvem corridas, saltos e lançamentos. Prova realizada apenas por homens, ganha quem tiver a maior pontuação nos dez eventos. A mesma lógica vale para o hepatlo, porém são apenas sete provas e apenas mulheres são permitidas.

A imagem abaixo explica didaticamente como funcionam todos os eventos do atletismo nos Jogos Olímpicos:

  História do Atletismo nos Jogos Olímpicos:

Como uma das modalidades mais tradicionais, não é surpresa dizer que a história do Atletismo nos Jogos Olímpicos está cheia de momentos marcantes para a humanidade. Tirando a conquista de Spiridon Louis em 1896, o primeiro grande feito no Atletismo nas Olimpíadas foi alcançado pelo finlandês Paavo Nurmi, recordista no esporte com nove medalhas de ouro e três medalhas de prata, conquistadas entre 1920 e 1928. Muitos pensam que o norte-americano Carl Lewis é o maior medalhista, porém o “Olympian of the Century” conquistou apenas uma medalha de prata. Para se ter uma ideia do domínio de Nurmi, Usain Bolt precisaria ganhar as três provas que disputará nessa próxima Olimpíada e ainda ganhar pelo menos mais uma medalha de ouro em Tóquio 2020 para quebrar tal façanha.

Paavo Nurmi

Na verdade, a equipe finlandesa de Atletismo era tão forte no período entre guerras que a Finlândia ainda é a quarta colocada no quadro geral de medalhas do esporte, apesar de fazer décadas e décadas que o país não é uma potência mundial.

Atletismo
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Na ordem cronológica, o próximo grande acontecimento foram as quatro medalhas de ouro conquistas pelo norte-americano Jesse Owens em Berlim 1936. Apenas o fato de ter conquistado os 100 e 200 m rasos, o revesamento 4 x 100 m e o salto em distância na mesma edição dos Jogos Olímpicos já garantiria uma vaga de Owens na história. No entanto, some tais feitos ao fato de Jesse ser negro e as Olimpíadas sendo realizadas no auge da Alemanha Nazista, que pregava a superioridade ariana perante a outras raças.

Reza a lenda que Adolf Hitler teria deixado o estádio olímpico após a vitória de Owens por não aceitar a vitória do norte-americano. Contudo tal história não seria verdadeira, o Führer teria tomado a decisão de ir cumprimentar nenhum atleta no pódio antes da conquista de Jesse. O próprio atleta disse em entrevista que a caminho do pódio, Hitler teria acenado para ele (Jesse) e que ele teria acenado de volta. Jesse Owens ainda completou dizendo que sua maior mágoa da vida dele teria sido o então presidente Franklin D. Rosevelt nem ter mandado um telegrama parabenizando-o pelas conquistas, por medo de perder apoio da ala conservadora racista.

Jesse Owens no alto do pódio.

O repórter alemão Siegfried Mischner, em 2009 com 89 anos de idade, afirmou que Jesse carregava uma foto com ele apertando a mão de Hitler em sua carteira. O acontecimento foi ocultado por jornalistas do período para não melhorar a imagem do ditador alemão. Vejo como um ato justo ocultar tal acontecimento, mas, ao mesmo tempo, não nos ajuda a compreender a dimensão do racismo nos Estados Unidos no século XX.

O próximo herói no Atletismo foi o checo Emil Zátopek. Especialista em provas de longas distâncias, Zátopek era visto como um sucessor de Nurmi. Foram quatro medalhas de ouro e uma de prata durantes Londres 1948 e Helsinque 1952. A “Locomotiva de Praga” foi um dos primeiros atletas a utilizar a técnica de “interval training” nos seus treinos, algo revolucionário para o período. Emil ainda ganhou a São Silvestre em 1953, com uma larga vantagem em cima dos adversários.

Adhemar Ferreira da Silva em 1952

Foi em Helsinque 1952 que tivemos nosso maior campeão do Atletismo nacional triunfando pela primeira vez: Adhemar Ferreira da Silva, bi-campeão olímpico no salto triplo em 1952 e 1956. Talvez você nunca tenha ouvido falar do nome dele, mas com certeza já viu aquelas duas estrelas douradas no escudo do São Paulo. Pois bem, Adhemar defendeu as cores do clube São Paulo e essas estrelas representam às quebras dos recordes mundiais justamente em Helsinque 1952 e no Pan-americano na Cidade do México em 1955. Ainda em 1955, se transferiu para o Vasco da Gama onde encerrou sua gloriosa carreira em 1960.

Abebe Bikila em Roma 1960

Adhemar começou também uma rica tradição brasileira no salto triplo. Nelson Prudêncio foi prata na Cidade do México 1968 e bronze em Munique 1972 e João do Pulo foi bronze em Montreal 1976 e em Moscou 1980. Pode parecer “pouco”, mas para um país com quase nenhuma tradição no Atletismo como o Brasil, são feitos notáveis.

Em Roma 1960, um mero soldado da guarda do imperador etíope Haile Selassie, Abebe Bikila chocou o mundo ao vencer a Maratona descalço em tempo recorde, o primeiro africano a alcançar tal façanha. A linha de chegada era no Arco de Constantino, símbolo da grandeza do Império Romano e que foi usado nas propagandas fascistas de Benito Mussolini. O próprio Mussolini, em 1935, invadiu a Etiópia na Secunda Guerra Ítalo-Etíope. A vitória de Bikila, portanto, tomou ares de mitológica, lendária. Abebe
veio conquistar o bicampeonato da prova em Tóquio 1964. Infelizmente, o “maior maratonista de todos os tempos” sofreu um acidente de carro em 1969 que veio deixa-lo paralítico; acabou falecendo quatro anos depois, em 1973, devido à complicações do acidente.

Em Cidade do México 1968, os norte-americanos Tommie Smith e John Carlos, respectivamente primeiro e terceiro lugares nos 200 m rasos, fizeram o resto dos Panteras Negras no alto do pódio. Os “Panteras Negras” é uma organização considerada como radical e que era atuante na luta por direitos sociais para a população negra durante as décadas de 1960 e 1970. O segundo colocado, o australiano Peter Norman, se mostrou solidário à Smith e Carlos usando um broche da OPHR. Nem é preciso dizer que as carreiras dos três atletas foram extremamente afetadas após o acontecimento.

Os Jogos Olímpicos de 1984 em Los Angeles foram marcados pela ascensão de Carl Lewis. Tido como um fenômeno desde seu período na Universidade de Houston, Lewis repetiu o mesmo feito de Jesse Owens: ganhar ouro nos 100 e 200 m rasos, no revezamento 4 x 100 m e no salto em distância na mesma edição. Isso caiu como um luva para os norte-americanos aquela batalha ideológica entre EUA e URSS. Vale lembrar que houve um boicote soviético em 1984 e os Jogos se tornaram um meio de propaganda da visão capitalista, assim como os americanos boicotaram Moscou 1980 e os soviéticos usaram perfeitamente a competição para mostrar a força da URSS perante o mundo.

Los Angeles 1984 foi marcante também para o Atletismo brasileiro: Joaquim Cruz ganhou ouro nos 800 m rasos, vencendo de maneira surpreendente o britânico e favorito Sebastian Coe. De quebra ainda, Cruz ainda quebrou o recorde olímpico naquele dia. Anos depois, Coe veio se tornar presidente da Federação Internacional de Atletismo, a IAAF. Enfim, quatro anos depois, em Seoul 1998, o brasileiro conquistou a medalha de prata na mesma prova, perdendo para o queniano Paul Ereng por centésimos.

Seoul 1988 também ficou marcada pela ascensão e queda do canadense Ben Johnson. Johnson chocou o mundo ao vencer Carl Lewis nos 100 m rasos e quebrar o recorde mundial com um tempo impressionante de 9,79. É interessante notar que o recorde atual da prova, conquistado por Usain Bolt, é de 9,59. Como é sabido, o canadense foi pego na exame anti-dopping e Lewis herdou a medalha de ouro. Na verdade, seis dos oito finalistas admitiram ter usado esteroides em algum ponto da carreira. Desse jeito, o brasileiro Robson Caetano seria, em tese, o vencedor da prova. A prova da qualidade de Caetano é que ele foi bronze nos 200 m naquela mesma edição.

Vanderlei sendo empurrado por Cornelius em Atenas 2004.

Outro caso marcante de dopping aconteceu em Sydney 2000. A norte-americana Marion Jones ganhou ouro nos 100 e 200 m rasos e no revezamento 4 x 400, além de ser bronze no revezamento 4 x 100 e no salto em distância, se tornando a primeira mulher a ganhar cinco medalhas na mesma edição dos Jogos. Em 2007, contudo, Jones admitiu que estava sob influência de substâncias proibidas em 2000 e teve de devolver todas as medalhas conquistadas.

Em Atenas 2004, primeira Olimpíada em solo grego desde 1986, mais uma vez a Maratona teve um momento marcante. O brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima liderava a prova até que Cornelius Horan, um ex-padre irlandês, burlou a segurança e empurrou o brasileiro para fora do trajeto. Vanderlei voltou para a prova, mas não conseguiu manter o mesmo ritmo e terminou em terceiro. Pelo seu espírito esportivo, o maratonista ganhou a famosa Medalha Pierre de Coubertin, uma honraria para qualquer atleta, ainda em 2004.

Já em Pequim 2008, Maurren Mauggi se tornou a primeira brasileira a conquistar uma medalha em Olimpíadas na história do Atletismo. Mauggi venceu a favorita Tatiana Lebedeva, russa e medalha de ouro em Atenas 2004, por um centímetro. Além de ser a primeira brasileira medalhista no esporte, Maurren também foi a primeira brasileira a ser ouro em uma modalidade individual, sendo o primeiro ouro no Atletismo desde Joaquim Cruz em Los Angeles 1984.

Foi também em Pequim 2008 o momento em que Usain Bolt brilhou para o mundo. O velocista jamaicano foi ouro nos 100 e 200 m rasos e no revezamento 4 x 100 com uma certa facilidade sob seus adversários. Bolt se tornou, desse momento em diante, a maior figura no Atletismo mundial. O atleta ainda conseguiu defender seus três ouros em Londres 2012 e espera igualar a marca histórica de Lewis e Nurmi no Rio.

Maurren Maggi com sua medalha de ouro no salto em distância

Atletismo em Rio 2016:

As provas do Atletismo acontecerão no Estádio Nacional, antigo Estádio João Havelange, mais conhecido como o Engenhão. O Engenhão foi construído para o Pan 2007, por isso que passou por apenas reformas estruturais. No cronograma oficial, os eventos vão do dia 05 de Agosto até o dia 21 do mesmo mês, dia da Maratona e também dia do encerramento dos Jogos. A prova da Maratona, por sua vez, terá início e fim no Sambódromo, sendo o trajeto proposto uma ida e volta do local até a Enseada de Botafogo, passando pela praia do Flamengo.

Engenhão será o local das provas do Atletismo em Rio 2016

Em tese, as vagas para a competição, em tese, ainda não acabaram. A IAAF determinou a janela entre os dias 1º de Maio de 2015 até 3º de Julho de 2016 para que os atletas atingissem o famoso índice olímpico. O índice olímpico é nada mais, nada menos que uma marca estabelecida pela própria IAAF que os atletas precisam atingir em provas oficiais para poder pleitear uma vaga nos Jogos Olímpicos. Em Novembro de 2015, a Federação Internacional de Atletismo resolveu mudar os índices de 17 provas. A proposta era tentar aproximar o número ideal de participantes em cada evento. Curiosamente, a grande maioria das marcas mudadas foram, na verdade, “afrouxadas” para que mais competidores pudessem ter a oportunidade de disputar uma Olimpíada.

Desse modo, cada confederação de Atletismo mandará até no máximo três competidores nas provas individuais. O que acontece em países como EUA, Jamaica e Rússia, verdadeiras potências no esporte, é que são realizadas seletivas nacionais entre os atletas com índice olímpico para poder fechar as equipes.

A participação russa está em cheque, devido ao enorme escândalo de dopping revelado no final do ano passado. Até o momento que escrevo esse texto, dia 30/05, a Rússia não foi proibida de participar dos Jogos. Penso, pessoalmente, muito difícil o COI barrar a participação de um país tão influente como esse, porém, com o decorrer dos dias, mais e mais notícias são divulgadas sobre o caso e a situação se torna mais complicada ainda.

Vale ressaltar que, apesar do escândalo ter estourado na Rússia, é bem provável que outras federações também estão envolvidas. O que agrava o caso russo é que o dopping era algo institucional, incentivado pelo próprio Estado, onde treinadores obrigavam seus atletas a consumirem tais drogas. Não estou inocentando os atletas russos, muito pelo contrário, mas é necessário entender a profundidade desse problema. Desde os tempos da antiga URSS que haviam fortes suspeitas dessa política de dopping e o COI se mostrou conivente com tudo isso.

Além do mais, põe-se em cheque também a “veracidade” não apenas do Atletismo, dos Jogos Olímpicos como um todo. Quero dizer, quando agora qualquer atleta atingir uma marca extraordinária, sempre haverá a suspeita do dopping.

Presidente russo Vladimir Putin teria conhecimento dos casos de doping russo e fez nada para evitá-los.

Talvez isso seja algo bom para os brasileiros. Nenhum competidor brasileiro foi mencionado nesse escândalo. Assim, caso os russos sejam proibidos de participar no Rio 2016, nossas chances de medalhas aumentam consideravelmente.

Com quase um mês para o término da janela, cerca de 45 atletas brasileiros foram confirmados em provas individuais. Sem contar isso, as equipes dos revezamentos 4 x 100 e 4 x 400, masculino e feminino, estão classificadas para Rio 2016. Analisando as perspectiva de medalha, penso que será extremamente difícil conseguir um ouro. Contudo, temos o potencial de sair com algumas medalhas do Atletismo.

É aquela coisa: comparando com potências mundiais, o Brasil ainda é “pequeno” no esporte, porém detém um certo domínio entre os países da América Latina. A evolução brasileira é notável e esperamos que com um bom desempenho nos próximos Jogos Olímpicos, mais patrocínios e atenção da mídia sejam destinados ao Atletismo.

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Pedro Pacola

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