Em bom momento, Lucas Ferreira vive expectativa de vôos maiores
O atacante foi um dos destaques positivos na campanha do Mogi Mirim no Brasileirão da Série D 2018
O atleta de 27 anos, acumula passagens pelo Sport Clube Jaraguá, Associação Maga (ambos de Santa Catarina) e seu último clube foi o Mogi mirim, de São Paulo.
Conheça a trajetória do atacante que chamou a atenção no último campeonato brasileiro da Série D, jogando pelo Mogi Mirim de São Paulo.
“Minha trajetória começou desde criança, em escolinha de futebol, na época era o chute inicial Corinthians, não tinham muitas condições de fazer avaliações em clubes, e quando conseguia alguém pra me levar em avaliações eu não tinha uma resposta positiva, mas nunca deixei de acreditar em mim.
Eu mesmo por nunca ter jogado em clubes, era motivo de chacota, pessoas falavam: vai ser jogador aonde? Não tem qualidade, etc. Já dormi em rodoviária, já dormi em alojamento que estava chovendo entrando água, ás vezes em alojamento tinha almoço, mas não tinha janta, ou tinha janta e não tinha almoço. Mas quando se tem um sonho acho que deve se passar por dificuldades para chegar até os dias de glória. Desde quando eu comecei a jogar futebol, meu avô Lindolfo foi uma pessoa que sempre me incentivou, dizia pra eu treinar e não deixar de acreditar, ele usava muito o exemplo do Cafu, que sempre era reprovado, e conseguiu chegar na Seleção.
Infelizmente esse ano perdi meu avô.
Mas em 2014 consegui meu primeiro contrato profissional, em Santa Catarina. Eu saí de Marília em 2014, com 600 reais na carteira, pra fazer avaliação, era a passagem e o dinheiro pra ficar a semana.Aí quando saí de Marília pra ir para Jaraguá do Sul, a moça da rodoviária da minha cidade, me passou informações errada, e eu fui parar em uma cidade chamada Mafra.
Aquilo desanimou porque era muito longe, aí chegando lá pedi informação, aí um rapaz me ajudou e fui pra Jaraguá, uma viagem que era pra durar nove horas, durou quase 24 horas.
Resumindo, fiquei a semana lá treinando e fizemos um amistoso na sexta feira, contra o Juventus de Jaraguá, eu estava no Sport Club Jaraguá, é o clássico da cidade, jogamos contra eles e empatamos em 1 á 1, gol meu.
Aí o presidente me deu uma oportunidade, ele tinha parceria com associação maga e me mandou pra lá onde joguei meu primeiro catarinense.
Foi uma experiência única pra mim.
Pois eu saí de casa com 600 reais de dinheiro contado, fui no escuro porque não conhecia ninguém, eu que ligava nos clubes pedindo oportunidade pra avaliação, e em Jaraguá foi onde se abriu uma porta, na minha cidade tem o Marília, aqui já me falaram que meu futebol é muito fraco, mas isso nunca me desanimou, isso só aumentou a vontade de vencer.Em 2015 era pra eu voltar pra Santa Catarina, mas eu queria jogar aqui no estado de São Paulo, aí eu estava treinando no Marília, aí o treinador me dispensou, foi quando a primeira vez na vida eu achei que tinha que parar. Nesse dia lembro como se fosse hoje. O Fabiano Gadelha que jogou na Ponte Preta, Marília, São Caetano, Korea, entre outros clubes, me ligou pra jogar na casa dele. Eu fui, acabou o jogo e ele disse que iria começar a treinar na casa dele, e que se eu quisesse poderia ir. Então 2015 eu não joguei onde ninguém mais acreditava ele acreditou em mim.
Fiquei 2015 todo treinando com ele, tudo do zero, fundamento, posicionamento, tudo em baixo de chuva, sol eu estava lá com ele. Eu falo que eu aprendi jogar com o melhor porque ele teve paciência, nunca me desanimou, sempre dizia o principal é que você acredita”, disse Lucas Ferreira, atacante do Mogi Mirim.
“Em 2016, o presidente do Jaraguá me ligou pra voltar, aí o Gadelha disse: “vai! Se você não for bem depois de ter treinado comigo, pode ir estudar (risos)”.
Voltei pra Santa Catarina, fiz um campeonato ótimo, fazendo gols. Foram oito jogos e quatro gols marcados.
Eu estava jogando de meia-atacante, o último jogo do catarinense fizemos 6 a 1 em cima do Curitibanos, maior goleada que eu fiz contra um time. Foi onde o Gadelha me disse: “Agora você é jogador de verdade”.
Mas, para um jogador deslanchar, eu sempre achei que deveria jogar no estado de São Paulo. Em 2017, tentei em alguns clubes aqui, mas sem sucesso.
Agora em 2018 tive oportunidade no Mogi Mirim, mas o futebol aqui é meio difícil, pois cheguei lá pro Paulista, na época o treinador que estava lá, me deixou encostado e fiquei só treinando até o fim do Paulistão, qualquer outro jogador teria ido embora, mas eu tinha certeza que algo bom iria acontecer. E lá no Mogi Mirim chegou um irmão que a vida me deu, Osmar Cambalhota um ser humano incrível, dedicação de poucos, ele mora em Marília, nos conhecíamos mais não tínhamos tanta afinidade. Começamos a ficar mais próximo no Mogi Mirim, onde hoje eu digo que ele é o irmão que a vida me deu.
Me ajudou dentro e fora de campo, isso ainda no Paulista, ele me dizia que eu tinha que treinar pra mim, porque quando oportunidade aparecer eu estar preparado”, ressaltou Lucas Ferreira.
Lucas Ferreira também falou sobre sua atuação no Campeonato Brasileiro da Série D de 2018, onde atuou vestindo a camisa do Mogi Mirim de São Paulo e marcou o gol da vitória.
“Aí chegou o Brasileiro, fui inscrito na 2° rodada, mas não joguei. Na 3° rodada entrei no segundo tempo. Já na 4° rodada, já estava como titular. Osmar Cambalhota me dizia: ” A oportunidade chegou, sem afobação, faça o que você sabe”. Primeiro jogo no Brasileirão, contra o Brusque, joguei muito. Quase fiz um gol, mas o zagueiro tirou… Bateu no pé da trave. Perdemos por 2 a 1. Gol aos 44′ do segundo tempo, eu saí nos 20′ do segundo tempo, marcando e atacando muito. O treinador quando me substituiu me disse: “Você me surpreendeu mais do que eu esperava”. Aí joguei contra o São José, titular os dois tempo. Mais uma vez tomamos o gol da virada aos 46′ do segundo tempo. Contra o Prudentópolis, na 6° rodada, ganhamos por 2 a 1, eu fiz o gol da vitória. Foi a melhor sensação. Fazer um gol no Brasileiro, e o da vitória. Eu digo que é meu avô me abençoando.
Em três jogos fiz 1 gol. Se tivéssemos mais jogos acredito que eu teria uma média ótima. Teve jogador que jogou 6 jogos de titular e fez 1 gol, eu joguei 3 titular e fiz 1″, afirmou Lucas Ferreira.
Lucas Ferreira finaliza falando sobre seu planejamento para o restante da temporada e o sonho em continuar jogando em São Paulo, almejando voos mais altos.
“No planejamento para o resto da temporada, eu queria continuar por aqui e tentar uma Copa Paulista ou até mesmo um Brasileiro Série B. Sei que tenho que trabalhar muito pra chegar na Série A. Sei que sou um jogador diferente e sei que posso chegar na elite do futebol. O meu forte como atleta é ter uma ótima altura, 1.89 metros. Sou rápido, técnico, cabeceio excelente, além de finalizar bem com as duas pernas. O forte mesmo é o cabeceio e a velocidade. Eu sempre aprimoro minhas qualidades pra poder sobressair em campo“, finalizou Lucas Ferreira.
Foto: Arquivo Bruno Almada.