Bate papo exclusivo com o treinador português Paulo Vinhas
Com um belo currículo e capacitação na sua carreira de treinador, o comandante português Paulo Vinhas é natural de Porto, e iniciou a sua carreira muito jovem.
Nós tivemos a honra de realizar um bate papo interessante com ele, onde abordamos desde a sua carreira, até o futebol brasileiro. Paulo Vinhas é um dos treinadores que faz parte da Big Players, uma empresa brasileira. Confira abaixo a entrevista na integra.
Como foi o início de sua carreira?
Eu ainda era muito jovem, tinha terminado de jogar pelo sub-19, foi meio por acaso. Peguei uma equipe sub-17, restavam alguns jogos para o final da competição. De início teve desconfiança por parte da diretoria, já que eu era muito jovem. Devo agradecer ao diretor pela aposta que fez em mim. As coisas fluíram bem e finalizei esse ano com êxito, assumindo novamente no ano seguinte, onde terminamos a competição em segundo lugar, com a melhor defesa e ataque.
Como você se atualiza na sua profissão?
Sempre procuro me atualizar em todas as formas possíveis e sobre os assuntos mais diversificados, visto que o treinador deve saber um pouco de tudo. Curso oficial da Uefa é obrigatório para podermos exercer a função de treinador e adquirir mais conhecimento teórico e prático. Neste momento eu tenho o UEFA Advanced e o UEFA Elite Jovem. Outra forma é através de colóquios e formações que existem cada vez mais, como metodologias de treino e preparação física, scouting, observação, analise e coaching desportivo. Também vejo treinos e jogos sempre que possível, das mais diversas divisões de vários países.
Recentemente tivemos um treinador português no Brasil, Paulo Bento, que não deu muito certo. Por que você acha que Paulo não foi bem no Brasil?
Em relação ao Paulo Bento no brasil, penso que o seu trabalho não correu muito bem por diversas razões, como não ter poder para montar o elenco, não ter feito a pré-temporada. Acho que ele não estava devidamente informado sobre o que iria encontrar. Apesar da língua ser a mesma, sempre tem adaptação a fazer, é um contexto diferente. Outro fato determinante foi ele não ter montado sua comissão técnica, apenas o treinador de goleiros era o habitual.
Você treinaria uma equipe no Brasil?
Com certeza, aliás, não aconteceu ainda por pequenos detalhes. É um bom desafio como pessoa e treinador. Desde a minha passagem por São Paulo, fiquei com a ideia de treinar uma equipe no Brasil em mente. É um país que tem o que o treinador precisa, qualidade e quantidade, muita paixão pelo jogo e tudo o que envolve o esporte.
Como treinador, com certeza é possível adequar novas metodologias de treino, dar mais organização e conhecimento tático a qualquer time no Brasil.
Quero ressaltar que isso não significa mudar tudo, de forma alguma, não devemos desvirtuar o jogador brasileiro, mas é possível e aconselhável ajustar, no meu ponto de vista, dando mais ferramentas aos atletas para que possam ser melhores e ter uma adaptação mais rápida ao futebol europeu em uma futura transferência.
Você um esquema tático favorito ou depende das peças que tem em mãos?
Mais importante que o sistema de jogo é a dinâmica que conseguimos impor no jogo. Preferencialmente uso o 4-3-3, por ser um sistema facilmente mudável dentro da própria partida sem desvirtuarmos a nossa forma de jogar. Também já utilizei muito o 4-4-2, depende também das características dos jogadores que temos em mãos. O sistema sempre terá que se adequar aos atletas e suas características.
No Brasil, tivemos em 2016 o Audax Osasco jogando com um estilo denominado pela imprensa como “suicida”, com até mesmo o goleiro saindo com os pés, sem chutão. O que você pensa sobre isso?
“Suicido” é um termo exagerado, pois acredito que o que eles faziam era treinado, não surgia por acaso. Suicídio é quando não se treina no dia a dia. O goleiro faz parte do jogo, é mais um na linha de passe e posse de bola, faz parte da primeira fase de construção e, para isso, convém um bom jogo de pés. Hoje é exigido cada vez mais essa capacidade de atuar com os pés.
No Brasil, se um treinador perde três jogos seguidos normalmente também perde o seu emprego. Como é a tolerância em Portugal?
Em Portugal existe um pouco mais de paciência, mas não muita. Depende do contexto, time, objetivos traçados, torcida, história. Essa temporada por exemplo teve início em setembro e até o natal tivemos 10 trocas de treinadores. É uma profissão que não tem vida fácil em qualquer parte do mundo. Se não quisermos essa pressão, melhor escolher outra coisa para fazer.
Para você, qual o melhor treinador do mundo hoje?
Difícil falar quem é o melhor, pois somos todos diferentes, com coisas boas e ruins. Pelas mais diversas razoes, para mim, Mourinho, Guardiola e Simeone são uns dos melhores.