A ideia de Preto como técnico: Um Bahia contra-golpista!

Preto Casagrande foi efetivado como técnico do Bahia, sua proposta de jogo para o tricolor na sequência da Série A está baseada nos contragolpes.

O Bahia iniciou a temporada de 2017 com bons resultados, um futebol jogado de qualidade, apesar das poucas peças de reposição no elenco, entretanto, conquistou a Copa do Nordeste com autoridade sobre os seus principais rivais da Região, eliminando o Vitória na semifinal e conquistando o título diante do Sport. O comando do tricolor esteve sob as mãos de Guto Ferreira.

No Campeonato Brasileiro, o tricolor baiano começou bem a competição aplicando uma goleada diante do Atlético-PR por 6 a 2, o time sempre impondo velocidade e transições rápidas da defesa ao ataque. Guto Ferreira transferiu-se ao Internacional e o Bahia trouxe Jorginho, que não conseguiu dar sequencia ao bom futebol que a equipe apresentara com Guto.

Na 17ª rodada, o Bahia perdeu para o Sport, em plena Arena Fonte Nova, derrota essa que custou o cargo de técnico à Jorginho. Na partida seguinte, em viagem para Chapecó-SC, o atual técnico do tricolor, Preto Casagrande, foi comunicado que assumiria a equipe de maneira interina.

“Diego me ligou que eu estava indo para o aeroporto contra a Chapecoense como auxiliar e no avião fui informado que o Jorginho não viajaria. A partir daquele instante a minha vontade sempre foi a mesma durante esse período.”

O desejo de Preto foi atendido no final do mês passado (31), quando de interino passou a ser oficialmente o técnico do Esporte Clube Bahia. O treinador não escondeu a sua felicidade e citou que a sua proposta de jogo pode, agora, ficar ainda mais clara e definida aos jogadores.

“O que eu achava que poderia mudar com relação a essa efetivação era talvez para o grupo de atletas, pra ficar uma coisa mais clara, mais decidida e aí sim a gente encontrar um caminho que seja o ideal pra trabalhar no dia-a-dia.”

E a proposta de jogo que Preto Casagrande tenta impor ao time do Bahia está clara: Os contragolpes.

Na partida de estreia como técnico interino do clube, Preto conseguiu arrancar um empate diante da Chapecoense na sempre complicada Arena Condá. Início de trabalho, ainda não tinha conseguido proporcionar grandes modificações de jogo e impor a sua ideia. Conseguiu vencer o São Paulo diante da sua torcida, na Fonte Nova, por 2 a 1 e do Vasco por 3 a 0, onde começou a ficar mais clara a sua proposta de contra-ataques.

Naquela partida, o Vasco até iniciou jogando melhor, com mais posse de bola, pressionando o Bahia e poderia ter aberto o placar quando Wagner finalizou uma bola que levou muito perigo ao canto esquerdo da meta do goleiro Jean.

Mas o Bahia estava apenas atraindo o adversário para os contragolpes, a segunda partida de mais desarmes efetuados pelo tricolor (19), com Renê Júnior e Edson na dupla de volantes, além de Mendoza e Zé Rafael auxiliando pelos lados do campo, tanto na marcação, como na transição rápida para o ataque, por onde conseguiu abrir o placar, ampliar e, por fim, conquistar os três pontos naquela ocasião.

Na rodada seguinte diante do Botafogo, o tricolor não teve a mesma sorte, entretanto ficou notório o planejamento tático de Preto Casagrande para a sua equipe. O Bahia tentou fazer o mesmo, atrair o adversário para contra golpear, porém, o time de Jair Ventura não cedeu tantos espaços para o tricolor baiano.

A terceira pior partida do Bahia com quantidade de passes certos trocados, apenas 224 comparado aos 330 passes certos na vitória diante do Vasco e aos 567 passes certos trocados diante do Fluminense, outra equipe carioca da competição.

A intenção de Preto Casagrande em utilizar dos contragolpes para surpreender os adversários não fica tão explícita em seu desenho tático inicial da equipe, formado por um ‘4-2-3-1’ que, por muitas vezes no decorrer da partida, passa à um ‘4-4-1-1’.

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O Bahia taticamente no ‘4-2-3-1’

O time comandado por Preto faz uma linha de marcação baixa, diferente da equipe quando comandada por Guto Ferreira, que com frequência fazia uma marcação alta, pressionando na saída de bola dos adversários.

Com essa marcação baixa, recua-se as linhas ofensivas, muitas vezes para atrás da linha do meio de campo, em busca da saída por velocidade nos contra-ataques com Mendoza pelo lado esquerdo, principal peça neste esquema contra-golpista de Preto, e na direita Zé Rafael, com Régis um pouco mais centralizado para criar e infiltrar essas bolas para a velocidade dos pontas. O ‘4-2-3-1’ se transforma, no decorrer dos duelos, em um ‘4-4-1-1’.

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O ‘4-4-1-1’ preparado para contra golpear

Com isso, a intensidade de jogo do Bahia passa a ser pelos lados do campo, tanto na direita, quanto na esquerda, o que fez Mendoza aparecer mais com a camisa do tricolor e conquistar o prestígio da torcida.

A velocidade dos pontas torna-se fundamental para o estilo de contragolpes imposto por Preto no Bahia. No duelo diante do Botafogo, o mapa de calor da equipe mandante confirma cada vez mais a busca do seu treinador por ampliar as jogadas pelos flancos.

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Mapa de calor em partida diante do Botafogo (Fonte: Footstats)

O que se escuta das arquibancadas, por muitas vezes, que o time de Preto é bastante defensivo, que o Bahia, inclusive sob os seus domínios, deve agredir mais aos adversários, aproveitando a qualidade técnica de alguns dos seus jogadores de frente.

Parte da torcida demonstra até insatisfação pela efetivação de Preto como técnico, não admitindo que a equipe tenha uma linha de marcação tão baixa no ‘4-4-1-1’ diante dos seus domínios.

Bahia defesa em linha
Representação do ‘4-4-1-1’ contra-golpista de Preto Casagrande

Entretanto, na verdade, Preto Casagrande segue em busca por utilizar o que conta de melhor no elenco: a velocidade para os contra-ataques. Atletas como Mendoza, Zé Rafael, Maikon Leite, Gustavo Ferrareis, além de Allione e Edigar Junio que estão se recuperando de lesão, oferecem esse estilo de jogo ao técnico tricolor por serem bastante agressivos pelas pontas e contar com a velocidade nos contragolpes.

A ideia de contragolpes é a solução que Preto busca encontrar para tentar manter o Bahia na disputa da Série A, evitando o rebaixamento. Mencionar que este estilo de jogo pode dar certo, vai depender da posição que o Bahia ficar ao término do Campeonato Brasileiro.

Por Michel Corbacho

Veja também:http://esportesmais.com.br/stephens-campea-us-open/

Michel Corbacho

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