Opinião: Libertadores com final única é inaceitável

 Opinião: Libertadores com final única é inaceitável

Principal competição do continente, a Libertadores inicia nesta semana, porém a decisão pela final única a partir de 2019 que chamou mais a atenção

A Libertadores começa esta semana com dois jogos na primeira rodada na fase de grupos (Racing-Cruzeiro e Colo Colo-Atlético Nacional), que começa nesta terça-feira (27/2). O atual campeão do torneio, Grêmio também estreia em Montevidéu contra Defensor Sporting do Uruguai. Esta edição estará cheia de confrontos atraentes, com 16 campeões entre os 32 participantes. Boca Juniors e Grêmio estão como os dois principais favoritos ao título, seguido pelo Corinthians, Palmeiras, River Plate e Santos. Cruzeiro e Independiente, Flamengo e Atlético Nacional Correm por fora.

A competição atual tem seis clubes brasileiros, três argentinos e um colombiano entre os mais populares, correspondendo ao número de cotas distribuídas entre os grupos com 7 brasileiros, 6 argentinos, 4 colombianos. Uruguai classificou 3 equipes, enquanto Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Venezuela ficaram com apenas dois representantes. Não há dúvida de que suas chances de ganhar a Copa são muito reduzidas. O grupo 5 é o mais parecido e promissor com Cruzeiro, Racing, Vasco da Gama e Universidade do Chile. Três campeões da Libertadores e um da Sul-Americano.

Deixando um pouco de lado o torneio continental de 2018, vamos falar a partir de 2019, quando a  grande notícia veio da reunião da CONMEBOL em Punta del Este, onde foi decidido que a partir de 2019, a maior competição intercontinental terá final única em campo neutro. A premiação atual, além dos prêmios de fases anteriores, o campeão recebe 6 milhões de dólares e 3 para o segundo. Em 2019, os dois finalistas receberão mais 2 milhões, mais 25% da bilheteria para cada um. E eles vão economizar as despesas organizacionais que seriam como mandantes. O vencedor ganhará em média 10 milhões, mas ainda é pequeno em comparação com os valores na Liga dos Campeões. A final deve ter uma melhor organização, mais segurança e um quadro mais “glamour”.

Para fins de comercialização, a final única deve gerar maiores receitas e a partida será programada para um sábado em horário nobre, para que toda a América possa acompanhar a partida. A sede da partida decisiva será designada com antecedência, para preparar o palco. Se a eleição está rotativa, isso parece democrático: um ano em Lima, um em Bogotá, o próximo em Guayaquil e entre outros.  Isso despertaria o entusiasmo não só dos países envolvidos, mas também dos fãs locais, criando uma atmosfera excepcional para a cidade anfitriã.

Vamos analisar alguns pontos positivos e negativos da final única

Pontos Positivos

– TURISMO

É a grande chance de um torcedor que gosta de futebol assistir a uma decisão de Libertadores mesmo sem seu time estar jogando, além de alguns países apostarem no turismo, onde toda audiência estará toda concentrada na cidade sede, recebendo milhares de torcedores de fora. Lima, capital do Peru, que é um dos pontos turísticos mais visitados do continente.

– SEM FAVORITO

Com apenas um jogo, tudo tem de acontecer em 90 minutos. Então é grande a chance de o jogo ser mais movimentado entre as equipes. Sem pressão da torcida local, o menos favorito tem mais chance de sair vitorioso.

Pontos negativos

– DESLOCAMENTO E DINHEIRO

A cidade favorita para a primeira final é Lima, capital do Peru, que é um dos pontos turísticos mais visitados do continente. A América do Sul é 75% maior que a Europa. Não há malha ferroviária aceitável, viagens de carro entre países podem levar dias, talvez uma semana. Sobram as passagens aéreas para um público, que em média varia entre mil a dois mil reis, algo surreal para um continente que tem um poder aquisitivo bem menor, ao contrário da Europa, que é mais fácil e barato se locomover entres os países.

– ESPETÁCULO?

As finais do Super Bowl e da Liga dos Campeões são tratados como um grande espetáculo: ingressos caros e concorridos, uma abertura com grande artista. Tudo que um bom estádio (ou Arena) pode oferecer. Podemos repetir tudo isso aqui também? Tirando os estádios que foram feitos para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, os outros estádios do continente não são exemplos de conforto e comodidade.

– EQUIPES FINALISTAS

Real Madrid, Barcelona, Juventus, Atlético de Madrid, Manchester United, Bayern de Munique estão entre os favoritos na maioria das edições da Liga dos campeões. Na América do Sul, nos últimos 20 anos, a competição teve finalistas diferentes. Será que alguém iria assistir a um Independente Del Valle x Atlético Nacional em um jogo único no Paraguai ou Olimpia e São Caetano em Buenos Aires, por exemplo? Nada animador. Em questão de marcas, apenas Boca e River poderiam levar pessoas a assistirem uma final com algumas dessas equipes. Apesar da popularidade nacional, Flamengo e Corinthians talvez não conseguisse repetir a dupla argentina.

– APOIO DA TORCIDA

Em muitos países no continente, tem clube que só joga bem em casa, apoiado por sua torcida. Em um estádio neutro, a equipe até pode ver alguns torcedores seus no estádio, mas dificilmente será maioria e colocar final única na Libertadores que sempre teve dois jogos, que já é tradicional, não seria o ideal devido a cultura do continente que ver o futebol como ato de torcer, não como um simples espetáculo.

– FINAL EM OUTRO CONTINENTE

Além de Lima, há possibilidades de ter a final única em Miami, nos Estados Unidos. Com exceção do Chile, todos os países do continente precisam de vistos para entrar no país, aumentando o custo para quem for acompanhar o seu time.

Qual seria a sua opinião? Prefere uma final única em um estádio neutro ou a já tradicional fórmula com jogos de ida e volta? Deixe seu comentário.

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Joseclei Nunes

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