NBA anuncia os elencos para o All Star Game

NBA divulgou na última quinta-feira a lista de jogadores que participarão do All Star Game no próximo dia 14, na cidade de Toronto

O All Star Game, que acontecerá em Toronto no próximo dia 14, teve sua relação de jogadores que participarão do evento divulgada na última quinta-feira, dia 28.

Antes de continuar, é necessário explicar como funciona o sistema de escolha dos jogadores para esse jogo. Por meio de uma votação online, os fãs escolhem os titulares: são duas categorias, o backcourt (armadores e ala-armadores) e o frontcourt (alas, alas-pivôs e pivôs); os dois e os três mais votados das respectivas categorias das duas conferências, não importando a posição, serão os titulares no All Star Game.

Os outros sete jogadores são escolhidos pelos treinadores. Cada comandante vota em dois backcourts, três frontcourts e em dois wild-cards (qualquer posição) que não foram selecionados como titulares e jogam na mesma conferência das equipes de cada treinador. Outro quesito obrigatório é que nenhum técnico pode votar em um atleta de sua própria equipe.

Será a primeira vez que o All Star Weekend da NBA será sediado fora dos Estados Unidos.

No papel, esse sistema parece ser ideal, porém comete inúmeras injustiças. Não estou falando dos titulares, que é nada mais nada menos que um concurso de popularidade que atrai muitos fãs para a NBA mas sim dos reservas. Os treinadores que, em tese, deveriam fazer as escolhas mais justas e conscientes, cometem uma série de equívocos. Muitas vezes, os técnicos escolhem jogadores de peso ao invés de um jovem talento que está bem melhor , ou então desvalorizam o talento de um atleta por jogar em um mercado menor.

Em sua última temporada na liga, Kobe Bryant foi chamado para seu décimo-oitavo All Star Game de sua gloriosa carreira.

A votação online desse ano não teve surpresas. Stephen Curry (backcourt – Warriors), Russell Westbrook (backcourt – Thunder), Kobe Bryant (frontcourt – Lakers), Kevin Durant (frontcourt – Thunder) e Kawhi Leonard (frontcourt – Spurs) serão os titulares no Oeste. Kyle Lowry (backcourt – Raptors), Dwayne Wade (backcourt – Heat), LeBron James (frontcourt – Cavaliers), Carmelo Anthony (frontcourt – Knicks) e Paul George (frontcourt – Pacers) começarão pelo Leste. O único que “não merecia” estar entre os dez é justamente o Black Mamba de Los Angeles; no entanto, por ser sua última temporada na liga, esse All Star irá servir para homenagear Kobe, discutivelmente o melhor jogador da era-pós Jordan. Outra curiosidade é que pela primeira vez desde que essa nomenclatura “backcourt” e “frontcourt” foi posta em prática, em 2012, que nenhum “big man” (ala-pivô e/ou pivô) foi escolhido como titular.

A escolha dos reservas, por sua vez, teve algumas polêmicas. Jimmy Butler, Andre Drummond (ambos do Leste), Chris Paul, DeMarcus Cousins e Draymond Green (os três do Oeste) eram tidos como escolhas certas. As nove vagas restantes poderiam ser ocupadas por qualquer jogador.

Além de Butler (Bulls) e Drummond (Pistons), o Leste terá John Wall (Wizards), DeMar DeRozan (Raptors), Isaiah Thomas (Celtics), Chris Bosh (Heat) e Paul Millsap (Hawks) como reservas. Klay Thompson (Warriors), James Harden (Rockets),  LaMarcus Aldridge (Spurs) e Anthony Davis (Pelicans), junto com Chris Paul (Clippers), DeMarcus Cousins (Kings) e Draymond Green (Warriors) serão os reservas pelo Oeste.

Sobre os reservas, o backcourt do Leste teve nenhuma surpresa. Butler, DeRozan, Thomas e Wall estão fazendo as melhores temporadas de suas carreiras até então. Apesar disso, Reggie Jackson (Pistons) e Kemba Walker (Hornets) também poderiam ser escolhidos, mas foram “esnobados”. Jackson foi desconsiderado porque Andre Drummond é o principal responsável pela surpreendente campanha Detroit, porém a participação do armador nesse sistema é notável. Já Walker foi vítima de estar em um time ruim em um mercado pequeno; não tenho dúvidas que se o ex-armador de Connecticut jogasse em New York, por exemplo, teria maiores chances de ser chamado.

Andre Drummond é tido como o mais novo grande pivô dominante da NBA.

Em relação ao frontcourt do Leste, entre Millsap, Drummond e Bosh, o ala-pivô de Miami foi quem menos mereceu uma vaga no time. Tanto Paul Millsap quanto Andre Drummond mostraram ser os principais jogadores dessas duas equipes promissoras, sem dizer que os números conseguidos pelo pivô de Detroit em relação aos rebotes (média de mais de quinze por jogo) não eram vistos desde o lendário Wilt Chamberlain. “The Boshtrich” tem médias de 19,2 pontos e 7,6 rebotes por jogo, uma bela marca para um jogador que perder quase toda segunda metade da temporada passada devido a um gravíssimo problema de saúde, mas jogadores como Pau Gasol (Bulls), Nikola Vucevic (Magic), Al Horford (Hawks) e até mesmo Hassan Whiteside (Heat) poderiam ter sido chamados no lugar. No caso do “big man” espanhol foi ainda mais doloroso ficar de fora porque ele perdeu sua vaga como titular para Carmelo Anthony por míseros 360 votos.

A escolha do backcourt do Oeste foi a que trouxe mais discussão. Chris Paul era tido já como certeza e James Harden, apesar de um começo irregular, voltou a jogar bem e fez o suficiente para garantir uma vaga no All Star Game. O problema ficou com a escolha de Klay Thompson: o ala-armador, integrante do Splash Brothers, enfrentou problemas nas costas e é um coadjuvante no time de Oakland. Mesmo assim, Thompson tem médias de 21 pontos, 3,9 rebotes e 2,3 assistências por jogo que podem ser consideradas como ótimas.

Damian Lillard foi o jogador mais injustiçado por não ter sido selecionado para o All Star Game

A questão é que colocar o ex-jogador de Washington State nesse All Star Game implicou em deixar de fora Damian Lillard. O jogador dos Trail Blazers foi outra vítima de jogar em uma franquia de mercado pequeno. Com médias de 24,3 pontos e 7,1 assistências por jogo, Lillard é a razão da equipe de Oregon ainda disputar uma das últimas vagas para os playoffs no Oeste. Detalhe, não é a primeira vez que o produto de Weber State é esnobado: ano passado Damian participou do jogo das estrelas porque Blake Griffin, ala-pivô dos Clippers, se machucou e o atleta de Portland entrou no lugar.

Já no frontcourt dos Oeste, o único nome questionável é o de LaMarcus Aldridge. O “big man” se transferiu dos Trail Blazers para os Spurs nessa offseason e seus números caíram muito devido à ascensão de Kahwi Leonard como o próximo superstar da liga. A temporada de Aldrigde está sendo sólida, com 16 pontos e quase nove rebotes por jogo, mas ele foi claramente chamado para esse All Star Game por ser um nome consolidado e de peso na NBA. Gordon Hayward (Jazz) e Karl Anthony Towns (Timberwolves) sofreram por não estarem jogando em franquias de destaque.

O caso do novato de Kentucky é bem mais claro: K.A.T. está fazendo uma das melhores temporadas por um rookie, porém é ofuscado por Kristaps Porzingis. Sou um grande fã da sensação da Letônia, acho que terá um grande futuro como o próximo grande jogador europeu na NBA, porém recebe muito mais atenção da mídia por jogar pelos Knicks. Caso “Porzingod” jogasse em uma franquia menor, o “big man” de 20 anos não receberia nem metade da atenção que lhe é dada.

Dwane Casey fez por merecer a oportunidade de treinar do Leste no All Star Game.

Por fim, faltou falar dos treinadores. Em teoria, os técnicos dos times que lideram as duas conferências são convidados para dirigir uma equipe cada um. O problema é que os Cavaliers, que demitiram semana passada seu Head Coach, David Blatt, lideram o Leste e Tyronn Lue, com apenas quatro jogos de experiência, comandará o Leste no All Star Game. Regra é regra, mas Dwane Casey, HC dos Raptors e segundo colocado na conferência, fez por merecer essa vaga e seria muito bonito ver o treinador do time que irá ser sede dessa festa treinar uma das equipes.

Já a situação do treinador do Oeste é justamente oposta. Steve Kerr, HC dos Warriors, voltou ao cargo de técnico principal a poucos jogos após se recuperar de uma grave cirurgia nas costas. Luke Walton foi quem comandou Golden State nesse começo sensacional, porém toda a filosofia e estilo de jogo era de Kerr. Mesmo assim, a razão de Greg Popovich, lendário HC dos Spurs e atual segundo colocado na conferência, ser o treinador do Oeste se deve ao fato de ser proibido um treinador ocupar esse cargo por duas temporadas seguidas. Injustiça? Sim, mas é assim que as coisas funcionam na NBA.

Por Pedro Pacola

Pedro Pacola

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