Campeão da Sul-Americana, Holan se despede do Independiente

Ariel Holan publicou em seu Twitter uma carta de despedida dedicada ao “povo do Independiente”

Em Outubro, às vésperas da partida contra o Nacional pela Sul-Americana,  Ariel Holan foi interceptado por barras do Independiente, liderados por Bebote Alvarez, em busca de dinheiro para ver a partida no Defensores del Chaco e em troca apoio garantido na arquibancada.  Segundo o Diário Olé, um grupo de cerca de 15 “torcedores” com paus nas mãos pediram aos gritos 50 mil dólares que foram negados pelo treinador. Bebote, que atualmente se encontra preso, então disse ao treinador: “a decisão é sua, resolveremos isso aqui ou em Assunção”.

A família de Ariel sofreu seguidas ameaças telefônicas, e na época do “pesadelo” em Outubro sua saída do clube chegou até a ser cogitada. O DT resistiu até o fim da Copa Sul-Americana, da qual se sagrou campeão, realizando um sonho de infância, já que seu clube quando criança era o Rojo. Durante todo esse período ele e sua família viveram sob custódia policial.

Confira a tradução da carta do treinador à torcida roja

Ariel Holan

Treinador, Diretor Técnico Profissional.

Querido povo rojo, 

 

Há quase um ano tive a oportunidade de voltar a trabalhar no clube, desta vez não com a escola de formação do futebol senão a cargo do plantel profissional da Primeira Divisão. 

A direção presidida pelo Sr. Hugo Moyano, me ofereceu o posto somente por um ano, para o qual eu estava plenamente convencido que era capaz de estar à altura da responsabilidade e de contar com a equipe e os recursos necessários para poder ajudar a voltar a colocar o meu querido Independiente no mais alto, no lugar que sempre ocupou. 

Tracei um rumo com objetivos muito claros, plenamente consciente que tinha que provocar una série de difíceis, sem renunciar às minhas convicções pessoais. 

Os jogadores captaram a mensagem, se alinharam y me entregaram 110% de trabalho, esfuerço, compromisso e atitude. Graças ao   suporte de amigos, que não tem valor,  e grandes glórias do clube pudemos recuperar nossa identidade futebolística e converter o murmurinho tenso da arquibancada em aplausos e alegria.

Coroamos um novo título y ao ganhar esta Copa Sul-Americana, deixamos o Clube na melhor posição possível para ganhar muito mais e classificar novamente à Libertadores, sem descuidar do campeonato local. Os cimentos e as bases já estão consolidadas, agora resta  continuar pelo caminho traçado com o rumo empreendido.

Paralelamente indesejáveis situações extra-esportivas se interpuseram. Todas elas tomaram estado público y estão sob processo penal; pela primeira vez na minha vida, a integridade física da minha família, de alguns dos meus colaboradores e a minha propiá estiveram em grave risco. Uma situação que não estou disposto nem a tolerar, nem a conviver e acho que nenhum trabalhador do time deveria aceitar. A essência do esporte é a paixão com respeito e não usar-lo como tela para delinquir.

É por isso, que quero descomprimir o Clube de una imagem que não lhe faz nada bem: es incocebível que o DT e sua família tenham que mover-se com custódia policial para todos os lados, dia e noite, Independiente não merece isso. Sempre afirmei que o Club Atlético Independiente está acima das pessoas, dos nomes próprios. Apesar que o Presidente e a CD me manifestaram seu apoio incodicional para renovar meu contrato, tratando de brindar todas as facilidades que estão a seu alcance minha prioridade absoluta é minha família e sua tranquilidade. Isso não é negociável. 

Nas últimas horas, teci diferentes teias de aranha e elaborei teorias que não dedicarei tempo nem para refutar nem contestar; também não me dedicarei a sujar a ninguém e muito menos a desprestigiar gente que esteve sob minha condução, assumo a liderança sem tampões nem desculpas.

É por isso que quero deixar o caminho livre para que o Presidente possa continuar com a recuperação institucional iniciada e eu renunciar. É uma decisão muito difícil, que tomei racionalmente pensando na família e é irrevogável. Meu amor pelo Independiente, que vocês conhecem é genuíno y deixar este posto que tanto sonhei durante mais de 30 anos é a decisão mais difícil da minha vida. Mas devo tomar-la pelo bem de todos. 

Sempre disse que o Clube contratou um treinador e não um torcedor. O tempo, será o fiel testemunho, que foi a decisão correta mesmo que hoje não a entendamos.

Aos jogadores lhes entrego meu respeito, admiração e reconhecimento por sua entrega; são uns Gladiadores, uns Leões aos quais lhes peço que os apoiem incondicionalmente, ao corpo técnico e médico meu agradecimento, ao pessoal do clube e aos dirigentes de bem minha gratidão por seu trabalho e aos milhões de torcedores um lugar muito importante no meu coração. 

Desejando que nestas festas encontrem Paz, Fortuna e felicidade, lhes mando um  forte abraço.

Com afeto eterno, Ariel Holan

Buenos Aires, 19/12/2017

 

O outro motivo da saída de Holan

Outro fator um pouco mais oculto que corroborou para a saída do treinador foi uma briga com integrantes de sua equipe técnica. Logo na chegada de Holan, Claudio Vivas abandonou o posto de coordenador da base do Independiente. O  principal braço direito de Ariel, Alejandro Kohan, preparador físico que trabalhava com ele há 27 anos reconheceu em entrevista à Radio La Red de Buenos Aires que a relação dos dois estava um pouco distanciada e que não falavam há um tempo.

 

Holan
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Paulo Viana

Apaixonado por futebol e RI. Torcedor do Cruzeiro, do Independiente e do Braga.

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