Copa do Mundo 2018: Peru

 Copa do Mundo 2018: Peru

Sem sua maior estrela, Paolo Guerrero, veja como o Peru chega à Copa do Mundo da Rússia, após 36 anos sem disputar um Mundial

Vestindo as cores branca e vermelha de sua bandeira, desenhada pelo herói de sua independência política da Espanha, General San Martín, a Seleção do Peru chega à Rússia sem seu principal herói dentro de campo, o matador Paolo Guerrero. Mesmo sem ele, o “exército” do técnico argentino Ricardo Gareca, que tem a mesma nacionalidade de San Martín, quer surpreender na Copa do Mundo, após 36 anos fora da competição.

A Seleção Peruana

A Federação Peruana, de nome oficial “Federación Peruana de Fútbol” foi fundada no ano de 1922 e está localizada na cidade de Lima, a capital do país andino. A Federação além de ser responsável pela seleção nacional é responsável também pelas ligas locais.

A FPF se filiou à FIFA em 1924 e à CONMEBOL em 1925, mas os problemas internos e econômicos impediam a criação de uma seleção nacional que oficialmente representasse o país no cenário internacional. Finalmente, em 1927 a seleção foi criada, e nesse mesmo ano foi anfitriã do Campeonato Sul-Americano.

O Peru nas Copas do Mundo

Pouco presente nos mundiais até hoje o Peru chega à sua quinta participação em Copas do Mundo em 2018. Como já citado anteriormente, a Seleção “Blanquirroja”, vivia um jejum de 36 anos sem jogar uma Copa da FIFA, sendo a última disputada por ela em 1982.

A Seleção Peruana tem um grande orgulho, participou da primeira Copa do Mundo da história, em 1930 no Uruguai, que foi o campeão. Naquela ocasião o Peru foi eliminado na fase de grupos e teve como adversários Uruguai e Romênia. A seleção do país andino sofreu duas derrotas, para La Celeste por 1-0 e para os romenos por 3-1.

Quem pensa que o maior jejum de anos sem ir ao Mundial do Peru é o atual, está enganado. Tudo bem que a II Guerra impediu a realização de Copas do Mundo na década de 1940, mas depois do Mundial de 30, a Seleção Peruana só voltou a participar de outra Copa em 1970. Copa essa realizada no México, da qual o Brasil foi campeão e responsável pela eliminação peruana. Justo nesse Mundial o Peru teve sua melhor participação na história, chegando às quartas de final.

Oito anos depois, em 1978, a Seleção Peruana se via pisando em um gramado de Copa do Mundo novamente.Dessa vez em solo argentino, e mais uma vez a seleção campeã era Sul-Americana, e assim como em 30, era a dona da casa. Naquela época existiam duas rodadas na fase de grupos, com seleções diferentes em cada uma das fases. O Peru chegou à segunda rodada e foi eliminado em um jogo muito contestado contra a Seleção Argentina.

Em 1982, pela primeira vez na história o Peru conseguia se classificar para dois mundiais seguidos. Aquele era o quarto mundial em que a Seleção Peruana chegava, e uma curiosidade, todos com sede em um país de língua espanhola. Esse de 82 não ficava para trás e acontecia na Espanha. Dessa vez o desempenho peruano deixou a desejar e a “Blanquirroja” acabou sendo eliminada na primeira rodada da fase de grupos.

A Estrela

A Estrela indubitável da seleção é o camisa 9 Paolo Guerrero, mas após decisão do TAS de ampliar sua punição de seis para 14 meses, por dopping, o jogador do Flamengo está fora da Copa do Mundo. O atacante afirmou que a suspensão lhe roubou a carreira e o Mundial. Guerrero é acusado de uso de cocaína, foi encontrado em um exame anti-dopping uma substância que compõe a droga. A decisão do tribunal foi criticada por vários especialistas no assunto, inclusive por LC Cameron, perito de defesa.

Sem Guerrero, o Peru não tem uma referência principal, senão várias. Renato Tapia impressiona por sua habilidade e tática e lidera o meio-campo da seleção. O meia atua no Feyenoord da Holanda. Outro jogador de destaque é conhecido dos brasileiros, Christian Cueva, que é descrito por Diego Aguirre como “jogador de classe”. Farfán, jogador que atua no país da copa, é outra joia “inca” e marca muitos gols.

O Treinador

Ricardo Gareca, argentino, como San Martín que libertou o Peru dos espanhóis na luta pela Independência, também é tratado como ídolo no país andino. Contratado pela FPF em março de 2015, fez uma boa Copa América, conquistando o bronze. No entanto, Gareca assumiu o Peru no seu pior começo em eliminatórias da história. Em 2016 as coisas começaram a tomar outro rumo, com alterações de “El Flaco” (apelido de Gareca), sacando jogadores que antes eram incontestáveis na seleção.

Gareca, antes de treinador, foi atacante e jogou em vários grandes clubes da Argentina, entre eles Boca Juniors, River Plate, Independiente e Vélez Sarsfield, nesse último ele até hoje é considerado como um dos maiores ídolos da história. Além de passagens pela Seleção Argentina e pelo futebol colombiano, jogando pelo América de Cali.

Como treinador começou sua trajetória no tradicional  San Martín de Tucumán. Também na Argentina, Gareca trabalhou no Talleres, Independiente, Colón, Quilmes, Argentinos Juniors  e Vélez Sarsfield. Com destaque de novo para o Vélez, onde chegou às semi-finais da Libertadores e conquistou quatro títulos de Campeonato Argentino, que contribuíram para seu status de ídolo no “Fortín”. Fora de seu país natal, Ricardo teve passagens por América de Cali e Santa Fe, ambos da Colômbia. Além de Universitario do Peru e Palmeiras.

No seu quadro de medalhas, Ricardo Gareca tem como jogador uma Supercopa da América do Sul, dois Campeonatos Colombianos e um Campeonato Argentino. Como “DT”, “El Flaco” conquistou uma Primera B Nacional (Segunda Divisão Argentina), uma Copa CONMEBOL, quatro Campeonatos Argentinos de Primeira Divisão, já citados anteriormente, além de um Campeonato Peruano de Primeira Divisão, que foi quando ficou conhecido no futebol do Peru.

O Caminho do Peru para a Rússia

O caminho foi árduo, difícil, faltam adjetivos para descrever o quanto a Seleção Peruana batalhou para chegar aonde chegou. Todos sabem como são equilibradas as eliminatórias da América do Sul. Grandes seleções do continente ficaram de fora da Copa, como Chile, atual bi-campeão da Copa América, Equador, que vinha participando já de algumas copas seguidas e Paraguai.

Gareca assumiu o time na quarta rodada das Eliminatórias, o Peru tinha apenas três pontos conquistados. Os três primeiros jogos sob o comando do argentino também não foram satisfatórios, duas derrotas e um empate. A “Blanquirroja” começou a embalar a partir da sétima rodada, com um 3-0 frente a Bolívia. Da sétima rodada à 18ª (última rodada) o time de Gareca conquistou seis vitórias, quatro empates e sofreu apenas duas derrotas.

No último jogo das Eliminatórias o Peru não conseguiu o triunfo, empatou com a Colômbia em Lima. Porém a combinação de uma derrota do Chile por mais de um gol, no caso foram três contra o Brasil e uma derrota do Paraguai para a Venezuela, deixaram o Peru a um passo da Rússia. O quinto lugar conquistado pelo país que é banhado pelo Pacífico o levavam para a Repescagem.

A Repescagem foi disputada com um país que se localiza do outro lado do Pacífico, a Nova Zelândia. O presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, havia declarado que seria feriado nacional caso o Peru se classificasse contra a seleção da Oceania: felicidade para os trabalhadores peruanos, a sua seleção passou pela Nova Zelândia. A primeira partida disputada em Wellington acabou em um antagônico 0-0. Em Lima o Peru parecia uma locomotiva russa, atropelou os “kiwis” e levou a vitória e a vaga na Copa do Mundo após um 2-0. Festa em todo o país, os cidadão enlouqueceram e invadiram as ruas das diversas cidades peruanas; do Litoral aos Andes, da Amazônia ao Deserto do Atacama.

Curiosidades sobre a Seleção Peruana

A Seleção Peruana ostenta alguns fatos bem curiosos. O primeiro deles é que o Peru nunca perdeu um jogo para uma seleção africana, algo que já aconteceu com o Brasil, jogando contra Camarões. O único jogador peruano a jogar para o maior rival do Peru, Chile, marcou um gol contra seu país natal. O nome do “traidor” é José Balbuena.

Já foi citado anteriormente que o Peru estava há 36 anos sem participar de um Mundial, mas essa marca carrega um record negativo. A Seleção Peruana é a que mais tempo estava sem disputar uma Copa do Mundo de todas as seleções sul-americanas que já disputaram esse torneio (das seleções da CONMEBOL somente a Venezuela não havia disputado).

De contrário ao que é comum em outras seleções latino americanas, a maioria dos jogadores convocados por Gareca não atuam na Europa. Os atletas que jogam em times europeus são apenas seis dos 25 convocados. São eles: Edison Flores (Aalborg BK, Dinamarca), Paolo Hurtado (Vitória Guimaraes, Portugal), Sergio Peña (Granada, Espanha), Renato Tapia (Feyernoord, Holanda), André Carrillo (Watford, Inglaterra), e Jefferson Farfán (Lokomotiv, Rússia).

 

Dados do País

Capital: Lima.

Número de Habitantes: 33 208 710 – Censo 2017.

Participações em Copas: Quatro (1930, 1970, 1978, 1982).

Melhor Participação: 1970 – Quartas de Finais.

Time Base: Gallese; Advíncula, Christian Ramos, Alberto Rodríguez e Trauco; Tapia, Cueva e Édison Flores; Carrillo, Farfán e Yotún. Técnico: Ricardo Gareca.

Posição Última Copa: Não Participou.

Ranking FIFA: 11ª – 1 106 pontos.

Peru
Clique na imagem para acessar o site

Leia mais sobre a Copa do Mundo

 

 

 

Paulo Viana

Apaixonado por futebol e RI. Torcedor do Cruzeiro, do Independiente e do Braga.

Related post

Leave a Reply