Conheça o torcedor símbolo do Vélez Sarsfield no Brasil

Morador da cidade com os times mais vitoriosos do país, o brasileiro Júlio César é torcedor fanático do Vélez Sarsfield há quase 25 anos

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Entre corintianos, palmeirenses, são paulinos e santistas, há um fortínero em São Paulo, assim gosta de ser chamado o motorista particular, Julio César, de 47 anos, que vive em Embu das Artes, região metropolitana de São Paulo capital. Casado e pai de duas meninas, Júlio revelou como surgiu seu amor pelo Vélez Sarsfield e pela seleção Argentina em entrevista ao portal Esportes Mais.

Apaixonado por futebol, o Fortínero conta que sua primeira paixão foi pela seleção albiceleste: “Na Copa do Mundo de 1978, a Argentina foi campeã com um time que tinha Fillos, Ardilles, Kempes, Passarela, entre outros, me encantou a forma de jogar”. Júlio é um dos líderes do grupo Hinchada Argentina São Paulo, coordena encontros entre os torcedores brasileiros que torcem pela seleção Argentina. Em um vídeo do portal UOL, durante a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, Júlio aparece em uma entrevista e comenta sobre a posição dos brasileiros: “Respeito quem é brasileiro e torce pelos clubes daqui e para o Brasil, mas respeite meu lado também, sou brasileiro e torço para Argentina e essa é minha opinião”.

Ser um “hincha” brasileiro envolve muito preconceito

Em meia a toda rivalidade entre Brasil e Argentina, é difícil não existir esse preconceito, Júlio diz lidar muito bem com isso: “Quando começam a deixar de me respeitar por torce pela Argentina e ser Fortínero, eu me afasto dessas pessoas.” E conta que a internet foi uma grande aliada: “Hoje graças às redes sociais, encontrei varias pessoas com essa mesma doideira e pensamento que eu”. Júlio brinca e diz que preconceito é maior por gostar do cantor mexicano Luís Miguel: “Pior, pior mesmo na minha vida, é ser fã desde jovem até hoje do Luís Miguel. O preconceito foi muito maior. Ser fortínero e hincha da Argentina é muito tranquilo” brinca.

No final do ano de 1993, Júlio conta ter conhecido e começado sua historia com o Vélez: “Quando vi que os representantes da Argentina na Copa Libertadores da América seriam Boca Junios e Vélez Sarsfield, fui pesquisar sobre essa equipe e vi o uniforme. Me encantei quando vi o ‘V’ lindo na camisa é na hora eu disse: É esse” no torneio Sul-americano, a paixão foi aumentando, líder do grupo dois, considerado o grupo mais forte na época com Boca Juniors, Cruzeiro e Palmeiras, o Vélez avançou para as oitavas de final com três vitórias e dois empates. Enfrentou o Defensor Sporting-URU na oitavas, o Minerván-VEN nas quartas, Junior Barranquila-COL na semi e na final o São Paulo. O time paulista vinha de um bicampeonato da América em 92 e 93, chegou a final com melhor campanha, então decidiria em casa.

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Julio não nega oportunidades de ver o Vélez

A primeira vez de Júlio no estádio para ver el Fortín, foi logo em uma das finais mais importantes da historia do Vélez, mas não foi fácil chegar até lá: “Comprei o ingresso no dia do jogo, cheguei ao Morumbi e o segurança me informou o local exato onde ficaria os fortíneros. Esperei por eles, estava muita garoa.” e detalhou como foi a entrada da torcida Velezana ao estádio: “O que sofremos com a torcida do São Paulo foi uma grandeza, eles nos tacavam urina e mesmo assim a torcida não para de cantar nem um minuto. Nem no intervalo!”

O Vélez havia vencido a primeira partida em Buenos Aires por 1 a 0, gol de Omar ‘El Turco’ Asad. Em São Paulo, Müller marcou para o tricolor em cobrança de pênalti: “Apesar de sofrer o gol no começo da partida e da pressão do São Paulo durante o jogo. Quando terminou, a confiança nos pênaltis foi à certeza que iriamos ser campeões.” Com a vitória por um gol de diferença, a Copa Libertadores da América de 1994 seria decidida nos pênaltis. “Chilavert defendeu o pênalti de Palhinha, e o Vélez foi convertendo, Trotta, o próprio Chilavert, Zandoná e Almandoz, quando chegou o último e era o Pompei, deu um frio na barriga quando a bola bate no travessão quica no chão e sobe batendo na rede. Foi uma explosão de alegria. Que foi a felicidade das felicidades.”

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Julio tem uma coleção de artefatos do Vélez

Nesta noite, Júlio conseguiu sua primeira camisa (foto) do Vélez, e hoje acumula uma coleção de 30 peças, além de bandeiras, cachecóis e outros adereços. Palmeirense na infância, o Vélez tornou-se seu único time, mas faltava conhecer El Fortín de Vélez, o estádio José Amalfinati e o bairro de Liniers, a casa de La V. Em outubro de 2014, a realização do sonho: “Para mim foi um sábado fantástico, assim que vi a fachada o coração começou bater mais forte.” e conta como foi conhecer o interior do estádio e reencontrar velhos amigos: “Me levaram para conhecer a exposição de troféus, (Libertadores e Mundial) encontrei os amigos da rádio El Show de Vélez, e outros que estiveram comigo aqui no Brasil.”

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Pisando pela primeira vez no estádio José Amalfinati, Júlio não se conteve: “Assim que eu entrei, eu desabei. Chorei muito! Foi espetacular, não tenho palavras para descrever a emoção que foi esse sábado. E para completar, a noite teve show do Luís Miguel” além de conhecer o estádio, o fortínero sentiu a emoção de ver os ídolos de perto: “Fiquei próximo ao banco de reservas do Vélez e conheci Turu Flores (campeão mundial pelo Vélez e técnico do clube naquele ano), além de outros membros da comissão técnica”.

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Momentos que fazem ele reconhecer o Vélez como único

Antes da partida, Júlio conta que foi entrevistado por rádios locais do Vélez: “Lembro que me perguntaram se ganharíamos naquele dia. Respondi que para mim pouco me importava o resultado, minha felicidade de estar ali era tão grande que o resultado era de menos.” O Vélez venceu o Banfield naquela tarde por 1 a 0, gol de Lucas Pratto pela 13ª rodada da Primeira Divisíon Argentina. Além dessa viagem, Júlio também fez algumas para o Brasil, como na derrota para o Santos, nas quartas de final da Libertadores da América 2012, na Vila Belmiro; e no empate contra a Ponte Preta em campinas na Copa Sul-Americana 2013.

Em quase 25 anos de Vélez, Júlio elegeu o seu ídolo pessoal com a ‘v’ azulada: “Ricardo Gareca! Ele foi criado nas divisões de base de Vélez, sabe o que é ser fortínero, uma equipe média de bairro, e também por sua história e garra como jogador. Depois como treinador por seis anos, entre 2009 e 2014. Levantando títulos argentinos sempre com jogadores da base, como é tradição no Vélez.” e complementa: “Sonhamos com sua volta a El Fortín, mas depois da seleção peruana, com certeza chegará a Europa ou a Seleção Argentina.”

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O momento não é bom mas o amor não acaba

O Vélez vem de três péssimas temporadas, e agora briga diretamente contra o rebaixamento nos promedios. Júlio comentou sobre as suas expectativas com a mudança na presidência do clube, à contratação do novo técnico e jogadores: “Fugir do rebaixamento, essa é a expectativa nesta temporada. Espantar o fantasma da B” também comentou sobre a mudança na presidência do Vélez, esperando sucesso de Sérgio Rapisarda e creditando a fase ruim de Raúl Gámez à falta de dinheiro no clube que o deixou de “mãos atadas.” Júlio também elogiou o novo técnico do clube, o ex-lateral da seleção Argentina Gabriel Heinze, e falou sobre as contratações: “Trouxemos jogadores que poderíamos trazer, o bom é que não trouxemos medalhões, quem veio entende a realidade do Vélez” e completou “Salários razoáveis para jogadores razoáveis”.

Ainda falando sobre o futuro, Júlio projeta um Vélez melhor nas próximas temporadas: “Aproveitando a base, como Gareca aproveitava antigamente, podemos sim voltar aos dias de gloria. Não tão rápido, acredito que para 2019 ou 2020, podemos sonhar com Sul-americana, Libertadores e até título. Mas o objetivo agora é escapar do rebaixamento”.

Por fim, o Fortínero relembra um dos sonhos que tem em toda sua trajetória como torcedor do Vélez: “Quando estive no Amalfitani, descobri que embaixo da numerada, que seria as cabines de rádio, tem uma parede com azulejos e cada um deles tem o nome de uma família e uma pessoa que ajudou a construir o estádio.” e sonha: “Ainda vou colocar meu nome aqui.”

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Kauan de Paula

Curitibano, jornalista e designer em formação. Entusiasta de Barra Bravas e apaixonado pela cultura que cerca o futebol

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